Confinamento de corredores em data centers
Marcelo Barboza, da Clarity Treinamentos
Já mostrei a importância de uma boa gestão do fluxo de ar na refrigeração dos computadores de um data center. É uma boa ideia ler o artigo antes deste, pois explico os três principais problemas na gestão do fluxo de ar: ar frio desviado, recirculação do ar quente e pressão negativa. Neste artigo, vamos rever esses problemas e apresentar as soluções de confinamento de corredores, que complementam as práticas mostradas no artigo citado.
Vamos recordar esses principais problemas com a figura abaixo.
É necessário evitarmos esses problemas com medidas, como:
• Fechar as posições de rack não utilizadas com tampas cegas.
• Não deixar espaços entre os racks da fileira.
• Selar as passagens de dutos e cabos que atravessam o pleno de fornecimento de ar frio (geralmente, o piso elevado).
• Não colocar saídas de ar frio em locais que não sejam os corredores frios.
Mesmo com todas essas medidas, ainda há locais por onde o ar frio ou o ar quente consegue escapar de seu corredor e acaba ocorrendo a mistura indesejada do ar quente com o frio: pelo topo e pelo final dos corredores, onde indicado pelas setas amarelas na figura abaixo.
É aí que entra a solução do “confinamento de corredores”, visando fechar esses dois locais (topo e final de corredores), evitando a mistura do ar quente com o frio. Podemos confinar o corredor quente ou o frio, usando anteparos sobre os racks e portas ao final dos corredores.
Confinamento do corredor frio
Ao confinar o corredor frio, evitamos que o ar resfriado fornecido pelo CRAC se desvie por qualquer outro lugar. A única maneira de ele retornar ao CRAC é passando por meio dos computadores instalados nos racks. É claro que precisamos fechar quaisquer outros potenciais “buracos” por onde o ar poderia sair.
As principais características desta solução são:
• Menos volume de ar frio.
• O resto da sala é quente, o que poderia ser um problema para a instalação de equipamentos “stand alone” (fora de rack ou “de piso”), pois poderiam sobreaquecer.
• Maior uniformidade na temperatura do corredor frio.
• É mais fácil de ser aplicada quando os racks são padronizados.
Cuidado para não pressurizar demais o corredor frio, senão o ar acaba se “desviando” por dentro dos computadores, ou seja, passa através deles mesmo não havendo muita necessidade.
Confinamento do corredor quente
Nesta solução, evitamos que o ar quente retorne aos computadores criando um “duto” entre o corredor quente e o retorno do CRAC. Esse retorno pode ser “dutado” ou por meio do plenum formado pelo forro. Na figura abaixo, o suprimento de ar frio não precisaria ser feito por sob o piso elevado, poderia também ser feito pelo ambiente.
As principais características dessa solução são:
• Maior volume de ar frio (o restante da sala).
• O resto da sala é fria, permitindo a instalação de equipamentos “stand alone” sem problema de superaquecimento.
• O corredor quente fica muito quente, potencialmente levando a problemas de saúde ocupacional se alguém precisasse ficar muito tempo ali, pois esse corredor pode facilmente passar dos 40°C.
• É mais fácil de ser aplicada quando os racks são padronizados.
Rack chaminé
Esta é uma outra forma de confinamento do corredor quente, só que sem a criação do corredor quente em si. Cada rack confina seu próprio ar quente, possuindo portas traseiras seladas e uma chaminé que permite o retorno do ar quente ao CRAC por meio de dutos ou do plenum superior.
Suas principais características são:
• Não tem corredor quente, evitando problemas de salubridade para quem precisar ficar atrás dos racks por muito tempo.
• O resto da sala é fria.
• Layout mais flexível, não necessitando a criação de corredores paralelos.
• Exige racks apropriados para tal solução, mas não precisam ser todos iguais.
Conclusão
Existem diversas alternativas para a implementação do confinamento de corredores. Cada uma delas tem suas características, vantagens e desvantagens. De qualquer forma, implantar o confinamento é melhor do que não fazê-lo, qualquer que seja a solução adotada. Só não podemos descuidar dos demais pontos de atenção com relação à gestão do fluxo de ar.
Marcelo Barboza é formado no Mackenzie, atua no desenvolvimento e aplicação de cursos e consultoria em cabeamento estruturado e em projetos de telecomunicações em data centers. Instrutor oficial no Brasil para a Fluke Networks (certificação de cabos de cobre e fibra óptica), Panduit (instalação de cabeamento estruturado) e DCProfessional (fundamentos e eficiência energética de data centers). Certificado pela DCProfessional (Data Center Specialist – Design), pela BICSI (RCDD, DCDC e NTS) e pelo Uptime Institute (ATS).