5G e o consumo de energia nos data centers
É essencial que o projeto de um data center seja muito bem efetuado, contemplando equipamentos eficientes que possam otimizar o consumo de energia elétrica. É mais importante priorizar o consumo de energia na operação dos equipamentos do que no resfriamento dos ambientes em que eles estão situados.
Victor Sellmer, diretor de marketing e vendas da ODATA
A quinta geração da conexão de rede móvel e banda larga já está se tornando realidade no Brasil. Realizado pela Anatel no final de 2021, o leilão da tecnologia definiu as companhias responsáveis pela implementação, em nível comercial, do 5G. Esse foi um importante passo para o desenvolvimento tecnológico de inúmeras empresas que atuam no país.
De diversas formas, os data centers se tornam parte da infraestrutura necessária para habilitar essa conectividade, uma vez que IoT – Internet das coisas, inteligência artificial, big data e aplicações baseadas em realidade virtual são alguns dos diversos recursos que se aperfeiçoarão com a disponibilização do 5G, e todos eles dependem diretamente de um centro de processamento e armazenamento de dados.
O mundo é movido por dados
Um dos grandes ganhos proporcionados pela implementação do 5G é a baixa latência da troca de dados entre servidores, antenas e equipamentos, favorecendo a performance dos serviços oferecidos. O tempo entre o upload e o download de um dado deverá ser de, no máximo, 20 milissegundos, reduzindo para 1 milissegundo à medida que a tecnologia recebe melhorias. Trata-se de um excelente resultado em comparação à média de 30 a 70 segundos de latência do 4G, dependendo da região. Além disso, a nova geração também apresenta um enorme aumento de velocidade e resiliência, que desencadeia uma gama infinitamente maior de possibilidades para o uso da conectividade.
Não há como negar que, com o avanço da tecnologia da Internet e dos meios de comunicação, as pessoas têm utilizado cada vez mais os serviços online pelas ruas. De acordo com insights de estudos realizados e divulgados pela Ericsson, houve um aumento de quase 300 vezes no tráfego de dados móveis pelo mundo na última década – e, com a oferta do 5G, esses números tendem a evoluir consideravelmente ao longo dos próximos anos.
Ainda assim, tudo o que é feito online requer trocas de dados, isto é, desde uma simples navegação pelas redes sociais até a realização de comandos remotos de uma indústria automatizada. Nesse sentido, a maior parte desses dados acaba sendo armazenada na “nuvem”, ocasionando um impulsionamento no crescimento dos serviços de data centers.
Considerando que a ativação do 5G estimulará um crescimento exponencial dessa quantidade de dados em circulação, será fundamental contar com uma infraestrutura “parruda” para potencializá-la de maneira estável, rápida e segura.
Requisitos do 5G e o consumo de energia
Para viabilizar a chegada do 5G, os data centers precisam estar bem-preparados. Se por um lado as antigas gerações de conexão de rede móvel elevaram a taxa de transmissão, agora haverá, inclusive, um acréscimo efetivo nas especificações de serviços de conectividade que possibilitam o suporte a múltiplas aplicações.
À vista disso, a alta disponibilidade de energia e refrigeração é um dos fatores considerados no momento de planejar a estruturação (ou reestruturação) de um data center. Conforme os pioneiros na adoção do 5G forem impulsionando a amplitude e a escala do serviço, o foco dos data centers deverá ser alterado para as estratégias de otimização e redução do aumento excessivo do consumo de energia acarretado pela nova tecnologia, e, para isso, a busca por alternativas de refrigeração se torna crucial.
É essencial que o projeto de um data center seja muito bem efetuado, contemplando equipamentos eficientes que possam otimizar o consumo de energia elétrica, afinal, é mais importante priorizar o consumo de energia na operação dos equipamentos do que no resfriamento dos ambientes em que eles estão situados.
Sobretudo em termos de crise hídrica, a eficiência energética é um dos principais pontos para a otimização de um data center que pretende se expandir com o 5G, e a adoção de outras tecnologias redundantes pode ser interessante para frear esse consumo de energia.
• Sistemas free cooling: por meio da integração do sistema de refrigeração de ar em circuito fechado com o free cooling, é possível reduzir o desperdício e consumo de energia dos data centers, principalmente em dias mais frios. Essa técnica aproveita a baixa temperatura externa para o resfriamento da água, contendo o consumo elétrico com o desligamento de compressores do chiller e, principalmente, o resfriamento pelo ar ambiente.
• Arrefecimento mais eficiente: em circuito fechado, o resfriamento por água permite uma maior eficiência na operação dos hardwares, além de abater os custos de manutenção e o impacto ambiental. Isso se dá pela economia de energia em 30%, quando, em conjunto com o free cooling, a água flui dentro de boninas que reduzem o calor emitido dentro das salas de data center. Dentro do chiller, a temperatura da água é alterada em circuito fechado com o uso de ar externo e da tecnologia de free cooling, com a alta eficiência energética sem perda de água.
• Sistema de circuito fechado: ao propiciar um consumo de água praticamente nulo, esse modelo evita o desperdício do recurso. Nele, a água é extraída uma única vez e circula em circuito fechado, dispensando a necessidade de reposição. A vantagem deste sistema é não utilizar processos de evaporação, o que economiza na utilização de água no sistema de arrefecimento do data center, mirando também um WUE – Water Usage Effectiveness baixo. Neste caso, quanto menos água for consumida pelo data center por kWh, melhor para a agenda ESG.
No Brasil, o mercado livre de energia está em ascensão e os benefícios são amplos. Fontes de energia solar e eólica estão entre os recursos mais procurados deste mercado, nos últimos anos – afinal, com elas, torna-se altamente viável moderar os custos com energia, além de significar a compra do insumo de uma fonte limpa que diminui ainda mais a emissão de carbono na atmosfera.
Contudo, as medidas de contenção dos gastos com energia não param por aí. Com fácil instalação, a utilização de lâmpadas LED, sensores de presença e temporizadores para automatização de iluminação ambiente são indispensáveis para qualquer estabelecimento comercial e industrial.
Em um país de grande produção de energia renovável como o Brasil, o emprego de recursos eólicos e solares deve ser sempre considerado nos negócios. Dessa mesma maneira, tornar data centers verdes e que gere menos impacto ao meio ambiente é uma estratégia assertiva que, além de favorecer o meio em que vivemos, possibilita uma operação mais eficiente e otimizada, em especial em um cenário de acolhimento a uma tecnologia revolucionária como o 5G.