Criatividade humana x inteligência artificial: Quem vence essa batalha?
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
De acordo com o dicionário, a palavra criatividade significa inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar. Já o filósofo Kant diz que é uma ação natural aos seres humanos, mediante impulsos, agirem naturalmente, impossibilitando assim, seu ensino e aprendizagem.
Sendo assim, vale lembrar que a criatividade é uma característica intrínseca do ser humano, que surge de um valor, ideia que temos a respeito de alguma coisa, a partir de algo que vimos, sentimos ou pensamos. Não é por acaso que esta é uma característica cada vez mais cobrada dos profissionais no mercado de trabalho.
No entanto, uma questão que continua a intrigar a comunidade é se a criatividade humana pode ser replicada ou ampliada pela IA. Afinal, segundo uma publicação da Fundação Dom Cabral, os campos que a IA generativa aborda, tanto em trabalho de conhecimento quanto em trabalho criativo, compreendem bilhões de trabalhadores, tornando os profissionais pelo menos 10% mais eficientes e/ou criativos.
Há especialistas que estimam que até 90% do conteúdo on-line pode ser gerado sinteticamente até 2026. E a Gartner espera que, até 2030, um filme de grande sucesso será criado com mais de 90% de imagens geradas por IA.
Será que estamos diante de um mundo onde as máquinas serão tão criativas como os seres humanos?
A verdade é que a tecnologia tem demonstrado habilidades notáveis na execução de tarefas criativas, como a composição de música, a criação de arte visual e até mesmo a escrita de poesia. Algoritmos de aprendizado profundo podem analisar grandes conjuntos de dados e identificar padrões, permitindo que a IA gere criações que muitas vezes surpreendem e inspiram.
Porém, a capacidade de conectar ideias aparentemente desconexas, expressar emoções complexas e contextualizar a criação dentro do contexto cultural e social é um território ainda desafiador para a IA. A criatividade humana é pessoal e muitas vezes ilógica, características que tornam difícil replicá-la completamente por meio de algoritmos.
Sendo assim, em um duelo entre criatividade humana e IA, é claro que a primeira ganha. No entanto, veremos, cada vez mais, as duas andarem de mãos dadas para a execução de várias tarefas criativas. Para isso, é fundamental ter um olhar crítico sobre as implicações éticas e culturais que compreendem esse campo.
Portanto, em vez de colocar uma contra a outra, o caminho é deixá-las como grandes aliadas. Afinal, a IA é uma ferramenta que complementa e amplia nossa própria capacidade criativa, resultando em uma colaboração que pode trazer muito sucesso, com inovações surpreendentes.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.