Cabo submarino de fibra óptica entre Brasil e Angola começa a operar ainda este ano
Redação, Infra News Telecom
A Angola Cables, empresa de telecomunicações especializada em operar cabos submarinos de fibra óptica, iniciou o South Atlantic Cable System (SACS), um projeto de telecomunicações para conectar Luanda, em Angola, a Fortaleza, no Brasil, por meio de um cabo submarino de fibra óptica. O SACS é o primeiro cabo submarino instalado no Atlântico Sul, ligando a África à América do Sul. O percurso da informação entre os dois países será feito em aproximadamente 63 milissegundos – a transmissão via satélite é de 360 milissegundos.
O cabo tem capacidade de comunicação de pelo menos 40 Tbps. Construído pela NEC, no Japão, o cabo percorreu 6,3 mil quilômetros pelo leito do Atlântico, partindo de Sangano, na costa angolana, e chegou à Praia do Futuro, em Fortaleza, em fevereiro último. A operação deve começar até o final do primeiro semestre deste ano.
Hoje, todos os cabos submarinos africanos passam necessariamente pelo continente europeu, assim como no caso do Brasil, a passagem pelos EUA é obrigatória. “Atualmente, não existem comunicações diretas de dados e voz entres os continentes africano e sul-americano. Com essa nova rota, via Atlântico Sul, os clientes terão outra alternativa”, explica António Nunes, CEO global da Angola Cables.
A companhia está investindo US$ 300 milhões em infraestrutura e operação no Brasil. Esse valor inclui, além do projeto SACS, a construção de um data center, também em Fortaleza, e o Monet, um cabo submarino de fibra óptica que interliga as cidades de Santos, Fortaleza e Miami. Sua rota será de mais de 10 mil quilômetros e capacidade de comunicação de pelo menos 60 Tbps, em seis pares de fibra — sendo duas da Angola Cables.
O cabo já está em operação desde o final de 2017. Neste empreendimento, a companhia é ainda responsável pela construção da estação que receberá a fibra em Fortaleza. “Essas infraestruturas irão reduzir custos, aumentar a velocidade de transmissão dos dados e melhorar a qualidade do acesso à informação. Também permitirão que os conteúdos internacionais fiquem mais próximos do consumidor brasileiro, já que estarão alocados no data center localizado na capital cearense”, completa Nunes.
Data center
A Angola Cables também foca a sua atuação na construção, implantação e gestão de data centers. A empresa já possui uma unidade em Angola, o AngoNap, e iniciou a construção da segunda, em Fortaleza. Localizado na Praia do Futuro, o centro contará com uma área de TI de três mil metros quadrados e é fruto de uma parceria entre a operadora e a prefeitura da capital cearense. “O objetivo dessa parceria com o governo municipal é, em alguns anos, tornar Fortaleza um dos principais polos tecnológicos e das telecomunicações do Brasil”, diz Nunes. A previsão é de que o data center comece a operar também no final do primeiro semestre deste ano.
Fundada em Luanda, em 2009, a Angola Cables é fruto de um consórcio formado pelas cinco maiores operadoras de telecomunicações de Angola, sendo a estatal Angola Telecom a principal acionista. Com cerca de cem colaboradores, a operadora surgiu por conta da intenção do governo angolano em colocar o país no mapa das telecomunicações internacionais e de transformar Angola em um dos hubs do continente. A sua participação no WACS – West Africa Submarine System, um cabo submarino de fibra óptica que liga 11 países africanos e três europeus, conectando Cape Town à Londres, garante a sua conectividade na costa ocidental da África e Europa.