Como a tecnologia pode preparar as cidades para um futuro com mais inteligência
Rodrigo da Silva Lucion, Furukawa Electric
Conteúdo oferecido por Klint, fornecedora de produtos e soluções de infraestrutura de redes para ambientes industriais, prediais e data centers
Os provedores de serviço de Internet têm um papel importante no desenvolvimento das cidades digitais. Suas infraestruturas de redes espalhadas por várias cidades do país serão cruciais para melhorar a gestão dos municípios e ampliar a prestação de serviços à população.
A pandemia da Covid-19 e o novo cotidiano imposto pela necessidade de isolamento social tornaram ainda mais evidente a importância da transformação digital em diversos segmentos. No caso das cidades, que já vinham investindo em digitalização com foco, principalmente, em serviços de governo eletrônico, a migração para as tecnologias digitais precisou ser acelerada para atender às demandas trazidas pela nova realidade – como, por exemplo, a o ensino remoto com transmissão de conteúdos on-line.
Essa aceleração nas cidades, que deverá continuar na pós-pandemia, só é possível graças aos investimentos feitos em tecnologia e, em particular, em redes de comunicação banda larga. Com a intensificação do uso de redes de fibra óptica baseadas em tecnologia PON – redes ópticas passivas, a barreira da velocidade de conexão está sendo superada, ampliando os horizontes de aplicações e serviços disponíveis nas cidades.
O grande desafio é aproveitar ao máximo essa infraestrutura já existente. Os ISPs – provedores de serviço de Internet têm um papel importante nesta discussão. Suas infraestruturas de redes espalhadas por várias cidades do país serão cruciais para melhorar a gestão dos municípios e ampliar a prestação de serviços à população. A combinação de esforços entre as prefeituras e os ISPs para aproveitar a conectividade e as tecnologias existentes permitirá a inclusão digital dos cidadãos.
IoT – Internet das coisas
Com a IoT os mais variados dispositivos do nosso cotidiano podem ser conectados à Internet e executar tarefas de modo mais automatizado e inteligente, com informações em tempo real.
Do ponto de vista de uma cidade digital, isso permite aproveitar toda a rede que conecta órgãos públicos, escolas, unidades de saúde e de segurança para viabilizar a comunicação com outras áreas de interesse, além de um controle integrado.
Um bom exemplo de área que pode se beneficiar com essa integração é a mobilidade urbana. Caótica em alguns grandes centros urbanos, a mobilidade pode ganhar um controle mais eficiente por meio de tecnologias que promovam a automação de sistemas semafóricos, o monitoramento do tráfego de veículos e o atendimento emergencial em casos de acidentes.
Na saúde, um paciente pode ser submetido a cirurgias de emergência de forma remota, quando não houver condições ou tempo hábil para deslocamento – o que aumenta suas chances de sobrevivência. Na área de segurança, um sistema proativo é capaz de acionar a polícia em casos de atividades suspeitas, por exemplo. Esses são apenas alguns ganhos propiciados pela evolução de uma cidade digital para inteligente.
A riqueza de informações geradas pela Internet das coisas é tão grande que, atualmente, boa parte dos dados acaba sendo subutilizado – algo semelhante ao que aconteceu quando a banda disponível aumentou de forma expressiva e não foi aproveitada adequadamente.
Esse excesso de informações, aliado à falta de um agente capaz de tratá-las de modo coeso, é um dos motivos pelos quais a maior parte das cidades digitais ainda não se tornou inteligente. A inteligência dessas cidades teria um custo financeiro e exigiria recursos especializados que o excesso de informações mal aproveitadas não compensaria. Imagine o que fazer, por exemplo, com todas as informações geradas por um sistema de trânsito, como horários de maior fluxo, tipos de transporte mais comuns, rotas mais utilizadas, placas dos carros, avarias ou cargas irregulares, lugares com maior índice de acidentes, comportamentos perigosos e tantos outros.
Agora, imagine isso em uma cidade que é composta por inúmeros outros sistemas e, ainda, ações preditivas com premissas estatísticas a partir desses dados. Seria praticamente inviável, em termos operacionais, ter pessoas analisando todos esses casos, criando soluções e acionando os responsáveis em tempo real.
Esse patamar, certamente, virá com o big data e a IA – inteligência artificial aplicados de forma analítica às cidades inteligentes. Isso as tornaria ainda mais inteligentes e, de certo modo, autônomas. Com esses recursos de tecnologia, os dados gerados pelos dispositivos IoT podem ser armazenados, classificados e ficar disponíveis para consulta por todos os sistemas. Nesse modelo, uma aplicação de monitoramento por câmeras de segurança, por exemplo, pode evoluir para um sistema de prevenção, com análise de comportamentos capaz de indicar a intenção de violação da lei. Mais do que isso, o sistema permitiria determinar, ao longo do tempo, os locais, horários e circunstâncias mais propícios à ocorrência de crimes, mapeando o posicionamento das forças policiais de forma eficiente.
No caso da saúde, seria possível criar campanhas proativas, utilizando estatísticas do sistema, ou direcionar recursos especiais para áreas específicas, com base em históricos de eventos ou no aumento de endemias (como casos de dengue), de forma muito mais rápida e precisa. Além disso, o sistema poderia permitir que o planejamento de um tratamento médico fosse feito com base em informações de hereditariedade do paciente – por meio de consultas e diagnósticos de seus pais.
As possibilidades são muitas e a tecnologia hoje permite caminhar nessa direção. Atualmente, já existem iniciativas envolvendo o uso de big data e desenvolvimentos em IA para que essas informações possam ser retroalimentadas visando a aprendizagem dos sistemas.
A verdade é que as cidades já passaram do estágio de totalmente manuais, sem conectividade e com carência de informação. Hoje, elas estão semiautomatizadas, com conectividade e a caminho do excesso de informação. No futuro próximo, além de conectadas, as cidades poderão estar automatizadas e com as informações sendo aproveitadas em benefício de uma melhor gestão e da oferta de serviços eficientes e adequados às demandas de seus cidadãos.