Chegou a hora da sua empresa usar o blockchain?
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
Os contratos inteligentes baseados em blockchain e livros contábeis imutáveis estão se tornando viáveis em diversos cenários de negócios, para muito além das transações em criptomoedas. E quando uma tecnologia emergente se enraíza em aplicações corporativas, é quando sabemos que ela veio para ficar.
A IDC estima que os gastos com blockchain excederão US$ 19 bilhões até 2024, prova de que bancos, órgãos governamentais, hospitais e empresas estão enxergando o potencial desta tecnologia. Provedores terceirizados de blockchain estão fortalecendo ainda mais o setor, oferecendo soluções de nível empresarial privadas e seguras que fomentam o que a MarketsandMarkets prevê que será um mercado de US$ 67,4 bilhões até 2026.
O que são blockchains?
Blockchains são registros digitais permanentes e não editáveis de informações ou “livros”. Eles são projetados para se comunicarem ponto a ponto, sem intermediários, e são copiados em computadores descentralizados em vez de um local centralizado, como um único servidor.
Digamos que você receba um e-mail com 100 pessoas no tópico. Você pode excluir o e-mail da sua caixa de entrada, mas ele ainda existirá em 99 outras caixas de entrada. Você não pode alterar o conteúdo do e-mail – está lá para todos verem. Esse tipo de “distribuição” o torna imutável.
É uma analogia imperfeita, mas ilustra como a descentralização cria responsabilidade e transparência. Como várias entidades possuem cada transação em vez de uma única entidade, não há um único ponto de falha. É impossível que uma única pessoa com más intenções realize alguma mudança.
Depois, há o imediatismo de uma transação, seja ela qual for – uma compra, uma troca, a transferência de uma escritura ou uma transferência da cadeia de suprimentos. Sem um intermediário, você pode remover taxas, atrasos, tempos de processamento e supervisão de terceiros. Essa pode ser uma ferramenta poderosa em termos de eficiência.
O valor para as empresas
Um benefício importante para as empresas está na capacidade do blockchain de melhorar certos processos desgastados pelo tempo. Até este ponto, a Harvard Business Review argumenta que o blockchain não é uma tecnologia disruptiva, é um fundamento. Onde houver ineficiências, falta de transparência ou suscetibilidade a fraudes ou atrasos, o blockchain irá melhorá-los, não substituí-los. Provavelmente, levará a novas oportunidades de criação de valor e modelos de negócios, e certamente será uma vantagem competitiva para as empresas que optarem por adotá-lo.
Uma das implementações mais comuns da tecnologia blockchain é um “contrato inteligente”, ou seja, um contrato digital seguro, inviolável e juridicamente vinculativo, com condições associadas. Tudo isso combinado com a velocidade e a transparência do blockchain geram oportunidades para otimizar e acelerar uma infinidade de transações.
Isso porque os contratos inteligentes podem ajudar com: transparência e rastreabilidade; criptografia para transações à prova de adulteração e fraude; redução de desacordos e riscos de contraparte (principalmente em acordos complexos com várias entidades, cada uma com seus próprios processos); redução de custos e despesas gerais operacionais, automatizando certas transações e etapas de autorização e verificação; resiliência e confiabilidade, removendo pontos centrais de falha; e simplificação e eficiência, ao eliminar a necessidade de etapas como depósito e liquidação e intermediários, câmaras de compensação ou parceiros de processamento.
Protocolos enterprise blockchain de código aberto
As empresas têm acesso a protocolos maduros e de código aberto e serviços totalmente gerenciados nos quais os desenvolvedores podem criar suas próprias aplicações privadas ou com permissão limitada, livros contábeis e contratos inteligentes. Alguns projetos de nível empresarial incluem tecnologias e protocolos importantes como: Enterprise Ethereum, Hyperledger, Openchain, Quorum, Corda Enterprise, Polkadot e Avalanche. Esses protocolos subjacentes são a base, mas existem outros componentes para uma pilha de blockchain, como redes de base de dados, redes ponto a ponto e camada de armazenamento – afinal, como os dados geralmente não são armazenados “on-chain”, é necessária uma solução na qual os metadados associados são armazenados e conectados por meio das redes.
E como fica para armazenar tudo isso?
Blockchain pode ser público ou privado, dependendo de como for usado, mas o que nunca pode ser é editado ou excluído. Essa permanência é o fundamento da tecnologia blockchain e terá implicações muito interessantes no gerenciamento de dados.
Cada vez que uma transação ocorre, esses “dados transacionais” são registrados. Pode ser um registro de compra, a passagem de uma remessa ao longo de uma cadeia de suprimentos ou uma conversão de moeda. Cada evento é registrado em todos os nós. Isso é chamado de dados “on-chain”. Quaisquer outros dados relacionados à transação, como detalhes sobre a remessa, imagens do item comprado, data, hora, local etc., não são armazenados diretamente na cadeia. Isso é conhecido como dados “fora da cadeia”.
Então, como as aplicações que precisam aproveitar os dados fora da cadeia também podem aproveitar o blockchain? As redes descentralizadas são a resposta aqui. Essas redes permitem que as aplicações blockchain encaminhem dados fora da cadeia para serem processados e, em seguida, de volta na cadeia, onde podem ser acessados por contratos inteligentes.
Nesse caso, o armazenamento de objetos com alto desempenho se torna fundamental para o gerenciamento de dados em um sistema distribuído. Seja on premise, fora da cadeia ou na nuvem, todos os dados acabam “em uma caixa”. Com o armazenamento de objetos, os dados são armazenados em unidades discretas, cada uma com uma chave e metadados exclusivos que descrevem os detalhes do objeto. É sincronizado com o design blockchain e permite que os dados sejam encontrados, não importa onde estejam armazenados em um sistema distribuído.
Conforme as empresas adotam o blockchain, a necessidade da base certa vai se tornando mais importante do que nunca. Blockchains e gargalos não se misturam, e é justamente por isso que as empresas que buscam inovação buscam também o armazenamento de dados com alto desempenho, elástico e escalonável o suficiente para atender a essas demandas.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.