Como definir o futuro da nuvem de telecom
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
Os provedores de telecomunicações estão na vanguarda do design e da inovação de redes há décadas. Nos últimos anos, a mudança se acelerou com a virtualização das funções de redes e com as mudanças dessas funções nativas da nuvem.
Entre preocupações operacionais e com a saúde dos negócios, um tema que foi para o topo das agendas dos líderes do setor é o cuidado com o meio ambiente. Afinal, a indústria de Telecom é responsável por 1,6% da emissão global de CO21, um número que está crescendo rapidamente diante do aumento de dados. Os provedores estão de fato se movimentando para minimizar esse impacto, apostando fortemente no apoio da tecnologia.
A nuvem de Telecom percorreu um longo caminho ao longo dos anos e vamos analisar até onde ela chegou e o que será necessário para que continue um sucesso no futuro.
A origem
Nos primórdios da Internet, por volta do final dos anos 1990, quando um você ligava para um provedor de internet via modem e ouvia os famosos sons característicos dessa discagem, o RAC era o aparelho do outro lado que atendia a ligação. Isso nada mais era do que um monte de modems em uma caixa, colocados em um rack de data center e conectados à rede.
Nesse período de origem da nuvem de telecom, os dispositivos de hardware desenvolvidos para fins específicos ofereciam todas as funções. Uma caixa atendia chamadas, outra caixa fornecia serviços VPN, outra fornecia autenticação do usuário e assim por diante. As caixas estavam por toda parte, cada uma exigindo experiência em dispositivos e ciclos separados de atualização e de plataformas de gerenciamento. Era confuso e ineficiente, embora, ao mesmo tempo, fosse confiável e resiliente. Dispositivos personalizados são coisas do passado, mesmo que ainda existam em muitas redes.
Mas, afinal, quando chegou o presente?
Enquanto a nuvem de telecom do passado tem uma linha do tempo um tanto confusa, a do presente tem uma data de nascimento: 22 de outubro de 2012. Nesse dia nasceu o conceito de NFV – Virtualização das Funções de Redes e isso foi um passo revolucionário para o setor.
A NFV permitiu que as diversas funções dos equipamentos personalizados migrassem de hardware específico para as máquinas virtuais. Isso trouxe economia, simplificação e portabilidade a níveis marcantes. A maioria dos provedores mudou para NFV, pelo menos até certo ponto. Até porque, como sabemos, leva muito tempo para fazer a transição completa de algumas das maiores redes do mundo.
Então vem um ponto importante: o gerenciamento em escala pode ser complexo com máquinas virtuais. O desempenho também pode ser um desafio, dependendo do hardware usado. Da mesma forma, as atualizações e migrações de hardware podem causar interrupções e todas essas características de arquitetura são inaceitáveis para as operadoras de redes modernas.
O futuro será o que fizermos
A nuvem do futuro das telecomunicações já está entre nós, pelo menos em parte – na forma de CNF – Funções de Redes Nativas da Nuvem. A verdadeira nuvem do futuro será totalmente baseada em contêineres e Kubernetes em vez de VMs, e essa será a única maneira de fornecer serviços com tecnologia 5G de maneira eficiente e eficaz em escala, principalmente na borda. Os contêineres fornecem a automação e a resiliência necessárias, com suporte para DevSecOps, monitoramento global e geração de relatórios.
À medida que o 5G ganhar mais espaço em serviços de borda, a quantidade de dados aumentará exponencialmente, exigindo mais capacidade de armazenamento. Outro aspecto crítico para as telecomunicações é o consumo de energia e o espaço em rack. Os data centers não são infinitos em tamanho e não têm poder ilimitado.
E, apesar de estarmos falando de futuro, com a velocidade das mudanças no cenário tecnológico, sabemos que esse futuro pode chegar muito antes do que o previsto. É justamente por isso que é fundamental que as operadoras estejam preparadas com ferramentas capazes de fornecer armazenamento denso e baixo consumo de energia.
Gostaria de usar como exemplo um grande provedor de telecomunicações, que recentemente modernizou algumas matrizes de armazenamento legadas. Essa empresa aumentou sua capacidade efetiva de armazenamento em 188%, o que era necessário para suportar novas aplicações. No entanto, mesmo quando estavam quase dobrando a capacidade de armazenamento, reduziram o espaço físico em 93%, economizando 322 unidades de rack. Além disso, o provedor reduziu o KWH em 90% e os BTUs em 89%, proporcionando uma economia absurda de energia. Isso é uma vitória para todos, inclusive para o meio ambiente.
A chave para a nuvem de telecom é simplificar drasticamente a implementação de aplicações em contêineres, cuidando de diversas operações críticas de armazenamento. Operações essenciais de dados do setor, como backup, recuperação de desastres, migrações de nuvem, segurança e gerenciamento de capacidade, são fornecidas por serviços de dados nativos do Kubernetes. É fundamental ser capaz de operar em várias nuvens públicas e com qualquer infraestrutura de armazenamento físico, com todo o suporte necessário de forma integrada para obter benefícios que transformam os negócios.
Isso libera os operadores para trabalhar com infraestrutura existente e/ou parceiros de nuvem e permite que alterem facilmente os ativos e parceiros do data center ao longo do tempo, com a flexibilidade necessária para entrar em novos mercados para serviços de Telecom que se expandirão à medida que a conectividade 5G estiver mais amplamente disponível.
Um dos desafios aqui será evitar soluções de propriedade limitada, que prendem os usuários e limitam a flexibilidade e a escolha. Embora a nuvem do futuro seja uma grande promessa, existe uma maneira mais simples de trilhar agora o caminho até lá? É claro que existe. Como diz o saudoso Dr. Brown em De Volta para o Futuro: “Seu futuro é o que você fizer dele. Portanto, faça-o bem”.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.