Carreira, Freud e autoconhecimento
Edgar Amorim, facilitador DiSC e coach executivo, da Amorizar Pessoas
A mente humana é cheia de segredos, e desvendá-los é uma tarefa quase impossível. Primeiro, porque as pessoas acreditam que têm plena consciência do significado de seus atos e não creem que possam existir motivações e emoções que elas não conheçam – o que é um grande engano. Segundo, porque hábitos e comportamentos funcionam no modo “automático” e as pessoas têm imensa dificuldade modificá-los, mesmo que seja para um ganho pessoal ou profissional.
Quando se fala de sucesso na carreira, o primeiro passo é desenvolver as competências técnicas (os hard skills) para executar as tarefas da área de atuação do indivíduo. Paralelamente a isso, é preciso desenvolver as competências socioemocionais (os soft skills) e, no entanto, essa sempre foi uma área desprezada – exatamente pelas pessoas acreditarem que se conhecem plenamente e que não há nada de novo a aprender ou desenvolver. Para mudar esse cenário, e abrir a porta do desenvolvimento dessas competências socioemocionais, é preciso começar pelo desenvolvimento do AUTOCONHECIMENTO e um bom caminho para isso é conhecer os níveis da consciência e o modelo estrutural da personalidade, descritos na psicanálise de Freud.
Ao longo de seus estudos e pesquisas Freud descreveu que nossa mente tem um nível chamado de consciência, que engloba as percepções conscientes de fatos e acontecimentos num determinado momento, e outro nível chamado de inconsciente, que engloba fenômenos e conteúdos do qual a pessoa não tem consciência, mas que influencia seus atos e comportamentos.
Para ilustrar, podemos citar que no nível consciente aprendemos a calcular que um mais um é igual a dois ou que para imprimir um documento é preciso ligar a impressora antes – temos plena consciência dessas duas situações. Para o nível inconsciente, podemos citar uma situação em que ouvimos uma música e ficamos tristes ou alegres e não conseguimos perceber o motivo dessas emoções, que estão registradas no inconsciente.
Existe muita coisa no nível inconsciente que direciona ou bloqueia nossas ações e que não conseguimos compreender e, muitas vezes, nem percebemos. O trabalho psicanalítico foca em fazer o indivíduo tomar posse, tomar consciência desses conteúdos, que uma vez conhecidos podem ser trabalhados – para reforço ou eliminação.
O outro conceito importante de Freud diz respeito à estrutura da personalidade. Ele desenvolveu um modelo composto por três estruturas: o id (lê-se “idi”), o ego e o superego.
O id é a essência do indivíduo, é a fonte de energia psíquica, que é a libido, segundo a psicanálise. Ele é formado pelas pulsões (impulsos de ação), impulsos orgânicos e desejos inconscientes. O id busca o prazer e desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral e é exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e voltado ao prazer. O id é totalmente inconsciente.
O ego se desenvolve a partir do id, com a intenção de permitir que seus impulsos sejam eficientes. Ele leva em conta o mundo externo e promove um comportamento adequado de forma racional. O ego procura satisfazer a busca de prazer do id de forma harmonizada.
O superego é a parte da mente que representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: reprimir, por meio de punição ou sentimento de culpa, qualquer impulso contrário às regras; forçar o ego a se comportar de acordo com a moral; e levar o indivíduo à perfeição em gestos, pensamentos e palavras.
Em resumo, nossa mente está sob constante influência dessas três estruturas e perceber que desconhecemos muito do que se passa em nossa mente é um primeiro grande passo para começarmos a tomar consciência do significado real de nossas ações, nossos comportamentos e hábitos – o que é um ótimo começo para o autoconhecimento e desenvolvimento pessoal e profissional.
Uma boa prática para começar a tomar consciência de si mesmo é se perguntar: por que ajo dessa forma? Pergunte-se, reflita. Muitas descobertas surgirão.
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.