Equipamentos FTTH classes B+ e C+
Ronaldo Couto, Fundador da Primori
É cada vez mais comum os fabricantes de ativos de FTTH ofertarem a seus clientes equipamentos de classe B+ ou classe C+.
No entanto, com frequência vejo os clientes com dúvida de qual equipamento escolher por não saber a diferença entre eles.
Pois bem, vamos lá.
Como sabemos, um GBIC é composto internamente de um laser (para a conversão elétrica em óptica) e de um detector (para a conversão óptica em elétrica).
Os lasers têm uma determinada potência de transmissão, que é a intensidade de luz que irá ser acoplada à fibra óptica. Já os detectores têm o que chamamos de sensibilidade, ou seja, o menor nível de potência óptica que podem receber (detectar) e converter em sinais elétricos, sem que ocorram erros nesta conversão.
Dessa forma, a princípio, seria desejável termos lasers com a maior potência possível e a menos sensibilidade, pois teríamos a possibilidade de realizar enlaces com perdas maiores.
Digo a princípio porque, obviamente, lasers mais potentes e detectores mais sensíveis representam também dispositivos de maior custo e precisamos avaliar o quanto ou não vale a pena pagarmos por isto.
É exatamente neste contexto que entram as classes dos GBICs, definindo quais são os seus níveis de transmissão e sensibilidades.
Antes de citar quais são estes níveis, gostaria de comentar que estas classes foram definidas pela recomendação ITU-T G.984-2 e são aplicadas para equipamentos do tipo GPON.
Já os equipamentos EPON, que seguem as recomendações do IEEE, possuem classes e níveis de potência diferentes e que detalharemos a seguir.
Como podemos verificar na figura acima, as recomendações diferenciam GBICs utilizados em OLT empregadas nas ONUs e ainda os níveis de potência de transmissão e sensibilidade conforme a sua classe.
Assim, quando um fabricante oferece OLTs classe B+ ou classe C+ somente está diferenciando os GBICs que a sua porta OLT terá, e nada mais.
O que quero dizer é que não existem diferenças eletrônicas (processamento, memória, etc.) entre cartões OLTs classe B+ e OLTs classe C+.
Ainda, é perfeitamente possível comprar um cartão classe B+ e substituir seus GBICs por classe C+ ou vice-versa, sem nenhuma mudança de desempenho eletrônico da OLT.
Digo desempenho eletrônico, pois o conjunto “potência de transmissão da OLT e sensibilidade da ONU” determina quantos dBs de perda podemos ter no sentido de downstream. E, da mesma forma, o conjunto “potência de transmissão da ONU e sensibilidade da OLT” indica a perda dBs para upstream.
E é exatamente aí que muitos acabam errando em suas escolhas.
Para esclarecer melhor este ponto, vamos analisar a figura abaixo.
Ela mostra as combinações possíveis entre OLT e ONU e seus respectivos orçamentos de potência. Lembrando, que orçamento de potência é a menor potência do transmissor menos a sensibilidade do detector.
Como exemplo, vamos aplicar as fórmulas apresentadas na figura acima e considerar uma porta OLT classe B+ e uma ONU também classe B+. Neste caso, teremos um orçamento de potência de:
OPds = 1,5 – (-27) = 28,5 dB
OPus = 0,5 – (-28) = 28,5 dB
Da mesma forma, em uma porta OLT de classe C+ com ONU classe B+, teremos o seguinte resultado:
OPds = 3 – (-27) = 30 dB
Opus = 0,5 – (-28) = 28,5 dB
Observem que esta combinação proporcionou uma perda maior no downstream. Entretanto, estamos limitados a mesma perda de 28,5 dB no upstream.
Ou seja, porta da OLT classe B+, em termos de orçamento de potência, não faz a menor diferença para ONUs classe B+ ou classe C+. Neste caso, investir em ONUs classe C+ de maior custo é simplesmente um desperdício.
Fazendo esta mesma análise com uma porta de OLT classe C+, vemos, pela figura, que temos um ganho de orçamento de potência, chegando a 30 dB com uma ONU classe B+ ou a 32,5 dB com uma ONU classe C+.
Vale a pena pagar por ONUs de maior custo por estes dBs a mais?
A resposta vocês conhecem bem: Depende. Analisem os custos e a necessidade que a sua rede tem por dBs e decidam pela melhor opção.
Atua há 25 anos nos mercados de telecomunicações e de redes de fibras ópticas. É graduado em Engenharia de telecomunicações pelo Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações e MBA Executivo pelo Insper–SP. Foi executivo da AGC NetTest para projetos, implantação, operação e manutenção de redes de fibras ópticas. Atuou pela UL – Underwriters Laboratories e DQS Deutsche Gesellschaft zur Zertifizierung von Managementsystemen e na área de exportação para a América Latina pela Metrocable, fabricante de cabos ópticos. Em janeiro de 2020 fundou, em conjunto com Rogério Couto, a PROISP, uma empresa de consultoria e qualificação profissional que, além de trazer os conteúdos que fizeram seu sucesso, agrega agora módulos inéditos de treinamentos, como comunicação, finanças, DWDM, recursos humanos e suprimentos cobrindo todas as áreas fundamentais para a operação de uma empresa de Internet.