A IA está modernizando a gestão pública
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Nos últimos anos uma revolução silenciosa, mas profundamente impactante, tem se desenrolado na gestão pública: a crescente adoção de tecnologias de IA – Inteligência artificial para otimizar processos, aumentar a eficiência e aprimorar os serviços oferecidos aos cidadãos.
Essa transformação traz consigo uma série de benefícios palpáveis, destacando-se a capacidade de processar grandes volumes de dados de maneira rápida e precisa. Uma análise detalhada impulsiona uma tomada de decisão mais embasada e eficaz, resultando em maior eficiência operacional e na identificação de oportunidades de melhoria em diversos setores, desde a saúde e educação até o planejamento urbano e a segurança pública.
Um exemplo ilustrativo do potencial da IA na gestão pública é sua aplicação em sistemas de previsão e detecção de fraudes. Por meio da análise de padrões de comportamento e transações, os algoritmos de IA podem identificar atividades suspeitas e prevenir fraudes de maneira proativa, economizando recursos e protegendo os interesses públicos.
Além disso, essa tecnologia também pode ser empregada para melhorar a prestação de serviços, personalizando experiências e oferecendo respostas mais ágeis e precisas às demandas dos cidadãos.
Outra área em que a IA está causando um impacto significativo é na automação de tarefas repetitivas e burocráticas. Processos como o processamento de documentos, atendimento ao cliente e agendamento de consultas podem ser facilmente automatizados com o uso de chatbots e assistentes virtuais, liberando os funcionários públicos para se concentrarem em atividades de maior valor agregado. Isso não apenas melhora a experiência do usuário, mas também reduz os tempos de espera e aumenta a eficiência dos serviços oferecidos pelo governo.
IA pelo Brasil
A implementação bem-sucedida da IA na gestão pública pode ser observada em projetos como o “Victor”, que utiliza IA para acelerar a avaliação judicial dos processos que chegam ao tribunal. Graças à capacidade da IA de processar grandes volumes de dados com rapidez e precisão, o projeto conseguiu reduzir drasticamente o tempo necessário para essa tarefa, liberando recursos humanos para atividades que demandam maior discernimento e criatividade.
Outro exemplo notável é o Zello, um chatbot desenvolvido pelo TCU – Tribunal de Contas da União, que utiliza IA para interagir por meio de mensagens de texto no WhatsApp. O Zello começou como uma ferramenta para facilitar o acesso à lista de gestores com contas julgadas irregulares, mas rapidamente expandiu suas funcionalidades para oferecer serviços como a emissão de certidões do TCU de maneira ágil e simplificada.
A iniciativa da Secretaria do Tesouro Nacional em implementar a assistente virtual “Jaque” para o Siconfi – Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro também exemplifica o potencial da IA para melhorar a eficiência dos serviços oferecidos pelo governo. O “Jaque” demonstrou sua relevância e eficácia ao aliviar a carga de trabalho dos servidores públicos e concluir milhares de interações em apenas quatro meses de operação.
No entanto, apesar dos benefícios evidentes, é importante reconhecer que a implementação da IA na gestão pública não está isenta de desafios. Questões relacionadas à privacidade dos dados, viés algorítmico e inclusão digital precisam ser cuidadosamente consideradas e endereçadas para garantir que essa tecnologia seja utilizada de maneira ética e responsável.
Além disso, é fundamental investir em capacitação e treinamento para garantir que os servidores públicos estejam preparados para lidar com as novas tecnologias e maximizar seu potencial. Com uma abordagem consciente e responsável, a IA tem o poder de revolucionar positivamente a gestão pública, tornando-a mais eficiente, transparente e centrada no cidadão.
Com o compromisso adequado e uma abordagem responsável, a IA tem o potencial de impulsionar a inovação e a excelência na gestão pública, melhorando assim a vida dos cidadãos e fortalecendo a democracia.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.