5G como facilitador da transformação digital na indústria
O 5G permitirá o desenvolvimento da IoT – Internet das coisas e o uso da IA – inteligência artificial na indústria em larga escala. A infraestrutura de quinta geração abrirá um novo mundo de possibilidades, facilitando a transformação digital no modelo de negócios B2B.
Letice Kubert, diretora comercial de analytics & IoT da Thales na América Latina
O 5G não é uma extensão linear das quatro gerações anteriores (1G, 2G, 3G e 4G). Pelo contrário, o conjunto de tecnologias subjacentes deste padrão mais recente faz do 5G uma geração revolucionária, que transformará completamente a economia.
Existem três razões principais para isso acontecer. A primeira é o aumento significativo de capacidade, e não apenas em termos de desempenho teórico, conforme as demonstrações iniciais. O 5G nos levará de forma decisiva à era das velocidades ultrarrápidas, com capacidade de transmissão de dados potencialmente 10 vezes — ou até mesmo 100 vezes — mais rápidas que as das redes 4G.
Em segundo lugar, está a latência extremamente baixa. O atraso na transmissão de dados na rede 4G fica na ordem de dezenas de milissegundos, enquanto que na rede 5G ele pode ser inferior a um milissegundo, o que se aproxima de uma transmissão praticamente em tempo real. Por último, e não menos importante, é a sua extensa cobertura, que proporcionará uma conectividade onipresente e suporte de altas densidades de conexão, com até 1 milhão de dispositivos por quilômetro quadrado conectados simultaneamente.
O aumento da conectividade permitirá o desenvolvimento da IoT – Internet das coisas e o uso da IA – inteligência artificial na indústria em larga escala. A infraestrutura 5G abrirá um novo mundo de possibilidades e deverá se tornar a espinha dorsal das operações industriais, facilitando a transformação digital no modelo de negócios B2B.
Na indústria de transportes, por exemplo, o 5G, combinado com IA e IoT, abre o caminho para veículos conectados e autônomos — não apenas os carros autônomos, mas também trens, aviões e drones. Analisando as cidades inteligentes, teremos um número significativamente maior de formas de gerenciar a vida da comunidade em tempo quase real, aumentando a segurança e a mobilidade, além de disponibilizar plataformas capazes de medir a poluição, otimizar o consumo de energia, melhorar o gerenciamento de resíduos, etc. (a lista é praticamente infinita).
Podemos até pensar que estamos prestes a eliminar progressivamente as tecnologias industriais obsoletas baseadas em sistemas fechados, dedicados e, portanto, dispendiosos, e substituí-las pela IoT industrial. Em outras palavras, substituir tais tecnologias por máquinas conectadas, controladas e supervisionadas à distância e em tempo real, com uma comunicação de dados bidirecional que não depende mais de redes com fio. Estando o 5G prestes a se tornar o sistema nervoso central da indústria do futuro.
Essa transformação radical trará benefícios imediatos em termos de flexibilidade, facilitando a adaptação dos ciclos de produção às demandas em mutação, passando para séries de produção mais curtas e oferecendo mais personalização e customização: de produtividade, com o estabelecimento mais rápido da produção e melhor controle de qualidade; e de manutenção preditiva, com a coleta constante de dados para antecipar problemas nas linhas de produção e impedir sua ocorrência.
No entanto, por mais satisfatório que o futuro com o 5G possa parecer, devemos nos lembrar que todas essas novas oportunidades são acompanhadas por uma nova série de riscos, sendo o maior deles a vulnerabilidade dos sistemas interconectados.
Agentes mal-intencionados podem, por exemplo, explorar a integração em larga escala de dispositivos, alguns deles apresentando segurança inadequada ou tirando proveito da crescente virtualização de rede. O segundo maior risco é que empresas de todos os portes podem perder essas novas possibilidades, deixando de aproveitar todas as oportunidades que o 5G tem a oferecer, que, sem dúvida nenhuma, são difíceis de imaginar nesta fase, e perdendo para os concorrentes que conseguiram se adaptar mais rapidamente.
A transformação digital nas empresas, ou seja, o uso da IA, a ampliação dos seus dados e a adoção da IoT, dependerá da capacidade de mudança para as tecnologias 5G. Mas elas precisarão de ajuda. As empresas precisarão adaptar as suas propostas e soluções de valor para oferecer novos serviços, levando em consideração as noções de segurança e resiliência, particularmente em setores como defesa, saúde e transporte, onde vidas humanas estão em jogo.
Em consequência disso, se as empresas quiserem aproveitar ao máximo a revolução que virá, elas precisarão contar com parceiros de confiança que entendam as tecnologias e as restrições associadas a ambientes críticos. Isso é essencial para a sua capacidade de garantir a segurança cibernética em instalações críticas e é um pré-requisito crucial para o desenvolvimento e a implantação do 5G em qualquer setor ou ecossistema.