Brasil é terreno fértil para as agtechs
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
A agricultura é um dos principais pilares da economia brasileira, com um amplo território e diversidade de climas e solos que proporcionam condições favoráveis para a produção de uma grande variedade de culturas. Para se ter ideia, segundo o relatório World Food and Agriculture de 2021, da ONU – Organização das Nações Unidas para a FAO – Alimentação e a Agricultura, o Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do planeta.
Apesar dessa posição, o setor também enfrenta desafios significativos, como a busca por maior produtividade, sustentabilidade, eficiência e a necessidade de alimentar uma população mundial em constante crescimento. Nesse ponto, a transformação digital tem chegado no campo para melhorar esse processo.
Inclusive, as agtechs, startups especializadas em buscar soluções inovadoras para o setor, desempenham um papel crucial na transformação do meio agrícola no Brasil. Elas são responsáveis por apresentar inovações para os produtores rurais, como soluções de softwares de gestão e monitoramento, aplicabilidade de ferramentas de automação, IA – inteligência artificial e big data.
Graças a elas é possível administrar o campo com maior precisão e agilidade, garantindo maior rendimento nas lavouras e contribuindo para a oferta de alimentos em quantidade suficiente para atender à demanda crescente.
O fato é que essas startups têm um impacto significativo na modernização e na competitividade da agricultura brasileira, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.
O cenário atual das agtechs
Apesar de um movimento ainda tímido, o Brasil tem terreno fértil para que as agtechs cresçam e frutifiquem. De acordo com o Radar Agtechs Brasil 2021/2022, produzido pela Embrapa, SP Venture e Homo Ludens Research and Consulting, o país já conta com 1703 startups atuantes do agronegócio. O número é 7,5% maior do que registrado no relatório anterior.
O estudo ainda aponta que 14,2% das agtechs atuam antes da fazenda, ou seja, está muito mais ligada ao crédito, fertilizantes, análise laboratorial, nutrição, saúde animal, sementes, mudas genômicas vegetal, etc., enquanto 41,4% estão dentro da fazendo auxiliando na gestão da propriedade rural, com drones, máquinas e equipamentos, sensoriamento remoto, mídias sociais, internet das coisas, detecção de pragas, solo, clima e irrigação, meteorologia, irrigação e gestão d água, bem como no controle biológico, controle de resíduos agrícola, conectividade e telecomunicação.
Já 44,4% fazem o trabalho depois da fazenda, como segurança e rastreabilidade dos alimentos, biodiversidade e sustentabilidade, armazenamento, infraestrutura e logística, mercearia online, entre outros.
A parceria entre o setor agrícola tradicional e as startups de tecnologia tem se mostrado como peça fundamental para o avanço contínuo da agricultura por aqui, permitindo que o país aproveite todo o seu potencial para se destacar no mercado.
Por aqui, a terra é boa!
Observamos que há muito espaço e possibilidades para o trabalho das agtechs em nosso país, já que estamos diante de um setor em expansão e que necessita de ferramentas tecnológicas para que os produtores rurais brasileiros se mantenham competitivos no mercado global. Sem dúvida, esse tipo de negócio tem chamado a atenção dos fundos de investimento e do próprio governo, impulsionando o crescimento e desenvolvimento dessas startups no país.
Com isso, já vemos um aumento do ecossistema de inovação e empreendedorismo em várias cidades e regiões do país. Isso inclui a criação de incubadoras, aceleradoras e espaços de coworking voltados para startups, inclusive as agtechs.
No entanto, apesar dos avanços, ainda há muito espaço para crescimento no setor de agtechs no Brasil. O esperado para os próximos anos é que o país continue a investir e incentivar a inovação tecnológica no campo para enfrentar os desafios e melhorar a competitividade do agronegócio brasileiro no cenário internacional.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.