Como garantir a segurança dos dados quando a IA impera?
Fernando Ortega, CISO da Paschoalotto
Com o avanço da IA – inteligência artificial e sua crescente incorporação em diversos aspectos de nossa sociedade, a segurança de dados emergiu como uma preocupação de suma importância. Enquanto a IA oferece uma ampla gama de benefícios, incluindo ganhos de eficiência, produtividade e inovação, ela também traz consigo desafios consideráveis no que diz respeito à proteção e privacidade das informações.
Um dos principais pontos de atenção na era da IA é a salvaguarda da privacidade dos dados. Com a coleta e análise de grandes volumes de dados pessoais, há o risco iminente de violações de privacidade e exposição de informações sensíveis. Algoritmos sofisticados possuem a capacidade de identificar e até mesmo reidentificar indivíduos, mesmo em conjuntos de dados aparentemente anônimos, suscitando preocupações sobre o uso indevido e não autorizado dessas informações.
De acordo com um estudo recente conduzido pelo SAS em colaboração com o IDC, o Brasil se destaca como líder na adoção de IA na América Latina, com 63% das empresas já utilizando essa tecnologia em suas operações, superando a média regional de 47%. Setores como o financeiro, varejo e manufatura estão na dianteira desse avanço tecnológico. Ademais, 90% das empresas brasileiras investem em dados e ferramentas de analytics para identificar tendências e padrões de consumo.
Entretanto, à medida que a automação e a conectividade aumentam, a segurança cibernética emerge como uma preocupação crítica. Os sistemas de IA podem se tornar alvos para ataques cibernéticos, tais como roubo de dados, violações de segurança e sabotagem.
A entrada em vigor da LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados em 2020 representa um marco na gestão e proteção das informações pessoais no Brasil. Esta legislação visa regular o tratamento de dados por organizações públicas e privadas, estabelecendo princípios fundamentais como consentimento do titular, transparência nas operações, acesso e correção de informações, bem como a responsabilidade das empresas na proteção dos dados pessoais.
Contudo, mesmo com a promulgação da LGPD, novos desafios emergem em meio à crescente onipresença da inteligência artificial. À medida que a IA se integra cada vez mais às operações cotidianas, questões éticas e de privacidade ganham destaque.
Diante desse cenário, é essencial reforçar as técnicas de anonimização e estabelecer padrões rigorosos de proteção de dados. Além disso, é imperativo repensar nossos valores e abordagens em relação à IA.
A educação e a conscientização desempenham um papel crucial nesse processo. As pessoas devem compreender como seus dados são coletados, utilizados e compartilhados. Da mesma forma, as empresas devem ser transparentes sobre suas práticas de coleta e uso de dados, assegurando políticas de privacidade claras e elucidando o funcionamento dos algoritmos.
Proteger nossos dados pessoais não é apenas uma questão ética, mas também uma obrigação legal. Com conscientização e práticas de segurança robustas, podemos garantir que nossa privacidade seja preservada, mesmo em um cenário cada vez mais permeado pela IA.