Categoria 8 e o Ethernet a 40 Gb/s
Marcelo Barboza, da Clarity Treinamentos
As categorias de cabeamento de par trançado são bem conhecidas, desde a 5E até a 6A. Menos conhecidas são as categorias 7 e 7A, inexistentes nas normas norte-americanas (ANSI/TIA) e pouco utilizadas no país. Mas, e a categoria 8?
Pois é, a categoria 8 de componentes de cabeamento de par trançado já foi normatizada há alguns anos, estando presente tanto nas normas internacionais (ISO/IEC) quanto nas norte-americanas (ANSI/TIA). E, a partir de meados de 2019, também na norma brasileira ABNT/NBR 14565 (veja abaixo o vídeo realizado na época da publicação desta revisão da norma).
E qual a finalidade da categoria 8? Permitir aplicações Ethernet de velocidades 25 e 40 Gb/s em enlaces de par trançado nas instalações de data centers. No entanto, a Cat. 8 é a única que prevê um canal de no máximo 30 metros, diferente das outras categorias, que permitem canais de até 100 metros de extensão.
A Cat. 8 ainda prevê um canal de somente duas conexões, uma em cada extremidade, no início e no fim do enlace permanente. O enlace permanente deve ter até 24 metros de cabo com condutores sólidos. O canal de 30 metros é obtido com a conexão de patch cords de até 3 metros em cada extremidade.
Um canal de somente 30 metros seria viável em um data center? Sim, pois a ideia do Cat. 8 é ser uma opção à fibra óptica em conexões de até 40 Gb/s dentro de uma mesma fileira de racks/gabinetes. A maioria das fileiras tem menos que 30 metros. Então, a Cat. 8 acaba sendo uma opção mais econômica (quando se leva em consideração também o custo dos equipamentos ativos) para links “intra-fileira”, desde que a velocidade não passe de 40 Gb/s.
A frequência máxima de transmissão de sinais sobre a Cat.8 é de 2000 MHz (ou 2 GHz), o dobro da categoria anterior, a Cat.7A, que é de 1000 MHz. Veja na tabela baixo todas as frequências suportadas pelas diferentes categorias de componentes.
Categoria | Frequência
Máxima (MHz) |
Blindagem |
5e | 100 | Opcional |
6 | 250 | Opcional |
6A | 500 | Opcional |
7 (ISO) | 600 | Sim |
7A (ISO) | 1000 | Sim |
8 (TIA) e 8.1 (ISO) | 2000 | Sim |
8.2 (ISO) | 2000 | Sim |
Categorias e respectivas frequências de sinal
Mas, existem alguns “detalhes”: A norma ISO/IEC reconhece duas categorias de componentes: 8.1 e 8.2. Já a ANSI/TIA reconhece apenas a categoria 8, equivalente à categoria 8.1 da ISO. E quais são as diferenças? Veja essa tabela abaixo.
Categoria dos componentes | Categ. TIA | Classe ISO | Comprimento máximo (m ) | Qtd. máxima de conexões (*) | Tipo de conector |
5e | 5e | D | 100 | 4 | RJ45 |
6 | 6 | E | 100 | 4 | RJ45 |
6A | 6A | EA | 100 | 4 | RJ45 |
7 | – | F | 100 | 4 | Tera/GG45 |
7A | – | FA | 100 | 4 | Tera/GG45 |
8 (TIA) ou 8.1 (ISO) | 8 | I | 30 | 2 | RJ45 |
8.2 (ISO) | – | II | 30 | 2 | Tera/GG45 |
Categorias de componentes e canais
Na tabela, você vê que as categorias 8 da ANSI/TIA e 8.1 da ISO/IEC utilizam conectores modulares de 8 contatos/8 posições (mais conhecidos como RJ-45), enquanto a categoria 8.2 utiliza os mesmos tipos de conectores que já tinham sido definidos para as categorias 7 e 7A (só que para 2000 MHz), sendo que os principais são o Tera (da Siemon) e o GG45 (da Nexans).
Outra diferença está na blindagem. A blindagem utilizada nos cabos Cat.8 e 8.1, geralmente, é do tipo F/UTP ou U/FTP, enquanto a utilizada no 8.2 é do tipo S/FTP ou F/FTP (veja mais sobre os padrões de blindagem no vídeo abaixo).
Um canal construído com componentes da categoria 8.1 é chamado de Classe I pela ISO, já construído com componentes categoria 8.2 é denominado de Classe II. A norma ANSI/TIA chama o canal com componentes Cat. 8 também de categoria 8.
O padrão de rede Ethernet para 40 Gb/s em par trançado é o 40GBase-T, enquanto o padrão para 25 Gb/s é o 25GBase-T. Ambos são definidos na norma IEEE 802.3bq-2016 e utilizam todos os quatro pares do cabeamento (o vídeo abaixo traz mais detalhes sobre a nomenclatura utilizada para as interfaces Ethernet).
Todos os principais fabricantes de cabeamento já possuem soluções Cat.8, mas a sua utilização ainda é bem restrita.
Marcelo Barboza é formado no Mackenzie, atua no desenvolvimento e aplicação de cursos e consultoria em cabeamento estruturado e em projetos de telecomunicações em data centers. Instrutor oficial no Brasil para a Fluke Networks (certificação de cabos de cobre e fibra óptica), Panduit (instalação de cabeamento estruturado) e DCProfessional (fundamentos e eficiência energética de data centers). Certificado pela DCProfessional (Data Center Specialist – Design), pela BICSI (RCDD, DCDC e NTS) e pelo Uptime Institute (ATS).