Cuide de você

Recentemente, li um post muito triste no LinkedIn. A pessoa queria passar uma mensagem sobre o balanço adequado entre o trabalho e a vida pessoal, e que nunca devemos negligenciar o cuidado com nós mesmos. Para ilustrar essa questão, ela mencionou a história de um primo, de 24 anos, que havia falecido de dengue há poucos dias. O rapaz começou a sentir os sintomas numa quarta-feira, mas apesar da grande indisposição ele fez um esforço enorme para ir trabalhar na quinta-feira e na sexta-feira, pois alegava que “tinha muito trabalho para fazer”. No fim da sexta-feira, enfim, foi procurar um médico, mas já era tarde, em poucos dias faleceu. História muito triste, que mostra que não podemos negligenciar a nossa saúde.

Uma outra história, também muito triste, é a de um amigo, psicólogo e com muito sucesso na juventude. Ele se dava ao luxo de ir para Paris quando sentia vontade de tomar um champagne. Além de usar o dinheiro com excentricidades, ele também o utilizava com sapiência, como quando foi aos EUA para aprender bioenergética, uma nova área da psicologia, com o seu criador, Alexander Lowen, para oferecer aos seus pacientes novas e melhores abordagens terapêuticas. Ele também se tornou um colecionador de artes, comprando várias pinturas de Cândido Portinari. Quando ele se aposentou, descobriu que passaria a receber um salário-mínimo e que aquele “mundo de fartura” havia acabado, pois já não tinha a mesma energia da juventude para atender tantos clientes e a concorrência havia aumentado muito – triste surpresa.

No primeiro caso, o jovem não cuidou do presente e, no segundo o rapaz não cuidou do futuro. A competição é uma das fortes características da cultura vigente na sociedade ocidental – competir para ganhar hoje, aqui e agora. Como tudo na vida, existem as vantagens e as desvantagens e assim é com essa cultura de competição. Sem dúvidas, ela trouxe inúmeras inovações e facilidades à vida cotidiana, porém trouxe também um individualismo extremo. Muitas vezes, o importante é estar à frente, é ganhar a qualquer custo, mesmo nas situações mais simples.

Esse comportamento, de busca por ganhos imediatos, acaba impedindo a percepção de que podem existir perdas a médio e longo prazos para nós mesmos. A vida tem muitas dimensões – saúde, educação, econômica, relacionamentos, previdência etc. – e para algumas delas é preciso agir no presente para obter situação satisfatória no futuro. Infelizmente, essa gana por obter resultados imediatos leva a situações como as descritas no início deste artigo. Esse é um tema importante, mas pouco se fala sobre ele. Preocupo-me demais com essa questão, pois além das dificuldades individuais que podem trazer, problemas sociais muito graves podem surgir. Já escrevi dois artigos sobre esse tema: “Você já pensou na sua aposentadoria?” (https://www.infranewstelecom.com.br/voce-ja-pensou-na-sua-aposentadoria/) e “CLT ou PJ: Qual é a melhor opção?” (https://www.infranewstelecom.com.br/clt-ou-pj-qual-e-a-melhor-opcao/). Imaginem o que irá acontecer daqui a uns 30 anos ou 40 anos com os cerca de 1,6 milhão de motoristas e motoboys que trabalham com aplicativos e não recolhem previdência. Essas pessoas não terão mais a mesma capacidade de trabalho e não terão previdência alguma.

Gosto muito de uma frase de Carl Jung, que retrata o ser humano e o desconhecimento de si mesmo. Ele disse: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino”. O inconsciente é que rege as nossas vidas, mas é muito difícil perceber isso. O inconsciente age por meio das emoções e a grande maioria das pessoas acredita que essas emoções são conscientes e que para satisfação pessoal, a ação objeto da emoção, deve ser realizada. Um exemplo breve, é o caso de uma pessoa que fuma e ao ser indagada o porquê deste hábito responde que “sente prazer ao fumar”, mas que pode estar fumando para se sentir pertencente a um grupo de fumantes que se reúne nos intervalos de trabalho – já que o ser humano é um ser social e copia as ações de grupos que admira. Aumentar o autoconhecimento, e entender como a nossa mente funciona é muito importante para tomarmos ações adequadas para nossa vida no presente e no futuro, mas isso não é considerado prioridade para a população de um modo geral e menos ainda para os programas de governo.

Mas você pode ir atrás desse conhecimento e traçar um futuro mais apropriado para você. Você cuida da sua saúde de forma adequada? Vai ao médico ao menos uma vez por ano? O interessante é que as pessoas levam seus carros para a revisão, mas se esquecem que precisam acompanhar seus sinais vitais. Se você trabalha como PJ ou tem empresa, faz o pagamento da previdência num valor adequado para manter seu nível de vida? Não adianta achar que está ganhando muito por pagar o mínimo de previdência, pois quando mais velho – e sem a mesma condição de trabalhar – será prejudicado com isso.

As grandes árvores levam tempo para crescer. Muitos frutos só são colhidos hoje porque alguém plantou sua árvore há mais de vinte anos.

Já planejou o seu futuro? Planeje e aja no presente para colher bons frutos no futuro.

Sucesso!