Como planejar a transição de carreira
Edgar Amorim, Analista comportamental e coach, da Amorim & Pimentel
Espera-se uma transformação profunda no mercado de trabalho nas próximas décadas. O número de pessoas que pensa em mudar de carreira aumentou nos últimos anos – seja por desejo próprio ou pela perda de emprego. Existem muitas dúvidas sobre a nova carreira a escolher.
Muitos já decidiram, mas têm receio de trocar algo que lhes garante receita mensal pela incerteza. Hoje, é muito mais difícil escolher uma carreira, imagine mudar.
Como tudo na vida, sempre há riscos e não devemos desprezá-los, mas não podemos congelar. Devemos considerá-los como alertas para fazer um planejamento cuidadoso.
Vou citar o meu próprio exemplo. Minha primeira graduação foi de engenheiro eletrônico. Aos dez anos de idade vi uma propaganda na TV que apresentava um brinquedo e que chamou muito a minha atenção. O seu nome era “Philips Engenheiro Eletrônico”. Com ele era possível “brincar” de montar circuitos de rádio, sirenes e tantos outros dispositivos. No natal daquele ano eu ganhei o brinquedo e foi aí que descobri a carreira que queria seguir.
No final de 1985 estava graduado como Engenheiro Eletrônico. Ao mesmo tempo em que eu era apaixonado por bits e bytes, também gostava muito compreender como funciona o ser humano e queria fazer psicologia. Porém, fui cuidar da minha carreira e acabei me especializando em redes de computadores, tendo acompanhado todo o seu desenvolvimento e evolução – desde o RS232, passando pelo cabo coaxial, até o atual mundo de Ethernet e Internet.
Trabalhei com fabricantes de equipamentos para redes de computadores e aprimorei o meu inglês. Posteriormente, à medida que assumia cargos de gestão, busquei especialização na área e fiz um MBA em administração de negócios. Percebi que gostava muito de dar aulas e acreditava com a aposentadoria poderia me dedicar a essa atividade.
Por circunstâncias de mercado fiquei sem emprego numa determinada época e decidi dar aulas. Foi muito legal, no entanto, ministrar aulas em cursos de graduação dá um trabalho enorme e ainda o professor tem que suportar indisciplina, desinteresse e tantas outras coisas – o que eu não vislumbrava quando fora da atividade. Alias, cabe aqui votos de louvor aos professores – classe tão importante e pouco valorizada com ações concretas.
Então, ministrar aulas em cursos de graduação estava descartado. Surgiu uma oportunidade e fui fazer uma pós-graduação em sociopsicologia. Com isso, eu entrava um pouco mais no mundo do comportamento humano, sem ter a necessidade de fazer uma graduação completa em psicologia.
Posteriormente, impulsionado pela situação econômica do país, que aumentou o desemprego, fiz três formações em coaching, com a intenção de trabalhar com coaching administrador. Assim, poderia aproveitar a minha experiência corporativa e unir a atuação com o desenvolvimento de pessoas.
A partir daí minha meta foi transformar essa atividade como principal. No início é sempre muito difícil. As pessoas estranham e também é preciso trilhar caminhos em novos mercados – o que exige um esforço grande de divulgação.
Mesmo iniciando uma nova atividade ainda foi necessário manter o pé na carreira anterior. Por fim, neste ano virei a chave e estou 100% voltado para a nova carreira de instrutor em programas de desenvolvimento comportamental e coaching.
Ainda existem desafios e tenho conquistado pequenos, mas consistentes, ganhos dia a dia. Para terminar, vale a pena mencionar que esta mudança de carreira começou há mais de 10 anos.
Tudo isso que contei é para você que pretende mudar de carreira. E você que pensou em mudar de carreira, já criou o seu plano? Dificuldades sempre vão existir, com ou sem mudança. Então planeje, arregace as mangas e ponha o seu plano prática.
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.