Edge computing: O reverso do inverso
Mario Pires de Almeida Filho, da GDN Tecnologia
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Historicamente, a tecnologia da informação e comunicações tem sempre nos apresentado movimentos disruptivos que começam a partir de novos conceitos diferentes do “status quo” vigente em propostas que desafiam os modelos correntes.
Particularmente, no ambiente computacional, muitos movimentos inicialmente tidos como disruptivos, exatamente por quebrarem modelos correntes, acabam virando o novo modelo, no perfeito estilo “Orange is the new Black”. Foi assim, quando os grandes mainframes tiveram que ceder espaço aos servidores de plataforma baixa, no chamado movimento de downsizing, iniciado a partir dos anos 90. Foi assim, quando a intensa demanda computacional começou a ser agregada em grandes data centers privados e públicos e também quando se iniciou o modelo de computação em nuvem.
Claro, devemos ter em mente sempre que esses movimentos ocorrem também porque uma série de novas tecnologias e recursos se apresentam, principalmente de infraestrutura. O modelo de computação em nuvem é um claro exemplo disso, pois sem os grandes data centers e rede suficiente para transportar essas demandas, simplesmente ele seria inviável.
Pois bem, agora nos deparamos com um cenário que acaba por motivar um novo movimento disruptivo, que chamamos de Edge computing (ou Fog computing). Este modelo pressupõe que a capacidade computacional de uma determinada demanda esteja posicionada próxima a ela. Assim, diferente da nuvem, onde o processamento e armazenamento se dá a longa distância e dependente de recursos generosos de rede, no modelo Edge computing os recursos estão distribuídos na borda da rede, próximo aos dispositivos e sistemas que os demandam.
Isso ocorre porque tecnologias como IoT, machine learning e AI podem não admitir os delays e demais limitações de dependência de rede, exigindo que o processamento seja feito de forma instantânea e eficaz, o que faz com que o processamento esteja idealmente perto dos sistemas que os demandam.
Micro data centers
Os micro data centers estão ressurgindo exatamente como resposta à necessidade de processamento próximo às suas fontes.
Se você analisar bem, este é um movimento contrário ao conceito de nuvem e alguns especialistas arriscam afirmar que é o início do fim da computação em nuvem. Particularmente, eu entendo que ambos os modelos possuem aplicação e, portanto, futuro. Os dois têm uma ampla aplicabilidade e, consequentemente, um modelo misto deve prevalecer: os grandes data centers serão mais repositórios de grandes volumes de dados e para o tratamento analítico massivo; já os micro data centers devem atender à demanda de computação rápida e eficientemente responsiva.
De qualquer forma, vale a pena estar atento a este movimento, principalmente, para quem possui demanda a exigências de responsividade. Quem sabe sua empresa ou negócio precise de diversos núcleos computacionais estruturados próximos às suas fontes de demanda. Para isso, uma série de disciplinas de infraestrutura deverão ter a sua atenção.
É executivo da GDN Tecnologia, uma cloud services provider e integradora especializada em SDN e SD-WAN. O executivo atua nas áreas de pré-vendas e marketing de produto. Com formação em telecomunicações, tecnologia da informação e marketing estratégico, Mário Pires tem mais de 36 anos de experiência no mercado, trabalhando em empresas como Embratel, Cabletron/Enterasys, Medidata, Mtel, Innovo e 9Net.