Aprenda a desenvolver o autoconhecimento e competências relacionais
Edgar Amorim, analista comportamental e coach
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Desenvolver o autoconhecimento é algo de suma importância, porém dá um bocado de trabalho. O primeiro passo é tomar consciência de que existe essa necessidade – o que pode ser difícil. Depois, é necessário procurar o melhor caminho para desenvolver esse autoconhecimento.
Quando o assunto é competência técnica, fica fácil procurar onde obtê-la. Formações e cursos mais variados estão à disposição. Existem opções nacionais e internacionais para pós-graduação, mestrado e doutorado, nas mais diversas áreas de conhecimento e em instituições públicas e privadas. Porém, quando se trata de desenvolver competências comportamentais e de relacionamento a situação complica bastante.
Primeiro, porque existe um desconhecimento de como funcionam as técnicas e abordagens disponíveis: como funciona a psicoterapia? E o coaching? E tantos outros? Além disso, sempre há dúvida sobre qual profissional apoiar.
Vou procurar esclarecer um pouco sobre essas técnicas, para que cada pessoa possa buscar um caminho mais apropriado para desenvolver o autoconhecimento e as competências relacionais. Já citamos em outra edição que o que somos hoje foi construído ao longo de nossa infância.
Portanto, nossos hábitos, o jeito de se relacionar com as pessoas e até os traumas vieram da infância. Junte-se a isso a cultura brasileira e latina de um modo geral, que é bastante paternalista e dá muita importância à hierarquia. Isso dificulta ainda mais o desenvolvimento pessoal, que hoje exige muita proatividade, além de criatividade. Muitas vezes as pessoas ficam esperando que alguém faça por elas ou uma ordem para fazer. E o pior, em geral, elas não percebem que agem assim.
É muito difícil trabalhar essas questões sozinho, pois como funcionamos no automático, fica complicado perceber que uma determinada atitude pode estar nos prejudicando. Aí entra a necessidade de um profissional habilitado para ajudar a encontrar um caminho mais compatível com o desempenho que esperamos na nossa vida profissional – e até pessoal.
Se a questão a ser trabalhada for atitudes que nos travam (medo, ansiedade, paralisia, etc.), provavelmente, a psicoterapia será o caminho indicado. Muitas vezes, esses tipos de comportamento estão ligados a traumas do passado e eles estão enraizados profundamente em nosso inconsciente. O trabalho psicoterapêutico explora o passado em busca de eventuais traumas que possam estar bloqueando o agir de forma adequada para se obter o objetivo almejado.
Particularmente, na psicanálise uma das abordagens possíveis de psicoterapia é realizar uma análise da mente com uma cebola, onde é necessário retirar as várias camadas até alcançar o núcleo – que seria o trauma que trava. Com a consciência do motivo do trauma, toda a emoção associada a ele é liberada e o indivíduo passa a atuar sem bloqueios. Portanto, a psicoterapia é uma volta ao passado para resolver uma questão do presente – e isso pode demorar um pouco, já que as pessoas podem ter resistência para voltar ao passado. Por isso, junto com o trabalho de busca do trauma vem um trabalho de fortalecimento psicológico. As bases da psicoterapia surgiram com a psicanálise de Freud.
Já no caso de um indivíduo que deseja atingir uma meta, mas tem dificuldade em tomar as atitudes para chegar lá, o coaching pode ser a indicação mais acertada. O coaching é uma metodologia que trabalha a mente do indivíduo para que ele atinja a tal meta. Esse profissional olha para o futuro e ajuda a pessoa a conseguir, por si só, chegar ao destino desejado.
O coaching pode ser considerado uma técnica para treinar a mente para atingir níveis altos de desempenho. Nos últimos anos, muita gente se formou em coaching. No entanto, como essa profissão não é regulamentada, muitas técnicas utilizadas não tem a ver com o coaching. Por isso, é importante tomar cuidado ao contratar esse tipo de profissional.
Recentemente, uma novela retratou a indicação do coaching com hipnose para tratar um trauma. Isso foi um grande erro, pois o coaching não olha o passado e sim o futuro. Seu trabalho tem prazo determinado, em geral dez sessões para metas pessoais, quinze para coaching de carreira e trinta para coaching executivo.
O método de coaching foi desenvolvido por W. Timothy Gallwey, um técnico de tênis, que trabalhava com jogadores com excelência técnica, mas que tinham resultados fracos em competições. Gallwey foi pesquisar o motivo desse efeito e acabou descobrindo a forte influência da mente no desempenho dos jogadores. Foi então que ele desenvolveu uma técnica, que posteriormente foi aplicada no mundo corporativo com excelentes resultados. Gallwey a descreve em seu livro “O jogo interior do tênis”, que é a base do coaching atual.
Agora que vimos algumas opções para o autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, aqui ficam algumas perguntas.
● Você está contente com a sua carreira?
● Em qualquer situação, o que você pode fazer para melhorar o seu desempenho profissional?Onde você pode buscar recursos para melhorar?
● Quanto a sua carreira depende de você? Dê evidências que confirme a sua resposta – ou será que é só um “achômetro”?
● Você está esperando que alguém faça algo que ajude a sua carreira ou tomou as rédeas dela e está seguindo um plano?
● Quando vai começar essa melhoria? Determine o dia, hora e local.
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.