5G é tema de audiência pública na Câmara
Redação, Infra News Telecom
Durante a audiência pública para debater a atual questão geopolítica envolvendo as redes 5G no mundo e os seus impactos no Brasil, realizada ontem (27), em Brasília, a Anatel defendeu que a implantação da tecnologia transformará significativamente vários setores produtivos do país. A posição da agência foi informada à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados pela superintendente executiva, Karla Crosara Rezende.
Karla ainda trouxe à tona a questão de segurança dos equipamentos de telecomunicações. “Os procedimentos de certificação de equipamentos de telecomunicações exigidos pela Anatel aos fabricantes consideram as melhores práticas internacionais em relação à segurança”, disse a executiva, acrescentando que a Anatel adota o princípio da neutralidade tecnológica em seus editais. “Isso dá possibilidade a todos os fabricantes de equipamentos fornecerem infraestrutura para atender as operadoras que adquirirem as faixas de radiofrequência para o fornecimento de serviços 5G”.
Licitação de 5G
Empresas que participaram da audiência pública manifestaram preocupação com um possível atraso na entrada do 5G no país. Para Tiago Machado, diretor de relações governamentais da Ericsson, o Brasil não pode entrar atrasado no mercado de 5G. “A tecnologia irá atrair investimentos do setor de telecomunicações e outras áreas da economia também serão beneficiadas”.
Machado, anunciou na audiência pública, que a Ericsson vai investir R$ 1 bilhão no país até 2020. “Temos confiança no mercado. O 5G é a infraestrutura mais importante da próxima década”, completou
Já, Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para a América Latina, enfatizou a importância de uma definição de como será o processo de licitação. “É preciso uma visibilidade de quando o 5G vai ser licitado”, analisou.
Karla disse que a Anatel sabe da urgência da licitação, mas que “é fundamental ter uma decisão robusta e com total segurança”. O diretor sênior de governo e relações públicas da Huawei, Atilio Rulli, afirmou que o 5G possui mecanismos de segurança melhores do que os da atual tecnologia móvel (4G).
A coordenadora executiva do Intervozes, Marina Pita, indicou a produção local de equipamentos de telecomunicações e o desenvolvimento tecnológico nacional como forma de garantir a segurança nas redes de telecomunicações. Ela também defendeu garantias de coberturas a serem inseridas no futuro edital do 5G. “A proposta das áreas técnicas da Anatel para a consulta pública do edital do 5G, agora em análise no Conselho Diretor da Agência, prevê ampliação da infraestrutura de transporte de dados e o atendimento de municípios ainda sem 4G”, informou a superintendente executiva da Anatel.
Interferência na parabólica
Sobre a possível interferência do sinal de 5G na recepção da TV aberta por parabólicas, Karla disse que até o momento não há uma política pública estabelecida pelo Poder Executivo “clara no sentido de como preservar, como conviver e estabelecer mecanismos de convivência entre TVRO (recepção da TV aberta por parabólicas) e o 5G”.
O representante da Associação Brasileira de Rádio e Televisão, Wender Souza, defendeu a retirada dos radiodifusores da Banda C, utilizada para transmissão da TV Aberta às parabólicas residenciais, e o uso da Banda Ku. Além da distribuição gratuita de equipamentos receptores para a população de baixa renda. No entanto, Machado, da Ericsson, entende ser possível a convivência de grande parte dos receptores de radiodifusão em Banda C na entrada do 5G no país por se concentrarem em localidades periféricas ou rurais, onde não deve ocorrer, inicialmente, a instalação de equipamentos de transmissão de quinta geração.