Conheça as três cidades mais inteligentes do país e descubra o que elas têm em comum
O artigo mostra as experiências de três cidades brasileiras eleitas pelo Ranking Connected Smart Cities, de 2019, como as mais inteligentes e conectadas do país.
Por Amilto Francisquevis, assessor de mercado do ICI – Instituto das Cidades Inteligentes
Cidades inteligentes estão ganhando cada vez mais visibilidade no país. A preocupação em unir gestão municipal com tecnologia para melhorar a infraestrutura e qualidade de vida virou, inclusive, pauta do Senado. Recentemente, foi solicitada uma audiência pública para discutir a implantação de cidades inteligentes no Brasil e apurar os programas do MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações para isso.
A tecnologia é imprescindível para a viabilização de serviços públicos de maneira prática. A última edição do Ranking Connected Smart Cities, de 2019, que tem como objetivo definir as cidades com maior potencial de desenvolvimento no Brasil, avaliou 700 cidades brasileiras, levando em consideração 70 indicadores distribuídos nos eixos de mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança. Campinas, SP, conquistou o primeiro lugar geral. São Paulo e Curitiba, PR, ficaram com o segundo e terceiro lugar, respectivamente.
A maior cidade do interior paulista se destaca, principalmente, no quesito economia, com independência do setor público, uma vez que 94,5% dos empregos formais não estão na administração pública. Outras questões que chamam a atenção são a tecnologia e a inovação. Campinas conta com cinco parques tecnológicos e cinco incubadoras de empresas e apresenta 4,9% de crescimento do número de entidades de tecnologia, mesmo em período de crise econômica. Conhecida como o Vale do Silício brasileiro, a região possui cerca de mil pesquisadores e empresas que somam mais de cinco mil colaboradores.
Campinas também figura entre as cidades com maior índice de mobilidade: está aumentando os investimentos em veículos elétricos e a mobilidade sustentável. O município conta com mais de dez ônibus e três táxis elétricos, além de ter dez eletropostos, que são pontos de recarga para veículos elétricos. Também está com projetos para aumentar o número de ciclovias na região, chegando a 69 km.
Os 2,82 km de modais de transporte coletivo de massa, os 3,87 km de ciclovia para cada 100 mil habitantes e os 32 destinos aeroviários em Congonhas, além da facilidade de acesso a Guarulhos, fazem da grande São Paulo uma referência em mobilidade urbana. Apesar de famosa pelo trânsito, a cidade chama a atenção por oferecer opções mais amigáveis ecologicamente, como as mais de 10 mil bicicletas espalhadas pela capital e os patinetes elétricos compartilhados. Além disso, o transporte rodoviário interestadual tem ramificação para quase 700 destinos.
Já na capital paranaense, a tecnologia também é muito explorada para aproximar a população da gestão pública e aumentar a participação do cidadão. Alguns exemplos são os aplicativos desenvolvidos para facilitar essa integração. Entre eles estão o Curitiba 156 (possibilita ao cidadão acesso a uma lista de serviços públicos, como solicitações sobre iluminação pública, coleta de resíduos, transporte público); o Saúde Já (faz o agendamento do primeiro atendimento e direciona o usuário a consultas, exames e serviços específicos); o Curitiba App (permite ao usuário acessar mais de 600 serviços do município, como os relacionados à cultura, habitação, assistência social); o Nota Curitibana (incentiva o contribuinte a pedir Nota Fiscal no setor de serviços); e o portal Fala Curitiba (a população indica prioridades para inclusão na Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual do município).
No quesito urbanismo, Curitiba está à frente e se tornou referência para outros locais ao redor do mundo. A cidade possui 100% de atendimento urbano de água e de esgoto e toda a população (urbana) vive em área de médio e alto adensamento. O investimento da capital paranaense em urbanismo chega a R$ 602,60 por habitante. Os terminais de integração e a criação da CIC – Cidade Industrial de Curitiba são outros exemplos de urbanismo.
Hoje, a tecnologia consegue mudar os padrões, as formas de se fazer negócio e os próprios negócios em si. Cidades inteligentes devem ser criativas, sustentáveis e fazer o uso da tecnologia para apoiar as soluções e transformar os municípios, tendo como foco principal o cidadão.
O uso da tecnologia abre portas para maior integração. Uma cidade inteligente não olha para os setores de maneira isolada. Todos fazem parte de um ecossistema integrado que afeta o dia a dia do cidadão. O processo é gradativo e exige colaboração não só da gestão pública, mas também dos próprios cidadãos. É importante listar os potenciais da cidade, bem como as suas características e pensar em soluções que atendam a realidade e a necessidade de todos.
As novas tecnologias irão proporcionar às cidades um grande avanço e serão as pessoas que estarão fazendo uso de tudo isso, o que exigirá evolução da forma como nós interagimos e as utilizamos. É fundamental a conscientização dos cidadãos quanto ao seu papel e responsabilidade na construção de cidades mais inteligentes, num processo em que eles são o agente de transformação e os principais usuários da cidade. As mudanças serão cada vez mais rápidas, impactantes e inevitáveis e o que será preciso é resiliência.