Cabo OPGW provê mais segurança e estabilidade na transmissão de dados por fibra óptica
Quando se fala em infraestrutura um dos principais desafios é construir backbones economicamente viáveis com maior alcance geográfico e o melhor custo x benefício. Nesse cenário, a tecnologia OPGW consolida posição como aliada das infraestruturas cabeadas.
Herivelto Macedo, gerente geral de engenharia, da Eletronet
O avanço das aplicações conectadas e a busca por experiências cada vez mais imersivas levam a um aumento sem fim da demanda por bandas de Internet mais robustas e estáveis, acelerando a modernização das infraestruturas de rede. Entre os atuais caminhos utilizados para o tráfego de dados, a fibra óptica segue no topo das alternativas. E quando se fala em infraestrutura um dos principais desafios é construir backbones economicamente viáveis com maior alcance geográfico e o melhor custo x benefício.
Nesse cenário, a tecnologia OPGW – Optical Ground Wire (fio de aterramento óptico) consolida posição como aliada das infraestruturas cabeadas, por apresentar diversas vantagens em relação aos cabos aéreos convencionais (como os de cobre, por exemplo) e infraestruturas subterrâneas, tanto do ponto de vista financeiro como na melhoria dos serviços de transporte de dados.
O modelo OPGW reúne num único equipamento as funções de para-raios para linhas de transmissão de energia, absorção das correntes de curto-circuito e canal de comunicação por meio de um núcleo de fibra óptica, otimizando as redes de alta tensão com uma proteção a mais e possibilitando o transporte de dados em redes mais resistentes a falhas, acidentes ou ações de vandalismo.
Desenvolvidos no Japão e patenteados no final da década de 1970, os cabos OPGW tiveram suas primeiras implementações nos anos de 1980 e ganharam o mercado com mais força nas duas últimas décadas. Em 2000, com a Internet ainda incipiente, eram contabilizados cerca de 60 mil km desse tipo de cabeamento instalados em todo o mundo.
Segmento em ascensão no Brasil
Desde o início, os maiores usuários de cabos OPGW do mundo estão na Ásia, seguidos por países da América do Norte e Europa. No Brasil, a tecnologia também ganhou espaço e companhias gigantes como a estatal Eletrobras já adotaram há algum tempo redes de alta tensão modernizadas com a proteção dos cabos para-raios (cabe mencionar que algumas regiões brasileiras estão entre as que apresentam maior incidência de raios no mundo).
Em outra frente de usabilidade dos fios de aterramento óptico, a parceria com operadoras de telecomunicações permitiu ampliar o alcance da Internet, democratizando o acesso e promovendo a inclusão digital, sobretudo na quarentena imposta pela pandemia do Coronavírus, que aumentou a demanda por digitalização. Vale lembrar que os mais de 18 mil provedores de Internet do país, contabilizados pela Abrint – Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações, desempenharam papel fundamental nessa missão.
Hoje, o Brasil conta com mais de 85% de lares conectados. Dados recentes da Anatel mostram que o país possui 28 milhões de conexões via fibra óptica, o que representa 66% da banda larga fixa do país. Segundo a agência, no ano passado a fibra óptica alcançou perto de 5 mil municípios. E a tendência é a base instalada aumentar ainda mais com a implantação do 5G, que vai exigir conexões mais rápidas e com menor latência para apoiar tecnologias disruptivas que incluem IoT – Internet das coisas, machine learning e IA – inteligência artificial.
Sustentabilidade e economia financeira
Instalado diretamente no topo das torres de alta tensão, o cabeamento no formato OPGW é mais robusto e resistente porque conta com uma camada externa composta de materiais metálicos (aço, alumínio, ou liga dos dois metais) em sua construção, protegendo a fibra óptica instalada em seu interior, ou seja, as fibras ópticas (que possuem a espessura de um fio de cabelo) são acondicionadas em um tubo de alumínio, o qual é envolvido pelos fios de alumínio e aço galvanizados chamados de “tentos” que formam o cabo para-raios da linha de transmissão.
Basicamente, o que os difere dos demais tipos de cabos é a sua capacidade de transferir dados em grande velocidade, por longas distâncias, sem perder a qualidade. Os cabos ópticos OPGW apresentam excelente performance de transmissão de dados por serem formados por fibras ópticas de baixa atenuação, da ordem de 0,19 dB/Km (na janela de 1.550 nm). Desta forma, é possível às operadoras de energia e telecomunicações compartilharem a infraestrutura, reduzindo custos com engenharia civil e, consequentemente, as agressões ao meio ambiente.
Num cenário onde sustentabilidade é uma urgência mundial, estabelecida em acordos internacionais, como o Protocolo de Kyoto (1997), e cumprir as métricas de ESG – Environment Social and Government não é mais diferencial, mas pré-requisito, os cabos OPGW são considerados mais sustentáveis, não só por servirem a várias finalidades simultaneamente, possibilitando uso compartilhado, mas por ter uma vida útil prolongada, minimizando a produção de resíduos e o consumo de recursos naturais à medida que elimina a necessidade de implantação de uma segunda rede exclusivamente para transmissão de dados.
Sendo assim, podemos concluir que, com a tecnologia OPGW, empresas de energia, passam a oferecer um serviço com menores riscos de interrupção no fornecimento por queda, rompimento ou superaquecimento das linhas de eletricidade. Já as operadoras de telecomunicações ganham confiabilidade na transmissão de dados, uma vez que os cabos garantem a integridade das fibras ópticas mesmo em situações adversas de tempo ou temperatura. Na ponta, o usuário final é beneficiado com serviços mais estáveis e de melhor qualidade.