Estudo do NIC.br analisa o acesso à Internet em municípios brasileiros com até 20 mil habitantes
Redação, Infra News Telecom
O Cetic.br|NIC.br – Centro de Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR elaborou o relatório “Fronteiras da inclusão digital: Dinâmicas sociais e políticas públicas de acesso à Internet em pequenos municípios brasileiros”.
O objetivo da publicação, feita em parceria com o DAP – Programa de Acesso Digital da Embaixada Britânica no Brasil e a Anatel, foi entender como o contexto socioeconômico e a capacidade dos provedores e dos governos locais impactam a conectividade em pequenos municípios.
O documento traz um diagnóstico da adoção da Internet em municípios brasileiros com até 20 mil habitantes, com base em dados coletados pelas pesquisas do Cetic.br e em informações fornecidos pela Anatel. Apresenta, ainda, um mapeamento qualitativo a partir de entrevistas em profundidade e de grupos de discussão realizados nas cinco regiões do país.
“Na última década, houve um crescimento expressivo no acesso à Internet no Brasil, impulsionado pela ampliação das conexões por fibra óptica, mas isso aconteceu de maneira desigual. Os municípios com até 20 mil pessoas, que concentram 31,6 milhões de habitantes, apresentam um percentual de usuários de Internet menor do que o verificado em grandes centros urbanos. A proposta da pesquisa foi investigar, a partir de diferentes dimensões, quais os desafios para a ampliação da conectividade nessas cidades”, diz Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.
Na etapa quantitativa, os pesquisadores selecionaram 485 municípios, que foram divididos em quatro agrupamentos a partir dos indicadores de conectividade (acessos) e capacidades locais (atributos relacionados à qualidade e segurança dos serviços ofertados pelos provedores e serviços públicos on-line e políticas de inclusão digital implementadas pelas prefeituras). A intenção foi compreender o que influenciava os diferentes níveis de conectividade nos municípios, e averiguar o quanto as capacidades dos provedores e dos governos locais poderiam explicar essas diferenças.
Já na etapa qualitativa, foram entrevistados gestores de prefeituras e de provedores, além de lideranças locais, e realizados grupos de discussão com residentes em 20 cidades nas cinco regiões brasileiras. A análise dos dados se baseou nas seguintes dimensões: capacidades dos provedores e dos governos locais, qualidade e segurança dos serviços ofertados pelos provedores, políticas de inclusão digital, usos das tecnologias pela população e barreiras à conectividade.
O estudo constatou que houve uma expansão recente da fibra óptica nesses municípios, associada ao esforço dos provedores de pequeno porte que estão ali presentes. Também houve uma substituição de alguns tipos de conexão como rádio por fibra óptica, o que foi considerado fundamental para ampliar o uso das TIC pela população e para garantir uma diversificação maior das atividades on-line. Entre as organizações, a ampliação da conectividade permitiu adoção e uso mais intensivo de sistemas administrativos informatizados e software, oferta de serviços públicos digitais e avanços na transparência de seus dados entre as prefeituras.
Por outro lado, a pesquisa mostrou que ainda há barreiras importantes à conectividade em áreas rurais, remotas e de difícil acesso em função do custo de expansão da fibra óptica, da falta de energia elétrica, e da instalação e manutenção das torres no caso da conexão via rádio. Também há características geográficas que dificultam o alcance do sinal ou atrapalham sua estabilidade. Os entrevistados destacam ainda barreiras de custo financeiro para contratação de planos com maiores velocidades, que afetam especialmente os mais vulneráveis; falta de habilidades digitais, sobretudo de alguns grupos nas áreas rurais e idosos; e carência de dispositivos de acesso adequados.
Inclusão digital
Entre as evidências apresentadas pelo relatório está a reduzida presença de departamentos de tecnologia da informação entre as prefeituras. Ainda que serviços públicos on-line tenham sido expandidos, a maioria das interações entre administração municipal e cidadãos tem sido de caráter informacional. O documento identificou uma relativa ausência de políticas públicas locais voltadas ao enfrentamento das desigualdades no acesso e nos usos das tecnologias em pequenos municípios.
Sobre a atuação dos provedores nessas cidades, observou-se variação significativa entre as localidades investigadas quanto a aspectos organizacionais e administrativos. Segundo o estudo, o grau de profissionalização dos provedores impacta diretamente a qualidade dos serviços oferecidos e os níveis de conectividade dos municípios. “Na ausência de políticas mais institucionalizadas de inclusão digital, as capacidades das empresas provedoras fazem muita diferença no serviço que elas oferecem, e ajudam a explicar as diferenças de conectividade entre os municípios”, completa Barbosa.
O estudo está disponível gratuitamente para download no link.