A LGPD e a responsabilidade das empresas com a economia de dados
Antes da LGPD não havia uma preocupação dimensionada para a quantidade de dados gerados e, muito menos, sobre a governança desses dados. A falta de controle é o que torna as organizações tão vulneráveis às fraudes e também influencia diretamente no custo de armazenamento, integração e gestão desses dados.
Fabio Iamada, diretor de marketing da Orys, consultoria especializada em inteligência de dados
A LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados tem sido responsável por uma série de mudanças nas empresas e uma delas, certamente, é a economia de dados. A primeira grande mudança que devemos enxergar é com relação ao mapeamento de todos os dados da companhia.
Antes da LGPD não havia uma preocupação dimensionada para a quantidade de dados gerados e, muito menos, sobre a governança desses dados. É muito comum vermos áreas distintas da empresa solicitando uma informação de um cliente/fornecedor que já está em sua base de dados. Essa falta de controle é o que torna as organizações tão vulneráveis às fraudes e também influencia diretamente no custo de armazenamento, integração e gestão desses dados.
E esse custo das informações pode ser mensurado quando avaliamos o total de investimentos que as empresas precisam fazer na aquisição de novas tecnologias, contratação de servidores de armazenamento, entre outros ativos relevantes para atender aos requisitos da lei.
Acredito que essa é uma grande oportunidade para as empresas se aperfeiçoarem na gestão e privacidade dos dados, resultando em um controle e alinhamento de princípios e valores muito mais estável entre o cliente, a empresa e todos os envolvidos no processo.
Um aspecto diretamente relacionado à economia é o custo que cada ação e mudança na estrutura podem acarretar. Cada ação realizada para a adequação à lei gera despesas que vão desde a contratação de consultorias especializadas, exposição negativa de imagem e reputação perante o mercado, até a multas geradas pelo descumprimento da lei. Certamente, as multas e penalidades são infinitamente maiores do que o investimento necessário para a adequação.
A primeira mudança significativa é a necessidade de ter uma área e um responsável direto pelos dados dentro da empresa. Esses profissionais deverão ser os guardiões dos processos, segurança e gestão dos dados. Todas as áreas da empresa deverão se reportar a esse novo setor sempre que o assunto for relacionado a dados.
Essa transformação vai direcionar para uma gestão e organização de todos os processos de forma mais aprofundada e transparente. E evitará, assim, que as informações sejam perdidas ou fornecidas para outras empresas e/ou pessoas sem o conhecimento da organização. Para que essa funcionalidade seja orgânica e integrada, é preciso entender e dar suporte à própria equipe. O que não significa vigiar ou intimidar os colaboradores, mas sim orientar e auxiliar nas atividades de acordo com as novas diretrizes.
Fundamentalmente, a partir de agora a atenção deve ser redobrada em uma organização e tem de estar inserida na rotina de todos os atores, ou seja, virar um hábito constante para todos aqueles que captam, armazenam, tratam, utilizam e compartilham os dados de qualquer pessoa. Manter a transparência desse novo processo é também essencial para que colaboradores, clientes e parceiros atuem em sinergia com essa cultura implementada.