5G no Brasil: O que podemos esperar dessa tecnologia?
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Aposto que você já ouviu falar muito sobre a chegada do 5G no Brasil. No entanto, ainda é um tanto nebuloso sobre quais serão as mudanças efetivas que a tecnologia vai trazer para o dia a dia de seus usuários. O termo em si significa a quinta geração da telecomunicação móvel, ou seja, uma rede com maior cobertura, velocidade e potência a fim de comportar as necessidades atuais de volume e agilidade na transmissão de dados.
Com a estimativa de entregar velocidade até 10 Gbps, é interessante comparar com as tecnologias a que estamos habituados. O 4G, mais atual, tem uma velocidade média de 45 Mbps enquanto o 3G tem apenas 8,8 Mbps. Com o 5G, será possível baixar um filme em alta definição em aproximadamente cinco segundos.
Apesar de ser mais rápida e ter maior capacidade, suas ondas de transmissão são menores. Isso significa que o alcance é mais curto e pode ser bloqueado por objetos físicos com maior facilidade. Por isso, novas antenas menores e com alcance de poucos metros servirão como repetidores de sinais dos dispositivos, redirecionando-os para uma estação central. Elas serão acopladas às antigas que serão adaptadas para funcionar paralelamente com a nova infraestrutura de conexões.
O 5G já chegou no Brasil?
A tecnologia já está sendo implantada em alguns países da Europa, Ásia e América do Norte. Nos EUA, a Verizon oferece o serviço de forma experimental em Chicago e Minneapolis. Já na Coreia do Sul, as três maiores operadoras de telecomunicações passaram a disponibilizar o 5G para seus consumidores. Na Finlândia, ela foi implantada para suprir a necessidade de Internet de alta velocidade nos domicílios que ainda não contavam com fibra ótica ou banda larga.
Na China, o 5G já está quase no passado. O Purple Mountain Lab, instituto de pesquisa em Nanjing, estabeleceu um recorde mundial para taxas de transmissão de dados em tempo real dando origem ao 6G. Ele é entre 10 a 20 vezes mais rápido que o 5G e será comercializado amplamente no país até 2030.
Aqui a situação é outra. Por conta da pandemia do novo Coronavírus, o leilão das redes 5G previsto para o segundo semestre de 2020 pela Anatel precisou ser adiado. Sendo assim, o 5G ainda não é distribuído comercialmente por questões legislativas, políticas e comerciais.
Para a agência, era imprescindível que 95% de áreas urbanas com menos de 30 mil habitantes fossem beneficiados com a cobertura e que houvesse o abastecimento de rede 4G ou maior velocidade para os locais que não forem contemplados pela rede.
A expectativa é que as capitais dos estados e principais centros do país sejam os primeiros a receber a tecnologia em operação em 31 julho de 2022. A cobertura total do país deve acontecer até meados de 2029, após a construção de toda a infraestrutura compatível com a quinta geração da Internet móvel.
Como ela vai impactar o dia a dia?
A implantação do 5G vai impactar primeiramente no mercado de tecnologia, obviamente. Isso pode dar uma vantagem na comercialização de soluções e itens para aquelas empresas que ainda não tenham sido afetadas pela chegada da tecnologia.
Setores como agronegócios, indústria e saúde serão bastante beneficiados por essa novidade. Por meio do 5G poderão ter mais controle de sua produtividade, armazenar mais dados, monitorar melhor os usuários, adotar IoT em rotinas internas e até mesmo a simples possibilidade de ter uma conexão com maior qualidade.
Na vida pessoal, abrem ainda mais possibilidades de deixar nas mãos da tecnologia tarefas que podem ser automatizadas, como dirigir carros. No futuro, será possível programar um trajeto e, por meio de sensores e conexão de qualidade à rede, chegar ao seu destino sem a necessidade de intervenção direta no volante.
O futuro está entrando sem bater tanto no cotidiano da sociedade quanto no mundo dos negócios. É preciso avaliar se seus equipamentos estão preparados para as mudanças e se adaptar. Caso contrário, é possível que fique para trás. Afinal, a revolução do 5G já começou.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.