Controle de acesso e proteção contra incêndio em data centers
Os sistemas de controle de acesso e proteção a incêndio são fundamentais para garantir a segurança dos dados e da infraestrutura nos data centers.
Mário Moreira, colaborador da Infra News Telecom
Por se tratar de local sensível para qualquer empresa, o data center só pode ser frequentado por poucos profissionais – aqueles indispensáveis à sua operação. O acesso ao ambiente onde ficam os servidores, portanto, precisa ser rigorosamente controlado para impedir a entrada de estranhos que representem ameaça à segurança dos dados.
Assim, é necessário um sistema informatizado de controle de acesso para permitir o ingresso no local apenas de pessoas pré-selecionadas. Isso passa pelos horários e pelo perfil do usuário, ou seja, por que razão aquele profissional pode entrar no data center naquele horário específico. “Caso ele não esteja autorizado, o software consegue identificar o intruso e alertar os responsáveis”, diz Juveniano Paiva, gerente de projetos da empresa Data Center Solutions, fornecedora de soluções de ponta a ponta para ambientes de TI.
O sistema pode utilizar três tipos de acesso: por biometria; cartão magnético; e teclado numérico. No caso de data centers maiores, as empresas possuem uma área chamada NOC – Network Operation Center, que concentra os sistemas de monitoramento (de acesso, temperatura, umidade, entre outros) e acompanha essa triagem.
O controle por biometria é o mais usual, quase sempre por identificação digital – em sistemas mais sofisticados, por identificação facial. O cartão com chip, em geral, é empregado para permitir o acesso do funcionário a mais de um local dentro da empresa, não só ao data center. Já o teclado numérico é o menos utilizado. Paiva lembra que a amplitude do sistema de controle de acesso pode ser aumentada com sua integração ao circuito interno de TV, que permite visualizar tentativas de ingresso de pessoas não autorizadas, ou ainda ao sistema de detecção de incêndios.
Uma outra opção apontada pela Abese – Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança é o uso de sistemas analíticos de vídeo – softwares que verificam a existência de eventos fora do padrão durante o monitoramento por câmeras e geram um alerta na tela do operador, o que o dispensa ficar monitorando as imagens o tempo todo.
“Cada projeto é único. Hoje a principal tecnologia é, na verdade, a integração. As soluções de plataforma aberta proporcionam integrar diferentes recursos para atender às dores específicas de cada cliente”, diz a presidente da Abese, Selma Migliori. Ela cita a integração da controladora de acesso às câmeras térmicas para que seja possível medir a temperatura dos usuários do data center e impedir a entrada de profissionais com febre, um dos principais sintomas da Covid-19. Com a pandemia, também ganharam espaço soluções de controle de acesso por reconhecimento facial e por QR Code, que dispensam o contato físico.
Segundo a pesquisa “Panorama 2020 e tendências do mercado para 2021”, da Abese, 50% das empresas do segmento de segurança eletrônica contam com controle de acesso no portfólio de soluções, e o mercado se expandiu no ano passado. “Apesar de ter sido um ano difícil economicamente, a segurança eletrônica cresceu 13% porque se tornou um serviço essencial para superar os períodos mais críticos da pandemia”, diz Selma.
Proteção contra incêndio
Com equipamentos altamente sensíveis à ação do fogo, os data centers requerem um sistema muito eficiente de prevenção e combate a incêndios. As principais causas de sinistros nesses locais são a sobrecarga nos circuitos elétricos ou a fadiga dos aparelhos de refrigeração e nobreaks.
Um aspecto essencial a ser levado em conta são as características do data center. “É necessário elaborar um projeto adequado ao tamanho do ambiente, características estruturais, equipamentos, tipo de ar condicionado e riscos a serem combatidos”, diz Claudemir Mantovam, diretor técnico e comercial da SMH Sistemas, empresa especializada em engenharia de combate a incêndio.
Ele explica que, basicamente, os métodos de proteção contra incêndios em data centers compreendem dois sistemas: o preventivo, composto pelos aparelhos eletrônicos de detecção e alarme; e o de combate às chamas, com aplicação de gases e agentes químicos não condutores de eletricidade.
Com mais de 28 anos de atuação, a SMH Sistemas fornece soluções completas para projetos, instalação, recarga de gases para combate a incêndio (agentes limpos) manutenção preventiva e corretiva e retrofit de sistemas em todo o Brasil. A companhia desenvolve, gerencia e executa obras e projetos em regime de turnkey, com elaboração de análise de risco e viabilidade técnica, de acordo com as normas vigentes nacionais e internacionais.
O sistema de detecção de incêndio pode ser de vários tipos:
• Pontual convencional, com detectores ópticos, térmicos, acionadores manuais e dispositivos áudio e visuais destinado a salas pequenas, de até 20 equipamentos por laço/circuito.
• Endereçável analógico algorítmico pontual, para grandes salas ou complexos tecnológicos com vários dispositivos por loop e que envolve detectores ópticos, térmicos, termovelocimétrico e químicos, acionadores manuais e módulos.
• Barreira (beam detector), para salas e galpões com pé direito acima de 8 metros e funcionamento com base no obscurecimento de luz, em que a presença de fumaça bloqueia parte da luz do feixe; detecção a laser de alta sensibilidade, capaz de detectar precocemente as partículas em suspensão no ambiente quando ocorre o superaquecimento de um componente eletrônico ou da infraestrutura de energia que gere fumaça visível ou invisível ou ainda partículas em suspensão.
• Sistema de detecção linear, que faz a detecção por temperatura por meio do seu contato com os circuitos elétricos que alimentam os equipamentos.
Já os sistemas de combate ao fogo envolvem aplicação de gases/agentes químicos e inertes, tais como FM-200, Fluido 3M Novec 1230, HFC125 e INERGEN. São gases que não agridem o meio ambiente, a saúde humana, não danificam o patrimônio e as placas de circuito impresso dos equipamentos elétricos/eletrônicos, nem deixam resíduos ou sujeira.
Além dos sistemas de detecção e de combate, existe a chamada proteção passiva, que busca confinar o potencial destrutivo do fogo, limitando o avanço das chamas, calor, fumaça e gases quentes. “Inclui a selagem nas aberturas de passagem de eletrodutos, eletrocalhas, dutos de ar condicionado e shafts (aberturas verticais para a passagem de tubulações) e a construção de barreira corta-fogo com aplicação de mantas, placas e fireblock”, conclui Mantovam, da SMH Sistemas.
Ricardo Avellar, sócio controlador da Ecosafety – Engenharia de Incêndio, fornecedora de soluções integradas de proteção contra incêndio para diversos segmentos e aplicações, acrescenta ainda que um bom sistema preventivo deve contar com sensores de alta sensibilidade para detecção precoce de qualquer sinal de fogo. Ao menor indício, os sensores emitem um pré-alarme sonoro para que a empresa efetue uma verificação imediata. Se isso não for feito, a central emite um segundo alarme, mais alto e intermitente. Em seguida, é acionado o sistema de supressão de incêndio, a fim de agir para apagar o fogo, liberando gases que extinguem eventuais focos sem destruir nenhum equipamento elétrico.