Anywhere Office: Desafios do trabalho remoto à cibersegurança das empresas
Em um mundo cada vez mais digital e conectado, estamos rapidamente aderindo à cultura do “anywhere office”. Não por acaso, segundo pesquisas da consultoria Workana, quase 85% dos líderes que adotaram o home office em suas equipes pretendem manter o trabalho remoto, por vantagens como agilidade e redução de custos, entre outras.
Lucas Pereira, head de produtos da Blockbit
Quando a pandemia começou, em 2020, o tema central das discussões sobre o que seria do mundo pós-pandemia era imaginar como seria o “novo normal”. Hoje, mais de dois anos depois, poucos pontos já parecem tão cristalinos quanto a ideia de que poderemos trabalhar de qualquer lugar. Em um mundo cada vez mais digital e conectado, estamos rapidamente aderindo à cultura do “anywhere office”. Não por acaso, segundo pesquisas da consultoria Workana, quase 85% dos líderes que adotaram o home office em suas equipes pretendem manter o trabalho remoto, por vantagens como agilidade e redução de custos, entre outras.
Ao mesmo tempo em que permite trazer uma série de potenciais oportunidades às organizações, o trabalho remoto (ou híbrido) também traz à tona grandes desafios. Do ponto de vista estrutural, por exemplo, as companhias precisam ser capazes de garantir o acesso às tecnologias necessárias para sustentar o dia a dia das operações, maximizando a disponibilidade dos recursos e dados chave para manter – ou aumentar – a produtividade dos times. Outra questão que precisa ser encarada, neste contexto, é a necessidade de otimizar a proteção dos acessos e informações dos colaboradores, mantendo a salvo todos os registros e estratégias fundamentais para os negócios.
Trata-se de uma dupla missão: de um lado, simplificar o acesso das pessoas às plataformas e sistemas que cercam o trabalho em si; de outro, criar mecanismos para dificultar ao máximo qualquer tipo de acesso indevido, reforçando o alcance e o poder das iniciativas de cibersegurança da empresa como um todo – mesmo as fronteiras físicas tendo sido completamente derrubadas após este período de aceleração real da transformação digital nas companhias.
Este é um desafio primordial para as empresas destes novos tempos. Afinal de contas, certamente não daremos marcha à ré após este período. Ao contrário, estudos do MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts, indicam que o movimento que empurrou milhões para trabalhar em casa, ao redor do mundo, não cessará após o fim da pandemia. Em um levantamento com mais de 1.400 profissionais de todo o planeta, o MIT registrou que 100% dos entrevistados acreditam que as organizações devem adotar um modelo híbrido, mistura espaços de trabalho corporativos e home office.
Números do Gartner também vão na mesma linha. Segundo pesquisas da consultoria, 48% dos profissionais continuarão trabalhando remotamente pelo menos parte do tempo após a pandemia de Covid-19, sendo que um em cada cinco pessoas trabalhará remotamente o tempo todo. Do ponto de vista organizacional, 75% das companhias ouvidas planejam manter ou aumentar as ações de trabalho remoto no futuro.
É importante ressaltar, porém, que o trabalho híbrido não mais significará o “Home Office” em si. A expectativa é que, à medida que a realidade permita maiores deslocamentos, a força de trabalho se torne mais móvel e descentralizada, fluindo por diferentes espaços. Isso significa que as redes usadas para tráfego de informações sigilosas podem não ser as de sempre – e que as proteções padrão não sejam mais suficientes.
Em outras palavras, isso significa dizer que versões tradicionais de ferramentas como firewall e, especialmente, VPN – Virtual Private Network, precisam também evoluir e acompanhar a mobilidade e fluidez que o trabalho fora dos escritórios exige. É necessário adotar uma camada de segurança digital capaz de garantir o acesso aos sistemas fundamentais, mesmo quando o colaborador está em uma rede pública ou em uma região fora do alcance pré-estabelecido ou conhecido pelos sistemas.
Como fazer esse movimento de proteção? A maior dica é contar, evidentemente, com as ferramentas mais modernas e preparadas para este cenário. Outro item fundamental é investir em conhecimento real sobre as necessidades e características de uso dos times, entendendo os diferentes pontos das operações. Por exemplo: ainda que muitas das ameaças sejam globais, os tipos de gatilhos e iscas de phishing podem variar muito localmente. Conhecer os perfis dos usuários brasileiros, nesse sentido, seria uma oportunidade para antecipar potenciais desvios e indicadores de um ataque. Essa capacidade é um diferencial que não pode ser desprezado, ainda mais atualmente.
O “anywhere office” só fará sentido, de verdade, quando as companhias e pessoas puderem ter confiança de movimentarem suas informações com segurança. Evidentemente, os cuidados devem ser tomados em todos os lugares e situações. Com o cibercrime evoluindo em sofisticação, avançando de várias maneiras, é imprescindível que as iniciativas que oferecem maior mobilidade às equipes também sejam reforçadas com soluções de cibersegurança de nova geração, com os recursos que permitam utilizar a tecnologia, ao mesmo tempo que as ameaças e riscos são mitigadas.
Não resta dúvida de que muito tem sido feito para acompanhar essa digitalização, acelerada nos últimos dois anos. A boa notícia é que há, sim, inovações preparadas para garantir as conexões de maneira mais segura e inteligente – e de qualquer lugar. Afinal de contas, é isso que precisa estar na menta das lideranças: mais importante que o espaço utilizado, é a certeza de o que aquilo que é importante está sendo e bem protegido.