Como se proteger do sequestro de dados
Longinus Timochenco, da Stefanini Rafael
Baltimore é a maior cidade em termos populacionais de Maryland, nos EUA, com mais de 620 mil habitantes. Nos últimos meses, diversos serviços importantes da cidade foram paralisados, como venda de imóveis e pagamentos de conta de água, infrações de trânsito e outros impostos. O motivo da interrupção? Um ataque hacker do tipo ransomware, que sequestra dados e impõe um valor, em bitcoins, para a liberação das informações.
Os ataques cibernéticos aumentam à medida que cresce a conexão com a Internet. Da mesma forma que consegue parar uma cidade inteira, o sequestro virtual pode afetar o funcionamento de fábricas, hospitais, lojas e outras empresas dos mais diversos segmentos e tamanhos.
Estudos revelam que os EUA são os mais afetados pelos ataques ransomware. O Brasil é o segundo na lista, seguido, respectivamente, pela Índia, Vietnã e Turquia.
Além do grande número de ataques, os hackers reinventam, frequentemente, suas táticas de golpes para tornar os crimes cibernéticos mais poderosos e menos fáceis de serem detectados, colocando milhões em risco pelo mundo. Segundo dados do relatório da Marsh & McLennan Companies, as empresas já tiveram mais de US$ 1 trilhão em prejuízos causados por cibercriminosos.
Um exemplo da complexidade dos ataques é o vírus WannaHydra, uma espécie de evolução do WannaCry, que em 2017 usou uma vulnerabilidade do Windows para sequestrador dados de diversas empresas e órgãos governamentais pelo mundo. O WannaHydra foi detectado este ano e tinha como alvo os clientes de grandes bancos brasileiros, combinando diversos tipos de malware para, além de sequestrar dados, coletar informações do usuário sem consentimento (spyware), roubar senhas de serviços bancários (trojan bancário), entre outros crimes.
A falta de preocupação com a segurança cibernética é um dos motivos para o sucesso dos ataques hackers. Assim como em diversas situações, há a crença de que só acontecerá com o outro. As pequenas empresas costumam ter esse pensamento, pois acreditam que serão menos visadas justamente por conta do tamanho da operação.
A melhor forma de evitar ser vítima de um sequestro de dados é perceber a importância da segurança digital e atuar de forma preventiva. Fazer backup constantemente, ficar atento às informações sobre as ameaças, manter os softwares atualizados e com as configurações corretas são tarefas básicas para garantir a segurança dos dados.
A companhia também pode utilizar tecnologias que criam sistemas internos mais robustos e colaboram para aumentar a segurança digital. Além disso, é importante investir na educação dos colaboradores, consumidores e todas as pessoas envolvidas diretamente com a companhia. Os principais golpes são causados por falta de conhecimento ou um descuido, como um clique em um link malicioso que infecta todo o sistema corporativo.
Não há como estar 100% protegido, mas ao tomar as medidas citadas as chances de ter problemas com sequestros de dados ou outros crimes cibernéticos caem, e muito.
É CISO – Chief Information Security Officer & Diretor de Governança Corporativa na KaBuM!. Tem mais de 25 anos de experiência em tecnologia e possui forte atuação em defesa, governança corporativa, risco & fraude, compliance e gestão de TI. Membro do Comitê Brasil de Segurança da Informação ISO IEC JTC1 SC 27 na ABNT Brasil, Timochenco desenvolveu uma série de trabalhos junto a consultorias e grandes corporações globais no gerenciamento de projetos estratégicos, auditorias e combate a crimes cibernéticos. Premiado – Security Leaders Brasil 2014 e 2016.