Entenda as redes autônomas
Mario Pires de Almeida Filho, da GDN Tecnologia
Afinal, o que são redes autônomas? O que elas têm a ver com a virtualização de redes? E as redes legadas, podem se integrar a sistemas de redes autônomas?
Já está claro que a virtualização da infraestrutura de redes adicionou um fabuloso conjunto de recursos de gerenciabilidade, controle e automatização que refletiram de forma positiva em inúmeras questões, desde o provisionamento de recursos e “configuração” das redes (programação), passando pela microssegmentação e segurança microssegmentada, adaptabilidade ao comportamento de tráfego e condição dos recursos de comunicação, até a massiva geração de dados de comportamento da rede.
Todos estes recursos contribuem com a agilidade no “deployment” de novos recursos de infraestrutura de rede, bem como na visibilidade da saúde da rede e, principalmente, na automação de seu funcionamento, com recursos de autoprovisionamento e autoajustes e autocorreção.
Sob o ponto de vista das empresas, em geral, todos estes benefícios se limitam ao domínio da rede IP. Assim, na visão das redes corporativas toda a parte referente à infraestrutura de transporte de seus links, seja local, regional ou de longa distância, aparecem apenas como uma nuvenzinha no diagrama topológico de sua rede e não são vistos pelos seus sistemas de gestão de rede. Dessa forma, a automação de redes, na verdade, viabilizada pela virtualização da infraestrutura está limitado ao seu domínio.
Porém, do ponto de vista dos provedores de redes e operadoras, existem ainda muitas camadas ou “layers” de sistemas de comunicação interligados para que toda essa infraestrutura funcione adequadamente. As redes residenciais e corporativas são apenas uma primeira camada de agregação IP, que se conecta a uma outra camada, que é a rede núcleo IP, ou core IP, que vem a ser os roteadores dos próprios provedores e operadoras, que suportam de forma massiva todos os tráfegos IP corporativos que passam por ela.
E não para por aí, afinal, essa massiva rede de núcleo IP, com tráfegos de inúmeras fontes, pessoas e empresas, tem que se conectar mundo afora, especialmente, por sistemas ópticos de transporte, seja em redes metropolitanas ou em redes ópticas de longa e muito longa distância, que atravessam cidades, estados, países e oceanos e concentram, de forma agregada, grandes volumes de dados com as mais diversas características e demandas.
Nem é preciso detalhar o fato que o comportamento de tráfego das redes continua e está cada vez mais complexo, com um crescimento exponencial de demandas de banda e tratamento especial, reflexo de demandas cada vez maiores de dados, como vídeo 4/8K, realidade virtual e aumentada, inteligência artifical, edge computing e por aí vai.
Os recursos de redes automatizadas, ou redes autônomas, ou redes adaptativas (depende de como cada fabricante chama a sua solução), endereçam o tratamento global dos fluxos de dados em todas as camadas da infraestrutura, evitando topologias rígidas e “overprovisioning” (superdimensionamento) oferecido pelas estruturas legadas de rede.
As soluções de sistemas de redes autônomas obtém grandes volumes de informação sobre o comportamento de seus recursos, em todos os elementos, de todas as camadas da infraestrutura, da agregação IP às portas de switches das redes ópticas metropolitanas e de longa e muito longa distância e, por meio do big data, inteligência artificial e algoritmos de correlacionamento, elas conseguem granularizar, de forma radical, o tratamento global dos fluxos de dados.
Isso significa que um sistema de rede autônoma é capaz de manter a saúde, comportamento e, principalmente, a adequação de seus recursos de forma adaptativa e automática, entendendo as suas complexas demandas e dinâmicas de tráfego, “on the fly”.
Este conceito não é uma coisa tão nova, mas com a combinação de adventos, como processamento e armazenamento em nuvem, com capacidade virtualmente infinita de processamento e armazenamento, inteligência artificial, virtualização de infraestrutura de redes, big data e programabilidade por APIs, os sistemas ofertados atingiram uma grande maturidade e capacidade.
Fabricantes como Sedona, Ciena, Nokia, Cisco, para citar alguns, apresentam soluções excelentes que permitem inclusive a coleta de dados de comportamento de redes legadas, extraindo informações de todas as formas possíveis, seja de controladores SDN ou sistemas de gerenciamento legados (NMS) ou por meio de APIs ou de pooling SNMP e mesmo de CLIs ou linhas de comando.
Todo esse volume de informação gerado pelos elementos de redes nas diversas camadas ou layers, formam volumes de big data que são tratados de forma dinâmica, incluindo a inteligência artificial, para aprender e entender cada vez mais o comportamento dos fluxos de dados e tomar ações de provisionamento e autocorreção de forma dinâmica.
Os sistemas de redes autônomas são, portanto, essenciais à viabilização de redes que possam atender às demandas de hoje e do futuro.
É executivo da GDN Tecnologia, uma cloud services provider e integradora especializada em SDN e SD-WAN. O executivo atua nas áreas de pré-vendas e marketing de produto. Com formação em telecomunicações, tecnologia da informação e marketing estratégico, Mário Pires tem mais de 36 anos de experiência no mercado, trabalhando em empresas como Embratel, Cabletron/Enterasys, Medidata, Mtel, Innovo e 9Net.