As oportunidades de telecom na educação
O artigo mostra como a área da educação é um campo vasto em possibilidades de negócios para o provedor de Internet. Este segmento é afetado diretamente pela competitividade e mudanças da tecnologia.
Vanderlei Rigatieri, fundador e CEO da WDC Networks
Estamos em ritmo de volta às aulas e este momento é ideal para chamar atenção quanto à relação intrínseca entre tecnologia e educação, tanto no ponto de vista pedagógico quanto técnico. Novas metodologias de ensino, ferramentas didáticas, conteúdos para alunos do nível infantil ao superior. Neste artigo, vou me ater à parte técnica, de observador em TI e telecom, para apontar como a área da educação é um campo vasto em possibilidades de negócios para o provedor de Internet, pois é um segmento afetado diretamente pela competitividade e mudanças da tecnologia.
Uma ideia que vem à mente ao pensarmos na relação entre o ISP – provedor de serviços de Internet e educação é a conectividade nas escolas. Este é um caminho amplo para crescimento, segundo dados do Painel Conectividade nas Escolas, abastecido pela Anatel com dados do Censo Escolar. A atualização mais recente, em setembro de 2023, mostrou que das 138.355 escolas públicas municipais, estaduais e federais no Brasil, 7.592 (5,5%) não possuem acesso à Internet, das quais 6.812 estão em áreas rurais.
Para ajudar o provedor de Internet chegar a esses locais, muitas vezes comunidades remotas ou de difícil acesso, o governo federal lançou programas como o Banda Larga nas Escolas e liberou, em 2022, os recursos do Fust – Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações para expansão de redes e infraestrutura a comunidades rurais e remotas, como já tratamos em artigo anterior. Lembrando que além de viabilizar conexão em escolas e domicílios em áreas remotas, o FUST ainda pode abrir portas para outras áreas, como o agronegócio e o ecoturismo, levando conectividade e serviços de valor agregado (SVA) a localidades como chácaras e hotéis-fazendas.
Dispositivos como auxiliares didáticos
É consenso entre os educadores que os diferentes dispositivos tecnológicos – computador, notebook, tablet, smartphone, smart TV, lousa digital etc. – são grandes auxiliares no processo pedagógico se bem utilizadas em sala de aula. Como exemplo, cito a pesquisa VII Estudo Global sobre o uso da tecnologia na educação – relatório Brasil 2022, realizada pela empresa de soluções em educação BlinkLearning em parceria com o MEC – Ministério da Educação.
De caráter voluntário, ao contrário do Censo Escolar, o estudo contou com a participação de 43 mil professores de todos os estados brasileiros, de diferentes níveis de ensino. Revela que 83% dos entrevistados relataram usar algum tipo de material digital nas aulas e 80% acreditam que a tecnologia melhora a motivação dos estudantes, pois torna os conteúdos mais atraentes com seus recursos dinâmicos e interativos. Contudo, o principal desafio ao uso da tecnologia na sala de aula é a falta de dispositivos suficientes (73%), quase o mesmo número (72%) de professores que recomendariam à escola iniciar um projeto tecnológico.
Além disso, os dados do já citado Painel de Conectividade das Escolas indicam que hoje ainda existem 96.192 ou 69,5% das escolas públicas brasileiras sem laboratório de informática. Esta é uma oportunidade de negócios interessante ao provedor que busca expandir atuação, tanto na oferta de equipamento quanto no suporte a essas unidades de ensino.
Um laboratório de informática no qual possa ser instalada uma lousa digital torna-se um ambiente rico para o processo de ensino e aprendizagem – e aqui vale também para as escolas particulares de pequeno e médio portes, em busca de diferenciação no mercado. Pelo menos um espaço com o equipamento apropriado no qual possa se trabalhar gamificação, Ambiente Virtual de Aprendizagem (sala virtual) e demais softwares de ensino motiva o aprendizado nos alunos, a satisfação dos pais, o destaque da escola e um produto a mais no portfólio do ISP.
Expandir projetos em educação
No entanto, os dados levantados pela Anatel e pelo Censo Escolar apontam que existem mais escolas conectadas à Internet do que laboratórios de informática, isso considerando apenas o universo de instituições públicas. Neste caminho de dar suporte à tecnologia na educação, oferecer ao cliente, seja ele uma escola infantil ou faculdade, especialmente entre as instituições privadas, uma infraestrutura de conexão aderente ao protocolo de rede sem fio Wi-Fi 6 pode assegurar satisfação dos clientes – estudantes, professores e corpo administrativo – com uma conexão capaz de superar obstáculos e atender diferentes dispositivos conectados.
A Wi-Fi 6 usa a tecnologia MU-MIMO – Múltiplas Entradas e Múltiplas Saídas, o que melhora o alcance e a cobertura da rede. Isso ajuda a reduzir a interferência em ambientes lotados, diminuindo a latência e provendo mais velocidade e estabilidade às conexões. Desta forma, uma quantidade muito maior de dispositivos, como smartphones, laptops, tablets e TVs, podem trabalhar simultaneamente em um mesmo ponto de acesso sem perdas na qualidade do sinal. Toda estrutura da escola ou faculdade, não importa o quão distante esteja do roteador, pode ter acesso ao sinal de Internet sem interrupção ou queda de velocidade.
Nesta conta também estão os painéis de mídia OOH – Out Of Home substituindo os antigos quadros de avisos de papel, mantendo informações que a instituição pretenda passar a seus alunos atualizadas em tempo real, sem a necessidade de “rondas” para substituir cartazes. E, para ficar de olho nesses painéis e evitar furto ou depredação, bem como reforçar a segurança de alunos e professores, existem diferentes câmeras de videomonitoramento que podem ser facilmente controladas pela equipe de segurança e diretoria, com softwares de reconhecimento facial ou detectores de movimento.
Todos os itens acima são oportunidades que o provedor de internet pode agregar ao seu portfólio e ofertar como serviço adicional, evoluindo a forma como conduz seu negócio com clientes existentes e em potencial. Este é só o capítulo mais recente na relação entre educação e tecnologia, ambas em evolução constante e indo muito além do que apenas a necessidade de conexão à Internet.