Controle de acesso na automação industrial
Paulo Santos, gerente de soluções da Axis Communications
Alguns conceitos tecnológicos são mais discutidos do que realizados. Muito se fala, por exemplo, em preparar as empresas para a indústria 4.0. A ideia de máquinas conversando com máquinas para otimizar a produção é, hoje, uma referência teórica – salvo poucas experiências no Brasil, como a Mercedes Benz, que possui um robô no chão da fábrica em São Bernardo do Campo, SP, e já fabricou peças em impressora 3D, ou a Tetrapak, que oferece um serviço de consultoria técnica remota por meio de vídeos transmitidos ao vivo. São experiências positivas, mas que não representam o mercado.
A realidade nacional é que a grande maioria das empresas ainda não está plenamente posicionada como indústria 3.0, ou seja, há muito espaço para reduzir custos e otimizar os processos com a boa e velha automação industrial.
Trazendo o conceito de automação industrial para a área de segurança física, os sistemas atuais de controle de acesso ainda são bastante analógicos. Nesses sistemas, predomina o uso do cabo RS-485, normalmente usado com os protocolos seriais Wiegand (amplamente adotado no Brasil) ou OSDP (principal tendência para os próximos anos). Mas a tecnologia evoluiu, e já é possível manter o sistema num ambiente totalmente digital, sem qualquer interface serial do mundo analógico.
Ao administrar os acessos via rede, as indústrias conseguem superar uma limitação típica de sistemas analógicos: a necessidade de conexão física. No ambiente IP, a conexão é lógica, com dispositivos que conversam entre si por meio de portas virtuais. Assim, os dispositivos de leitura de credenciais, como terminais para o reconhecimento facial, códigos QR ou controle de acesso veicular, podem estar num local, enquanto os pontos de acesso, como portas, catracas e cancelas, podem estar em outro local. São inovações que estão causando impacto em setores diversos, desde hospitais até universidades e condomínios.
Aplicado ao ambiente fabril, o conceito de controle de acesso digital viabiliza inovações como o acionar de uma máquina somente após reconhecimento biométrico do funcionário, e não quando ele assina um caderno. Em vez de anotar manualmente a saída de cada caminhão, a fábrica registra tudo com leitura de placas e impede a entrada de veículos em horários não previstos. Os crachás podem ter um código QR para abrir portas sem usar as mãos.
Na próxima edição, vamos examinar o impacto do conceito de automação industrial em soluções de controle perimetral para as indústrias. Até lá!
É gerente de soluções na Axis Communications, desde 2012. Formado em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia São Paulo, o executivo possui ainda o título de especialização em administração pela FGV. Antes de ingressar na Axis, Santos atuou na Xylem e na Siemens.