Edge computing melhora a experiência de navegação do usuário
Estar mais próximo dos usuários deve fazer parte das preocupações dos provedores de serviços de Internet. Nesse sentido, o uso da computação de borda é recomendado para melhorar a qualidade do serviço.
Mário Moreira, colaborador Infra News Telecom
Estar mais próximo dos usuários, garantindo menor latência e maior qualidade de transmissão e recepção dos dados, é algo que deve fazer parte das preocupações dos provedores de Internet. Nesse sentido, o edge computing (ou computação de borda) é uma tecnologia recomendada para melhorar a experiência da navegação.
“Os provedores são, em geral, o primeiro contato de muitas pessoas e empresas com a Internet. Eles representam o ponto mais próximo para esses usuários”, destaca Francisco Degelo, sales manager de smart solutions da Vertiv Latam, empresa especializada em projetar, fabricar e manter infraestrutura de missão crítica de aplicações para data centers, redes de comunicação e instalações comerciais e industriais. “Os ISPs têm, naturalmente, as melhores condições para oferecer as características necessárias para as aplicações de borda funcionarem. São fatores como baixa latência, velocidade de implantação de novas conexões, baixo custo para conexões de banda larga e capilaridade”, completa o executivo.
Ele destaca que edge data center é uma ferramenta importante para os provedores explorarem o potencial de mercado das novas aplicações e passou a fazer parte da estratégia de negócios de seus clientes. “As estruturas de edge data centers transformam os ISPs em provedores de soluções, deixando de ser apenas pontos de passagem.”
Com o vasto crescimento da Internet, o desafio de trafegar os dados é cada vez maior, avalia Lucas Vanzin, CTO & co-founder da Eveo, fornecedora de soluções de data center e cloud computing. “Considerando que todo dado precisa estar armazenado em algum local e, para que esteja acessível, deve ser trafegado até a pessoa que está acessando, fica claro que a evolução natural para melhorar a eficiência, evitando sobrecargas ou congestionamento, seria descentralizar os dados.”
O executivo ainda explica que, apesar de a grande maioria das aplicações necessitar de um local para centralizar seus bancos de dados, o maior volume de tráfego na Internet se faz em dados estáticos, como imagens e vídeos. “Esses dados não mudam individualmente para cada acesso. Logo, podem ser distribuídos em data centers mais próximos aos usuários finais, de forma que, ao serem acessados, o percurso do tráfego fica muito menor e mais eficiente. Alguns estudos dizem que, sem os edge data centers servindo como CDNs (redes de entrega de conteúdo), a Internet teria colapsado com a inclusão acelerada das plataformas de streaming.”
Para Junior Carrara, diretor comercial de enterprise e telecom da WDC, empresa brasileira de tecnologia focada nos mercados de telecom e corporativo em diferentes segmentos, a “filtragem” do tráfego de dados possibilitada por uma CDN é uma das grandes vantagens trazidas para os provedores pelo edge computing. Ele destaca benefícios como a economia de custos com link de transporte para os grandes data centers, “já que aproximadamente 60% do tráfego é tratado localmente na rede, consequentemente permite venda de banda maior”; a redução de latência nos serviços oferecidos para clientes de varejo, atacado e corporativo; melhor experiência no consumo de conteúdo, como vídeos on demand; e, por fim, a geração de oportunidade de receita complementar com venda de serviços como colocation para empresas e provedores menores, cloud computing e backup corporativo”.
A esperada chegada do 5G, que vai favorecer a IoT – Internet das coisas e as atividades que precisam de baixa latência, também é lembrada por Eduardo Carvalho, presidente da Equinix no Brasil, empresa global de tecnologia digital. “Em muitos países, os provedores de rede estão construindo suas infraestruturas 5G, e o Brasil entrará nessa lista no próximo ano. Tornar o 5G uma realidade começa com o aproveitamento da infraestrutura existente, e ao mesmo tempo identificar e planejar casos de uso futuros que se beneficiam da expansão de implantações de infraestrutura física neutras e multilocatários mais distantes da edge. O data center e a infraestrutura física para 5G devem ser escalonáveis, flexíveis, interconectados, neutros e multilocatários, fornecendo conexão de baixa latência para todos os clientes.”
A adoção do edge computing pelos provedores, porém, envolve diversos desafios, diz Carvalho. “A era 5G pertencerá àqueles que podem fornecer serviços de qualidade até os locais de aplicação com o menor custo possível.” Segundo ele, a maneira mais eficiente para os provedores fornecerem seus serviços é estender a conectividade a um parceiro com um ecossistema de fornecedor/cliente já estabelecido e rico em interconexão, com instalações macro de edge e recursos em todo o mundo. “Dessa forma, os ISPs podem oferecer conexão de baixa latência e desempenho otimizado para seus clientes. Enquanto diminui os custos e fornece conexão mais fácil com aplicativos on demand e conveniência de escalonamento, a edge desempenha um grande papel em tempos de expansão do 5G, que pode ser impulsionada a partir de uma plataforma de data center interconectada.”
Para Degelo, da Vertiv, os edge data centers devem fazer parte da estratégia comercial do provedor, permitindo oferecer serviços e soluções, e não apenas conectividade. “Devem, portanto, ter flexibilidade e capacidade de crescimento rápido em resposta a novas demandas.” Segundo ele, provedores regionais têm adotado sistemas de data center pré-fabricados, que requerem poucos dias de implantação, como plataformas de crescimento de sua capacidade de missão crítica. “A padronização da solução simplifica a preparação prévia dos espaços que serão convertidos em data centers, além de dar previsibilidade de investimento e simplificar o trabalho de gestão diária e de manutenção. Mesmo operadoras de telecomunicações têm adotado essas plataformas para criar novas capacidades, já mirando o mercado de edge computing e o de 5G.”
Já provedores que possuem pontos de presença podem se preparar para se tornar edge data centers, diz Vanzin, da Eveo. De acordo com ele, o desafio é adaptar os pontos de concentração em mini data centers, para que receber equipamentos de empresas que pretendem usar esse tipo de serviço. “O formato depende de cada estratégia de negócio. Para o caso das CDNs, por exemplo, há uma economia de banda relativamente grande tanto para o provedor como para a empresa que distribui o conteúdo. Ambos saem ganhando, sem necessidade de grandes investimentos. O fato é que, para esse novo mercado, os provedores e as operadoras têm a grande vantagem de estarem no lugar certo e hora exata. Resta saber quais deles vão ter a iniciativa e acertar o melhor modelo para se destacarem dos demais.”