5G trilha o caminho para o futuro da fibra óptica
Só com uma infraestrutura de fibra óptica de alta qualidade será possível diminuir a latência aos níveis ideais exigidos pelo 5G. Portanto, a demanda de investimento direto nas redes ópticas será muito grande.
Hermano Albuquerque, diretor geral LATAM para o Grupo Halo/Skylane
Com alta capacidade de transmissão de dados, o 5G promete uma guinada tecnológica nos próximos anos, permitindo a expansão de dispositivos e soluções que exigem mais conectividade. Mas para que o 5G ofereça a qualidade que proporcione tal avanço é necessário investir em uma rede de fibra óptica com backbones e backhauls prontos para transmitir os dados de maneira otimizada e com alta performance.
Até porque a mágica do 5G, que possibilita a conectividade machine to machine, exige uma baixa latência e para isso precisamos de data centers e nano data centers mais próximos das torres de transmissão. Só com uma rede de fibra óptica de alta qualidade é possível diminuir a latência aos níveis ideais. Portanto, a demanda de investimento direto nas redes de fibra óptica, que são o alicerce da infraestrutura para o 5G, será muito grande, começando pela melhoria nas redes já existentes, visto que muitas ainda não estão adequadas.
Os investimentos de contrapartida feitos no leilão do 5G foram de mais de R$ 48 bilhões, dos quais estima-se que R$ 40 bilhões serão investidos em infraestrutura de rede nos próximos anos para uma melhoria de conectividade como um todo no país. Segundo o Gartner, a previsão de receita global referente ao investimento em infraestrutura de rede para o 5G é de R$ 130 bilhões em 2022.
Além da infraestrutura de fibra óptica, a quinta geração exigirá um número muito maior de torres de transmissão, quando comparado ao 4G, por isso a priorização de implantação será por municípios que já estejam com a lei das antenas adequada. Essa necessidade por infraestrutura é explicada pela frequência que iremos utilizar no 5G.
Frequência x infraestrutura
À medida que a tecnologia foi evoluindo e exigindo mais capacidade de banda, a frequência utilizada na conectividade e troca de dados foi aumentando. No início das conexões móveis, quando ainda usávamos o CDMA, as frequências eram bem mais baixas, variando de 900 MHz a 1.5 GHz. Já no 5G temos o 3.5 GHz como principal faixa de frequência e demais faixas que variam de 700 MHz até 26 GHz.
As faixas mais elevadas têm uma eficiência espectral muito maior, dessa forma conseguimos transmitir mais dados em um espaço de banda de frequência menor, por isso a capacidade do 5G é tão superior ao GPRS, 3G, 4G e demais gerações. Apesar de conseguirmos transmitir mais dados com a eficiência espectral maior, a capacidade de cobertura em frequências mais altas acaba sendo menor, exigindo mais infraestrutura de rede.
Um exemplo simples são as rádios AM e FM; por estarem em uma frequência mais baixa, uma única torre consegue alcançar a cidade inteira. Quando a frequência é muito baixa é necessária uma potência maior para atingir uma grande região de cobertura. Quando aumentamos a frequência, utilizamos menor potência, atingindo uma menor cobertura com grande capacidade de transmissão de dados.
Por conta da necessidade de uma transmissão mais curta surge a demanda por microcélulas com mais capacidade, principalmente em grandes cidades que possuem muitos prédios. No 5G temos um número maior de microcélulas conectadas entre elas por meio de fibra óptica.
Novas oportunidades
A necessidade de infraestrutura para implementação e funcionamento do 5G traz oportunidades para fornecedores e para os provedores de Internet que estiverem com suas redes prontas para receber a tecnologia.
Segundo a pesquisa TIC Provedores divulgada no ano passado com dados de 2020, 90% dos cerca de 13 mil provedores de Internet no Brasil fornecem Internet banda larga por fibra óptica, portanto há uma grande possibilidade de parceria entre esses provedores e as operadoras para utilizar as infraestruturas já existentes e que estejam adequadas para a implementação da quinta geração.
Futuro da conectividade
A evolução tecnológica acompanha a demanda por conectividade. Quanto mais capacidade disponível, mais possibilidade de implementar novas soluções tecnológicas existentes e a expectativa é que o 5G fomente essa evolução. Muitas tecnologias devem ser expandidas com o aumento da capacidade de banda móvel, coisas simples como um tag em objetos, que permite que os encontremos por meio de aplicativos. Não sabe onde está aquela chave? É só buscar pelo celular.
A Internet das coisas e a análise de dados vão ser uma realidade mais fácil com o 5G. A casa inteligente, apesar de existente, ainda é pouca difundida. Mas à medida que a tecnologia vai evoluindo, os equipamentos inteligentes vão ficando mais acessíveis e sendo mais difundidos. Esses dispositivos completamente conectados facilitam a vida dos usuários e fornecem dados de uso e consumo pertinentes aos seus fabricantes.
Alguns fabricantes de carros já possuem sistemas que geram relatórios sobre como o usuário utiliza o veículo, se há muita mudança de marcha, se há muita aceleração excessiva, etc. Esses dados são importantes para melhorar a fabricação dos produtos e otimizar a eficiência no uso dos veículos. Mas não só isso, quando você sofre um acidente de carro e aciona o airbag, o fabricante do carro entra em contato com você para saber se você está bem e caso você não responda, o socorro é automaticamente acionado. Todas essas opções são possíveis apenas se houver conectividade altamente eficiente.
No Brasil, o primeiro benefício que o 5G vai trazer será o rastreamento de cargas, principalmente as cargas com produtos que precisam de algum controle como os medicamentos, alimentos perecíveis etc. Até o monitoramento de carga terá uma melhoria com a possibilidade de fornecer atualizações em tempo real de cada produto em trânsito. Com uma conectividade móvel melhor, será possível rastrear a carga em tempo real, para saber em que horário ela deve chegar na casa do cliente.
A tendência é que com a conectividade, a tecnologia, o IoT conectado ao 5G se torne mais uma extensão do braço. A difusão de dados (analytics) será pulverizada, deixando de depender apenas de algumas poucas empresas. Mas a grande expectativa é pela facilidade e possíveis soluções que um mundo cada vez mais conectado poderá trazer como as cidades digitais que, por meio da tecnologia, proporcionam uma melhoria coletiva na vida das pessoas.