5G e Wi-Fi 6 permitem serviços de conectividade sem fio avançada
Com Wi-Fi 6 e o 5G, o mundo dos games, realidade virtual, IoT – Internet das coisas, videoconferência e a tecnologia 4k, entre outras aplicações, funcionarão de modo mais efetivo.
Douglas Alvarez, diretor comercial do Grupo Binário
Tecnologias avançadas sem fio estão rapidamente ganhando espaço em importância estratégica e estamos acompanhando sua evolução com a introdução de tecnologias habilitadoras como o 5G e o Wi-Fi 6, que são vistas como as mais críticas tecnologias de redes de dados sem fio para os negócios de hoje. Com Wi-Fi 6 e o 5G, o mundo dos games, realidade virtual, IoT – Internet das coisas, videoconferência e a tecnologia 4k funcionarão de modo mais efetivo.
O programa de certificação do Wi-Fi 6 foi oficializado em setembro de 2019 pela Wi-Fi Alliance (organização global sem fins lucrativos detentora da marca comercial Wi-Fi e que promove e certifica produtos que estiverem em conformidade com padrões determinados de interoperabilidade) e, segundo dados divulgados por essa entidade, os dispositivos compatíveis com a versão 6 devem responder por quase 80% de todas as vendas de equipamentos para conexão a redes sem fio já em 2022.
A versão anterior, chamada de Wi-Fi 5, suportava o padrão 802.11ac e com a mudança para Wi-Fi 6, suportará o padrão 802.11ax. Trata-se de um dos avanços mais significativos para o acesso sem fio à Internet nos últimos anos, já que cada vez mais será necessário um aumento de performance nessas redes.
Wi-Fi 6 deve suportar trabalho remoto no pós-pandemia
As novas funcionalidades e vantagens da versão 6 do Wi-Fi, como conexão quatro vezes mais rápida e estável, maior capacidade e melhor desempenho de conectividade, menor consumo de energia, segurança mais robusta com recursos específicos de criptografia, foram características decisivas que contribuíram para torná-lo uma opção de adoção no cenário de pandemia, quando houve um crescimento exponencial da demanda por conectividade devido ao número crescente de trabalhadores remotos e dispositivos interligados.
No ambiente corporativo e com a volta gradual ao trabalho presencial híbrido durante e pós-pandemia, as organizações terão que se preparar otimizando suas redes corporativas para atender a necessidade de conexão estável de diversos devices com capacidade aumentada de processamento e transferência de dados. Novamente, o Wi-Fi 6 prova ser uma tecnologia viável para atingir esse objetivo, mas para isso as empresas terão que vencer desafios que surgem logo no início para sua implementação.
As infraestruturas de redes sem fio terão que ser repensadas e atualizadas para pontos de acesso (APs) que suportem o novo padrão e contemplem a evolução do Wi-Fi migrando as infraestruturas do modelo tradicional para o baseado em nuvem. Além dos quesitos técnicos mencionados, isso envolve também aquisição de novas soluções gerando um custo adicional para a empresa.
A Deloitte realizou uma pesquisa global no início de 2020 sobre o futuro das organizações com o 5G e o Wi-Fi 6. Dos 415 líderes empresariais pesquisados, 86% acreditam que a tecnologia wireless transformará a forma de fazer negócios em três anos e será também uma oportunidade de oferecer novos produtos e serviçosO estudo ainda revelou que 5G e o Wi-Fi 6 estão sendo adotados em paralelo por empresas que buscam adição de tecnologias sem fio avançadas em seus sistemas, sendo que 62% já utilizam ou planejam usar as duas tecnologias no próximo ano e 93% nos próximos três anos.
Como o 5G e o Wi-Fi 6 se complementam e diferem
A tecnologia 5G, cuja implantação está prevista para julho deste ano no Brasil, apresenta características semelhantes ao Wi-Fi 6, que são principalmente a alta velocidade e baixa latência e, portanto, são tecnologias que se complementam e que deverão coexistir.
Existem, entretanto, diferenças como espectro de frequências, mobilidade, latência, capacidade, confiabilidade e segurança, e como elas afetam os casos de uso que poderão ter o suporte de cada uma das tecnologias e em quais ambientes cada uma poderá entregar os serviços que são exigidos. Como exemplos, destaco que o Wi-Fi 6 é indicado para ambientes corporativos de pequeno e médio portes, enquanto o 5G é mais adequado para suportar ambientes corporativos e de serviços de grande porte, onde é maior a densidade de dispositivos em funcionamento.
