Como a digital twin pode otimizar a infraestrutura de comunicação
Mario Pires de Almeida Filho, da GDN Tecnologia
A breve menção sobre o tema digital twin/predictive twin no artigo da última edição despertou a curiosidade de muitos profissionais.
Antes de mais nada, e para a surpresa geral da nação, a definição de digital twin, ou gêmeo digital, não traz novidades, pois é o simples conceito de réplica digital em tempo real de um dispositivo físico, conforme podemos encontrar em uma das muitas definições na Wikipedia. A Nasa já utilizava este conceito nos programas espaciais das décadas de 1950 e 1960 com limitados recursos computacionais, portanto, muito antes de 2002, quando se costuma afirmar que é o nascimento da tecnologia.
Um exemplo são os simuladores de aviação usados para treinamentos de pilotos, assim como os simuladores de Formula 1, e todo o tipo de simulação digital de um sistema físico, incluindo a modelagem 3D. De uma forma ainda mais ampla, digital twin é um modelo virtual de um produto, sistema, processo ou um serviço. Podemos inclusive realizar modelos preditivos de análise de comportamento de redes e complexas infraestruturas de comunicações. Então por que todo esse “buzz”?
Ocorre que com o advento da indústria 4.0 e do crescimento exponencial de sensores com a IoT – Internet das coisas, associados à evolução de tecnologias analíticas e preditivas, bem como de inteligência artificial e machine learning, os recursos de modelagem e simulação atingiram patamares em que se pode afirmar que é possível, literalmente, replicar todas as realidades comportamentais do mundo físico, algo como a pistola de portal multiverso da série Ricky and Morty.
Brincadeiras à parte, a tecnologia pode ser usada não só para avaliar o comportamento de algo real e realizar de modo eficiente o ciclo de melhorias continuada, como também prever diferentes resultados com base em dados variáveis, daí o termo alternativo predictive twins, de fato uma aplicação complementar da tecnologia focada em resultados preditivos.
No artigo publicado no site i-scoop existe uma definição bastante clara sobre digital twin: “Se a réplica virtual é realmente um gêmeo digital e, assim, ela se comporta como algo real, isso permite detectar possíveis problemas, testar novas configurações, simular todos os tipos de cenários, analisar o que precisa ser analisado, fazer praticamente tudo o que queremos em um ambiente virtual ou digital, sabendo que o que fazemos com esse gêmeo digital também aconteceria com um ativo físico ‘real’. E é aí que falamos de inovação e design de produto de forma inteiramente nova”.
A eficiência no desenvolvimento de produtos, a constante melhoria operacional e a agilidade trazem benefícios substanciais de economia e eficiência na produção e melhoria de produtos, sistemas e serviços. Nesse sentido, a tecnologia está se tornando uma ferramenta essencial, não só na indústria e manufatura, onde a sua aplicabilidade se manifesta de forma mais explícita, mas também em áreas como varejo, saúde e prestação de serviços diversos, num ciclo de enriquecimento contínuo.
Finalmente, é importante diferenciar o conceito de virtual reality/augmented reality (VR/AR) do de digital twin. Apesar de ambos tratarem da virtualização de um contexto físico ou do mundo real e serem tecnologias promissoras, emergentes e com uma perspectiva de grande evolução para o futuro próximo, os recursos VR/AR se comportam, basicamente, como uma mídia ou um canal de experimentação, em relação a digital twin. Poderíamos dizer que a tecnologia de digital twin pareia a realidade física em uma simulação muito próxima de realidade, incluindo comportamento o físico, stress de materiais, limites operacionais e funcionais; enquanto a VR/AR é um meio de tornar essas simulações uma experiência sensorial que, combinados, compõem uma ferramenta poderosa nos modernos métodos de produção.
É executivo da GDN Tecnologia, uma cloud services provider e integradora especializada em SDN e SD-WAN. O executivo atua nas áreas de pré-vendas e marketing de produto. Com formação em telecomunicações, tecnologia da informação e marketing estratégico, Mário Pires tem mais de 36 anos de experiência no mercado, trabalhando em empresas como Embratel, Cabletron/Enterasys, Medidata, Mtel, Innovo e 9Net.