Como melhorar a proteção de dados em um mundo conectado
Renan Salinas, CEO & Founder da Yank Solutions
Nos últimos anos, a automação de processos transformou profundamente o cenário empresarial, oferecendo eficiência e velocidade nunca imaginadas. Entretanto, junto com a revolução automatizada, surgiu uma nova fronteira de desafios, especialmente no que se refere à segurança da informação. Quando máquinas tomam decisões baseadas em grandes volumes de dados, como proteger esses dados? Como garantir que a automação, projetada para facilitar, não se torne a porta de entrada para ataques cibernéticos, comprometendo informações valiosas?
A segurança em automação de processos vai muito além de instalar firewalls ou investir em antivírus poderosos. É um terreno complexo, onde a proteção de dados exige uma combinação estratégica de tecnologia avançada, boas práticas de gestão e uma cultura organizacional que priorize a segurança em todos os níveis. Vivemos em um mundo hiperconectado, onde dispositivos IoT – Internet das coisas, sistemas de automação de manufatura e softwares de gerenciamento de supply chain estão em constante comunicação, trocando dados e tomando decisões.
Essa conectividade trouxe eficiência e competitividade, mas também abriu portas para vulnerabilidades. Cada ponto de contato de um sistema automatizado representa uma possível brecha para cibercriminosos, desde sensores na fábrica até servidores em nuvem que armazenam grandes volumes de dados sensíveis. A partir de uma única vulnerabilidade, hackers podem acessar informações confidenciais ou comprometer a integridade de sistemas críticos. Por isso, a automação de processos deve ser concebida com a segurança em mente desde sua base.
Neste contexto, a mentalidade de segurança baseada em “confiança” já não se sustenta. Uma estratégia emergente que ganha cada vez mais espaço é o Zero Trust (Confiança Zero), que pressupõe que ninguém, dentro ou fora da rede, deve ser automaticamente confiável. Cada ponto de interação deve ser autenticado, verificado e monitorado. Esse conceito é especialmente importante em automação de processos, onde decisões são tomadas de forma autônoma.
Ao aplicar o Zero Trust, sistemas automatizados não concedem permissões amplas sem antes validar se aquele processo ou máquina tem realmente a autorização necessária para acessar certos dados ou executar determinadas funções. Isso cria uma camada adicional de proteção, minimizando o risco de ataques internos ou externos.
Além disso, uma das principais ferramentas de proteção de dados é a criptografia. Em sistemas automatizados, onde informações são processadas e transferidas rapidamente entre diferentes módulos, garantir que esses dados estejam devidamente criptografados, tanto em trânsito quanto em repouso, é essencial. A criptografia age como uma barreira, transformando dados sensíveis em um código ilegível para aqueles que não possuem a chave de decriptação. No entanto, a criptografia sozinha não é suficiente.
A gestão de dados desempenha um papel crucial. Muitas empresas negligenciam o básico: saber onde seus dados estão armazenados, quem tem acesso a eles e como estão sendo usados. A automação só pode funcionar de maneira segura se os fluxos de dados forem mapeados e controlados. Portanto, implementar políticas de governança de dados, que incluem a classificação de informações com base em seu nível de sensibilidade, garante que dados críticos recebam a proteção adequada.
A mesma tecnologia que conduz a automação de processos — a IA – inteligência artificial — também está se tornando uma aliada essencial na segurança da informação. Ferramentas de IA e machine learning podem monitorar padrões de comportamento em sistemas automatizados e detectar anomalias em tempo real. Isso significa que, antes mesmo de uma vulnerabilidade ser explorada, o sistema pode reagir, bloquear acessos suspeitos e acionar alertas para a equipe de TI.
A integração de IA em estratégias de segurança oferece uma vantagem significativa na mitigação de ameaças avançadas e persistentes (APT, na sigla em inglês). Ao aprender continuamente com dados coletados de diversas fontes, sistemas de IA podem prever comportamentos maliciosos e ajustar suas defesas de forma proativa, adaptando-se rapidamente às novas táticas dos atacantes.
Apesar de todas as ferramentas tecnológicas disponíveis, o elo mais fraco em qualquer sistema de segurança é o fator humano. Automatizar processos não elimina a necessidade de treinar as pessoas que operam ou interagem com esses sistemas. Promover uma cultura de segurança, onde todos os colaboradores compreendam a importância da proteção de dados e saibam como agir de maneira responsável, é vital.
Isso inclui a realização de treinamentos periódicos, campanhas de conscientização sobre phishing, práticas de senhas seguras e procedimentos de resposta a incidentes. Ao criar um ambiente em que a segurança é vista como responsabilidade coletiva, as empresas reduzem consideravelmente o risco de erros humanos que podem comprometer seus sistemas automatizados.
Companhias que demonstrarem um compromisso sólido com a proteção de dados terão uma vantagem significativa no mercado, conquistando a confiança de seus clientes e parceiros. Afinal, ninguém quer investir em um serviço ou produto que possa expor dados sensíveis a riscos. Portanto, a busca por soluções de segurança robustas deve ser constante e adaptável.