A agilidade da decisão depende da infraestrutura
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
Quando se trata de dados e análises, tempo é dinheiro. De acordo com uma pesquisa da IDC, 75% dos decisores empresariais acreditam que os dados perdem valor em poucos dias. Isso coloca os líderes em uma corrida contra o tempo para encontrar insights valiosos e acionáveis antes que suas informações se tornem obsoletas.
Questões como a qualidade dos dados e a eficácia dos algoritmos aumentam a complexidade do problema, mas um fator que ainda é pouco explorado é o armazenamento. A verdade é que, longe de ser simplesmente “um lugar para despejar os dados”, a infraestrutura moderna de armazenamento é um elemento crítico para o sucesso das análises em tempo real.
Confira abaixo alguns dos desafios que as empresas enfrentam neste campo e as implicações que isso traz para dois dos tópicos mais quentes em tecnologia: IA – inteligência artificial e análises em tempo real.
A importância da infraestrutura em tempo real
Hoje, as empresas armazenam dados por motivos muito diferentes dos que faziam há algumas décadas.
No início da revolução digital, as informações eram geralmente mantidas por razões de conformidade ou governança ou simplesmente para acompanhar o desempenho do passado. Há poucos anos que os líderes começaram a questionar o que poderiam extrair dos dados históricos, analisando o que poderia ser aproveitado do passado para realmente apoiar o planejamento tentando prever os desdobramentos futuros.
Isto levou a enormes avanços na capacidade de aproveitar dados para a tomada de decisões empresariais e evoluiu simultaneamente com a explosão do volume de dados gerados pelas empresas, bem como as tecnologias disponíveis para capturar e analisar esses dados.
Muitas vezes, porém, a questão de como e onde armazenar informações tem sido tratada como algo secundário. Acho que as pessoas muitas vezes ficam surpresas quando descobrem que uma enorme quantidade de dados do mundo está armazenada em discos mecânicos que rangem ou até mesmo em armazenamentos em fita ainda mais ultrapassados. Os dados armazenados desta forma são muitas vezes de difícil acesso, tanto em termos de custos financeiros como, principalmente, de consumo de energia.
No âmbito da descoberta de medicamentos, por exemplo, o tempo para obter insights é crítico, não apenas por razões comerciais, mas porque pode fazer a diferença para a saúde humana e para a reação contra pandemias. Uma infraestrutura de alto desempenho é capaz de aumentar em até 300 vezes alguns processos analíticos para acelerar a identificação de “superbactérias”, por exemplo, e avaliar potenciais curas.
Felizmente, muitos decisores estão amadurecendo rapidamente e percebendo que precisam de soluções otimizadas por IA para melhorar suas operações e reduzir o consumo de energia em sua própria infraestrutura de armazenamento de dados.
O desafio da qualidade dos dados
A qualidade dos dados é o maior problema enfrentado por empresas que estão tentando fazer a transição para se tornarem orientadas por dados. Quando chega a hora de obter insights, esse costuma ser um dos principais desafios.
Isso porque dentro do nosso tão evoluído cenário atual, a pergunta mais importante ao avaliar a qualidade de uma informação é “isso realmente aconteceu?”.
Se os dados não corresponderem à realidade, a eficácia dos modelos fica comprometida. O desenvolvimento de formas de avaliar e mitigar lacunas na qualidade dos dados deve estar no topo da lista de prioridades para as empresas que estão nesse processo de transformação.
Há muitas maneiras pelas quais a infraestrutura de armazenamento afeta a qualidade dos dados. Existe acessibilidade, o que significa que os dados podem ser validados e corrigidos mais facilmente. Também tem impacto na governança, onde ferramentas integradas baseadas em IA podem garantir que as informações sejam armazenadas corretamente de acordo com a legislação e que todas as verificações e medidas de segurança obrigatórias estão em vigor.
Outros problemas surgem quando a infraestrutura de armazenamento de dados não é escalonável, gerando silos e barreiras entre o acesso a diferentes conjuntos de dados dentro das empresas.
Simplificar é um divisor de águas
Quando se trata de garantir que a infraestrutura de armazenamento esteja à altura da tarefa de executar as iniciativas atuais de análise de alta potência orientadas por IA, é fundamental abraçar a simplicidade e eliminar a complexidade.
Seja em discussões sobre o consumo de energia ou custos com talentos, o fato é que dentro do cenário moderno sempre será necessário mais energia e mais pessoas para entregar projetos. Nesse caso, a infraestrutura, principalmente o armazenamento, é uma enorme oportunidade para reduzir a sobrecarga humana e otimizar a eficiência energética dos sistemas de storage tradicionais e legados.
Quando se trata de gerenciamento de dados (e o armazenamento não é exceção), simplificar é o melhor caminho. A capacidade de se beneficiar de insights em tempo real baseados em dados está sendo rapidamente democratizada graças ao surgimento de plataformas de IA, grandes modelos de linguagem (LLM) e IA generativa. E, para se beneficiarem plenamente disto, as empresas precisam de garantir que a acessibilidade dos dados também seja democratizada.
No geral, a adoção de uma estratégia que simplifique a infraestrutura de armazenamento de dados pode ser um método eficaz para reduzir atrasos e gargalos que podem reduzir o tempo para obtenção de insights em tempo real.
O futuro da IA nas empresas
O futuro da IA está na qualidade dos dados e na capacidade de lidar com eles. Isso significa que o futuro da IA nas empresas depende basicamente de escolhas estratégicas e assertivas em relação à infraestrutura.
O armazenamento em flash agora é a norma em todos os lugares, é o que é usado em nossos telefones, computadores, eletrodomésticos e até carros. O único ambiente onde ainda existem discos giratórios é em data center, mas provavelmente será por pouco tempo. Isso porque, além de todos os benefícios tradicionais da tecnologia flash para obtenção de insights em tempo real e para a saúde dos negócios, essa também é a alternativa mais viável para a saúde do planeta.
Tomar as decisões corretas em relação ao armazenamento é essencial para a entrega rápida de insights e para auxiliar nas decisões estratégicas de negócios.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.