Anatel divulga estudos sobre convivência entre sistemas 5G
Redação, Infra News Telecom
O CEO – Comitê de Uso do Espectro e de Órbita da Anatel divulgou dois estudos internos sobe os sistemas móveis 5G (IMT-2020), em 3,5 GHz, e o FSS – Serviço Fixo Satelital, na Banda C.
Desde 2017, o CEO tem coordenado e realizado estudos e testes experimentais para avaliar possíveis cenários de convivência entre essas redes de comunicação, com o objetivo de subsidiar a instrução do Edital que proverá faixas para a implantação do 5G no Brasil.
Considerando as aplicações usualmente exploradas na Banda C, os trabalhos têm o objetivo de analisar e desenvolver soluções de convivência para duas possíveis situações de interferências prejudiciais em decorrência da introdução do IMT-2020: com os sistemas profissionais FSS e os equipamentos de recepção de televisão por parabólica (TVRO, Television Receive-Only).
No início deste ano, com o surgimento de novos protótipos de dispositivos LNBF – Low Noise Block Feedhorn, um componente do sistema receptor encontrado no centro da parabólica, o CEO deu início a uma nova fase de ensaios laboratoriais e testes de campo.
Devido às medidas sanitárias adotadas no combate à disseminação da Covid-19, o Comitê precisou suspender a etapa de testes de campo antes da realização de todos os ensaios programados. Assim que possível os testes serão retomados e concluídos – este trabalho deve levar, provavelmente, entre quatro a seis semanas.
Porém, as informações acumuladas e os dados coletados na etapa laboratorial geraram estudos e simulações computacionais. Os principais dados obtidos desses trabalhos foram:
• A coexistência livre de interferências prejudiciais no mesmo espaço requer soluções que evitem a saturação dos elementos das redes satelitais (FSS e TVRO) e mitiguem a emissão de espúrios fora da faixa das redes terrestres IMT-2020.
• A combinação de diferentes soluções é recomendável, por haver sinergia entre elas e possibilitar maior eficiência ao esforço de mitigação.
• Dentre as múltiplas soluções e técnicas de convivência, o Comitê recomenda a adoção de condições operacionais mais rígidas para o IMT-2020 que aquelas sugeridas como referência pelo 3GPP, a exemplo do realizado em outros países.
• O Comitê recomenda que se avalie a possibilidade de ser estabelecida, para a licitação do 5G, uma faixa de guarda entre os dois sistemas de radiocomunicação. Os EUA, por exemplo, adotaram uma faixa de guarda de 20 MHz. Uma faixa dinâmica de até 40 MHz também poderia ser utilizada. A faixa de guarda facilita a coexistência dos sistemas e diminui consideravelmente a necessidade de soluções mais invasivas, como a separação geográfica de alguns quilômetros, diminuição de potências de operação e a substituição de equipamentos e dispositivos (sintonizadores, filtros de guia de onda, etc.)
• Especificamente para os receptores de parabólica (TVRO), notavelmente vulneráveis à saturação, tanto os dispositivos LNBF disponíveis comercialmente quanto os prototipados não apresentaram o desempenho esperado.
• A partir dos estudos e simulações computacionais, bem como dos dados colhidos em laboratório e campo, o Comitê entende ser possível desenvolver novos dispositivos LNBF que cumpram adequadamente a função. Para isso, é preciso que o LNBF permita uma interferência agregada de, pelo menos, -30 dBm (um milionésimo de watt). Se possível, os dispositivos deveriam ser ainda mais robustos, de pelo menos -25 dBm, caso as condições de produção e custos assim permitam.
• Mesmo com alguns valores preliminares de operação, o CEO entende que outros parâmetros relacionados ao LNBF poderão ser refinados na continuidade dos testes de campo, como temperatura de ruído, estabilidade do oscilador local, etc.
O CEO considera que a convivência dos sistemas pode ser viabilizada com a adoção de soluções como as citadas nos estudos. Eventuais interferências podem ocorrer em situações muito específicas de instalação, porém a sua probabilidade é bastante pequena e o efeito pontual.
O Comitê ainda espera que novos protótipos de LNBF, compatíveis com os critérios operacionais delineados nos relatórios de estudos, estejam disponíveis para testes e avaliações o quanto antes.