Quais são as competências que todo bom profissional deve ter?
Edgar Amorim, Analista comportamental e coach
Um problema só é resolvido quando é diagnosticado corretamente e muitas vezes queremos solucioná-lo analisando apenas os sintomas. Por exemplo, se os negócios de uma determinada marca de sabonete, campeão de vendas por muitos anos, começam a cair, qual ação deve ser tomada? Trocar a embalagem? Oferecer novos aromas? Diminuir o tamanho? Lançar uma nova marca? Há muitos motivos e a primeira atitude a ser tomada é buscar a causa real da ocorrência. Enquanto não se determinar claramente a causa raiz do problema, fica muito difícil tomar uma ação.
Isso vale para qualquer questão que nos deparamos. É preciso tomar posse, consciência e, então, realizar as medidas necessárias para resolver o assunto.
Com a nossa carreira profissional acontece a mesma coisa. Quando falamos de competências técnicas (hard skills) é muito claro onde buscar o desenvolvimento, mas quando o tema é a competência relacional (soft skills) a situação complica um pouco. Muitas são as opções e preços, além disso tem muita gente aventureira se dizendo “especialista” nisso ou naquilo, mas na realidade falta preparo adequado e sobra “cara de pau”. Existem casos de empresas que contrataram um coaching e poucos meses depois dispensaram o serviço, pois o cunho é muito mais cunho motivador do que, propriamente, o desenvolvimento de competências.
Para ajudar um pouco nesse cenário complicado, uma empresa norte-americana, após uma série de pesquisas, identificou quais são as competências relacionais e comportamentais necessárias para vários cargos.
De um modo geral, as seguintes competências foram identificadas para um profissional com excelência em suas atividades:
• Julgamento decisivo – Tomar boas decisões de maneira oportuna e confiante. Pessoas que demonstram esta competência tomam decisões sensatas com convicção e de maneira oportuna. Após terem considerado as alternativas e possíveis consequências, elas podem decidir uma direção a seguir, assumindo a responsabilidade pelas suas decisões.
• Adaptável a mudanças – Adaptação a situações mutáveis, reestruturação de tarefas e prioridades durante os processos de mudança nos negócios e na organização. Pessoas capazes de se adaptar a mudanças são flexíveis. Estão abertas a novidades, não se baseando, demasiadamente, em velhos métodos e processos.
• Planejamento e organização – Organizar e planejar, de maneira eficaz, o trabalho, de acordo com as necessidades organizacionais, definindo metas e previsão das necessidades e prioridades. Pessoas que são competentes em planejar e organizar administram o seu tempo e o dos outros. Lidam de forma eficiente com exigências múltiplas e prazos conflitantes. Identificam metas, desenvolvem planos, calculam espaços de tempo e monitoram o progresso.
• Obtenção de resultados – Manter um nível elevado de comprometimento para, pessoalmente, alcançar realizações. Pessoas que são competentes em obter resultados assumem a responsabilidade pessoal de alcançá-los e trabalham eficazmente com pouca direção. São confiáveis e responsáveis.
• Flexibilidade – Tratar problemas, pressões e estresses relacionados ao trabalho de maneira profissional e positiva. Pessoas flexíveis mantém uma atitude positiva mesmo diante das frustrações, pressões ou mudanças. Elas se recuperam rapidamente quando enfrentam obstáculos ou conflitos.
• Trabalho em equipe e colaboração – Trabalhar e colaborar com outros em favor de um objetivo comum. Essas pessoas constroem e mantém relacionamentos de trabalho cooperativo com os outros. Completam suas próprias tarefas para os projetos do grupo de uma maneira responsável e oportuna, contribuindo diretamente para alcançar o objetivo do grupo.
• Comunicação interpessoal – Comunicação clara e eficaz com profissionais dentro e fora da organização. Pessoas que são competentes na comunicação interpessoal ouvem de forma eficaz e desenvolvem empatia com outros. Elas são hábeis em articular claramente os seus pensamentos e ideias, apresentam as informações de um modo direto e lógico, assegurando-se de que serão compreendidas. Compartilham informações com outros que irão aperfeiçoar o progresso geral do trabalho.
• Excelência funcional – Ter capacidade, conhecimentos e habilidades necessários para ser eficaz dentro do conteúdo funcional específica de uma função. Pessoas que demonstram excelência funcional são competentes nas áreas funcionais importantes e necessárias ao cargo. Elas têm formação, treinamento e/ou experiência necessária para realizar bem suas funções.
• Integridade – Manter um alto padrão de justiça e ética nas palavras e ações do dia a dia. Pessoas que demonstram esta competência são conscientes e confiáveis. Comportam-se com ética e honestidade ao lidar com a gerência, pares, clientes e profissionais que se reportam diretamente a elas. São justas em suas expectativas com relação aos outros e dão tratamento igual para todos.
Existe um teste que avalia o nível da cada competência do indivíduo. Ele não pode estar baixo ou alto demais em alguns casos. Depois de obter o resultado é possível trabalhar para desenvolver adequadamente as competências fora da intensidade adequada.
Porém, ao conhecer essas competências, já é possível entender quais delas podem ser aprimoradas para melhorar o nosso dia a dia profissional.
Leia cada um dos itens acima e faça uma análise sincera buscando a resposta para as perguntas: quais são as competências que possuo e estou usando de forma adequada?; e quais são as competências que preciso desenvolver?
Para as competências a desenvolver, reflita o que você deve fazer, elabore um plano de ação de curto e médio prazos e se comprometa com a realização da tarefa.
O desenvolvimento de novas competências relacionais e comportamentais requer mudanças de hábitos e isso não é fácil (mas não é impossível).
Arregace as mangas e mãos à obra.
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.