Os usuários e as empresas perceberão de forma prática os seus benefícios à medida em que seus dispositivos tiverem a capacidade de se conectar utilizando essas tecnologias. Ou seja, o que já era bom com a tecnologia anterior ficará ainda melhor com o Wi-Fi 6 e o 5G.
Oportunidades de negócios com a adoção do 5G e Wi-Fi 6
O estresse sanitário que pegou o mundo de surpresa acelerou a disrupção de muitas tecnologias consolidadas, como o Wi-Fi 5, mas por outro lado abriu uma janela de oportunidades para que os principais players que atuam no ecossistema do novo Wi-Fi 6, como os integradores de TI, que possuem expertise comprovada, vislumbrassem com interesse e confiança essa abertura para novos negócios.
O mercado já apresenta sinais da volta às atividades presenciais em todo o mundo e principalmente de alguns segmentos, como eventos de negócios, esportivos e de entretenimento. Esse movimento revela uma tendência que poderá impulsionar fortemente a adoção do 5G e Wi-Fi 6 para a preparação de ambientes, como os estádios gigantescos, centros de convenções e arenas para um futuro próximo.
A implantação iminente do 5G no país, que propõe um salto de desempenho e conectividade, vai impactar nos projetos de telecom em andamento gerando demandas por parte das operadoras e ISPs – provedor de serviços de Internet por soluções de conectividade, segurança e visibilidade de redes, itens que serão largamente exigidos para a adoção do 5G. Esse cenário deve abrir grandes oportunidades de negócios para integradores e prestadores de serviços de TI, que atuam com expertise nesses segmentos.
O segmento de Internet das coisas terá seu crescimento impactado diretamente pela chegada do 5G e Wi-Fi 6, uma vez que as tecnologias suportam a infraestrutura de telecomunicações robusta exigida para conectar o número de dispositivos, que na previsão do Instituto Gartner chegará a 25 bilhões em 2021, estatística que, de acordo com o Juniper Research, deverá dobrar até 2022, quando mais de 50 bilhões de dispositivos estarão conectados à IoT.
Destaco ainda que o Wi-Fi 6 será ofertado com uma camada de serviços agregados em sua estrutura, com inteligência e estatísticas, que ainda estão em estudo, mas que poderão ser adotados por volta de meados de 2022 ou tão logo haja um consenso que as atividades estão voltando ao normal de forma segura. Hoje quando falamos em serviços, não podemos perder de vista o conceito “Experiência do Usuário – UX”.
A oferta de redes que se utilizam de IA – inteligência artificial, aprendizagem de máquina e técnicas de ciência de dados voltadas para a otimização da experiência desses usuários, não somente entrega conectividade “Wi-Fi”, mas uma ferramenta poderosa de marketing e aplicações que visam sempre agregar valor e gerar negócios.
Todo potencial de crescimento de um setor traz na bagagem novos negócios. Isso se aplica ao WaaS – Wi-Fi as a Service, inclusive na modalidade de serviços baseados na nuvem, como confirmou uma pesquisa da empresa de inteligência de mercado Marketsand Markets, que revelou que o Wi-Fi as a Service apresenta uma projeção de crescimento de US$ 3,4 bilhões em 2020 para US$ 8,4 bilhões em 2025 a uma CAGR – taxa de crescimento anual composta de 19,8% no período de 2020 a 2025 em todo o mundo.
As verticais de mercado com potencial de adoção do WFAAS são: educação; varejo; viagem e hospitalidade; saúde; manufatura; bancos; serviços financeiros e seguros; provedores de serviço; transporte e logística; governo e setor público; e outros (mídia e entretenimento, organizações sem fins lucrativos e imóveis). O Brasil apresentou o maior potencial de crescimento para esse modelo de negócios na América Latina.
O desembarque no país de fornecedores de equipamentos de Wi-Fi 6 de alto desempenho e o início de projetos pilotos de 5G em capitais brasileiras já são um sinal positivo da formação de um ecossistema complexo de empresas que enxergam a adoção de tecnologias de conectividade avançada como uma iniciativa estratégica que deve se tornar padrão de mercado rapidamente para ganho do mundo corporativo e toda a sociedade.