Desafios éticos, legislação própria, escalabilidade: O que esperar da IA em 2024?
Renan Salinas, CEO & Founder da Yank Solutions
Desde que o ChatGPT surpreendeu os usuários no fim de 2022 com sua capacidade e precisão na entrega de diferentes conteúdos, a expressão “inteligência artificial” não saiu mais de moda em todo o mundo. De repente, mesmo aqueles que não possuem grande expertise nas tendências tecnológicas passaram a acompanhar com mais afinco tudo o que a IA já entregava e, principalmente, nas possibilidades que poderá entregar no futuro.
É verdade que não se trata de algo novo. Pelo contrário, os estudos referentes à inteligência artificial estão aí há décadas, frutos de pesquisas e experimentações. A diferença é que, desta vez, a tecnologia se tornou palpável, isto é, ela pôde ser utilizada por uma parcela significativa da população por meio de ferramentas intuitivas e fáceis de utilizar. Em suma: passou de teoria e de enredo de ficção científica para a prática.
Mas depois de um grande crescimento em 2023, o que podemos esperar da IA em 2024?
Em primeiro lugar, mais avanço em todos os níveis. Projeção da MarketsandMarkets indica que o mercado de inteligência artificial deve movimentar US$ 150,2 bilhões em 2023 e ter um crescimento médio anual de 36,8% até 2030, quando deverá valer mais de US$ 1,3 trilhão. Entretanto, conforme os números evoluem, novos desafios surgem para os profissionais, empresas e público em geral.
Alguns destes contratempos já se revelam nos próximos meses em 2024 e passam, sobretudo, por questões que vão além da tecnologia em si. No caso da IA, por exemplo, espera-se uma preocupação mais intensa justamente com a governança, compliance e limites éticos – o que esbarra na legislação vigente, na democratização da tecnologia e nas funcionalidades que aumentam a cada dia.
Preocupação ética cresce e exigirá legislação eficaz
Não há dúvida de que a grande discussão envolvendo a inteligência artificial em 2024 será justamente os limites éticos envolvendo as soluções e suas funcionalidades. À medida que o tema avança, novos desafios surgem diante da sociedade como um todo. Hoje, observa-se questões envolvendo a propriedade intelectual e autoral, que são apenas a parte visível de problemas mais graves, como desinformação e fraude.
É um debate tão sério que nem mesmo os empresários do setor convergem na mesma opinião. Elon Musk, atual proprietário do X (ex-Twitter) não cansa de afirmar que a “IA é uma das maiores ameaças da humanidade”. Estabelecer regras de uso, normas e boas práticas, portanto, está em pauta na maioria dos países. O ano deve ficar marcado pela criação de marcos jurídicos, até mesmo no Brasil, com a tramitação da lei que busca criar um marco legal para o assunto.
IA Generativa cada vez mais impressionante
Quem ficou impressionado com as possibilidades do ChatGPT certamente vai se surpreender ainda mais com o que as novas gerações da IA Generativa podem oferecer aos usuários. O conceito recebe este nome porque, diferentemente das soluções tradicionais de inteligência artificial, que utiliza base de dados para fazer previsões em cima de padrões, é capaz de criar coisas novas a partir dos comandos e orientações passados pelas pessoas.
Nos últimos meses nos acostumamos a ver diferentes trends em redes sociais que exploram a criação de imagens e textos provenientes das plataformas de IA. Esta foi apenas uma pequena amostra do que ainda está por vir. Áudios e vídeos também podem – e serão – gerados por inteligência artificial em diferentes situações, com conteúdos melhores, originais, naturais e, claro, inovadores para o público.
Escalabilidade da tecnologia em nível global
Se as soluções estarão melhores e mais fáceis de usar, é natural que mais pessoas passem a utilizá-las em suas rotinas, seja no trabalho ou no lazer. Isso leva a um desafio comum a toda tecnologia: a capacidade de escalar, ou seja, crescer de forma acelerada para que a ferramenta esteja disponível a mais lugares e usuários, mas sem afetar o desempenho dela. Em 2024, empresas que fornecem serviços de IA terão como desafio a expansão e democratização de seus recursos.
Afinal, a escalabilidade é uma estratégia fundamental a todas as empresas tecnológicas – um recurso que fica restrito a um pequeno nicho não consegue sobreviver por muito tempo. No caso da Inteligência Artificial, especificamente, também é uma forma de fazer a engrenagem funcionar: quanto mais pessoas envolvidas no ecossistema, mais dados e conteúdos são gerados, o que por sua vez leva a novos insumos para as plataformas aperfeiçoarem suas funcionalidades.
Inteligência artificial aliada a outros setores
Por fim, a escalabilidade também depende de um último grande desafio da IA em 2024: se aliar a diferentes setores da sociedade para oferecer novas – e melhores – soluções. Hoje, observa-se que a utilização da inteligência artificial ainda está restrita a poucos nichos e departamentos, além de ser vista como algo perigosa até mesmo para o futuro do trabalho em vez de uma aliada nestes processos.
Neste novo ano, a IA tem que estar em todo lugar e a qualquer hora. Setores como educação e saúde devem aproveitar as vantagens que esta tecnologia tem a oferecer. Somente assim ela dará o passo a mais tão esperado para sua consolidação em nossas vidas.