FaaS – Fibra como serviço
A FaaS pode ser descrita como um serviço pré-pago para as redes de fibra óptica. Ela é a base de um modelo de negócios aberto e fornece um componente reutilizável e de conexão para atender às necessidades das operadoras que oferecem serviços de fibra com aplicativos como Netflix, CCTV, IoT, laaS, NFV e outras soluções de valor agregado.
Peter Macaulay, presidente do FTTH Council Ásia-Pacifico e CTO da ZDSL
Greg Tilto, membro do Comitê FaaS do FTTH Council Ásia-Pacifico e CTO e fundador da DGIT Systems
Há anos, os provedores mantêm a mesma abordagem em relação ao “as a service” (como um serviço) junto aos seus clientes. As empresas de telecomunicações têm oferecido redes privadas, acesso à Internet e telefonia com um modelo de cobrança baseado na contratação do serviço e consumo. É assim desde o começo da “telcotime” ou Era das Telecomunicações. A indústria de telecom também tem um longo histórico de pressão sobre o pessoal de TI para inovar e progredir, resultando em invenções que mudam o jogo, como o sistema operacional Unix e a linguagem de programação C, por exemplo.
Nos últimos anos, a terminologia “como serviço” é usada para descrever aplicativos, plataformas e infraestrutura. Com o advento de redes extremamente rápidas e acessíveis, tornou-se atraente incluir a TI “como um serviço”, nos casos em que a infraestrutura ou os aplicativos não estão mais localizados nas instalações do usuário.
Os princípios de “como serviço” estão sendo adotados por mercados cada vez mais amplos, incorporando a NFV – Virtualização das funções de rede, IoT – Internet das coisas, software e infraestrutura de nuvem. Um dos melhores pacotes de serviços é quando um conjunto de vários tipos de serviços é agrupado em um ecossistema especial chamado cidade inteligente.
Novas extensões para conceitos antigos
Aplicativos e infraestrutura tratadas “como serviço” geralmente são reconhecidos por terem algumas características semelhantes aos serviços tradicionais de telecomunicações e que se originam a partir deles. Várias das principais características se aplicam aqui:
- Pay as you go (pré-pago): A assinatura e/ou a cobrança por consumo são as principais características herdadas do mundo dos serviços de telecomunicações.
- On-Demand (por demanda): Ativação de novos serviços quando necessário.
- Elasticidade: Capacidade de obter mais ou menos serviços, como e quando necessário.
- Turnkey (Pronto para uso imediato): Para ser uma verdadeira oferta “como Serviço” ela precisa ser empacotada como um produto pronto para o uso. Essa facilidade permite que os usuários corporativos e residenciais não necessitem de um complemento interno na sua infraestrutura.
Atualmente, esses modelos aceitam que as ofertas “como serviço” incorporem essas características. Isso desafia os provedores de serviços e operadoras de rede para melhorarem as suas ofertas de serviços que atendam às expectativas do novo mundo. Daqui para frente, muitos tipos e pacotes de serviços serão definidos, pois esse novo modelo operacional cria oportunidades para isso. As ofertas do tipo “como serviço” testam a rede do futuro.
O futuro
Enquanto essa definição de “como serviço” está evoluindo, emergem algumas outras realidades comerciais para provedores:
- Os prestadores de serviços viram as suas receitas de serviços de telecomunicação fixa defasarem, pois o acesso à banda larga se tornou adequado para a maioria das necessidades e passou por uma comoditização, seja por meio da concorrência ou do investimento governamental.
- Muito do que estava exclusivamente na dependência da TI, agora está disponível como um serviço e ainda há oportunidade de agrupar a comunicação com outros serviços, a partir da perspectiva de marketing e de entrega.
No momento, a utopia desse novo mercado é ser capaz de agregar dinamicamente componentes de serviços, alguns dos quais podem ser fornecidos por uma plataforma interna, enquanto outros por um parceiro.
Com isso, os ecossistemas emergentes e as arquiteturas internas são oportunidades significativas para expansão da FaaS – Fiber as a Service (fibra como serviço). A FaaS empacotará o acesso à rede e isso poderá ser usado como um componente de produtos e ofertas e também pode ser oferecida para parceiros. Neste novo modelo, a presença de componentes reutilizáveis significa que novos serviços podem ser definidos e implementados rapidamente.
A fibra como benefício
Os governos querem angariar benefícios para a economia nacional a partir de serviços de banda larga baseados em fibra e, por isso, estão se esforçando para resolver os pesados requisitos de capital. De outro lado, os mercados mais sofisticados estão exigindo o acesso aberto como uma condição de investimento, como são os casos do Reino Unido, Cingapura, Omã, Austrália e Nova Zelândia.
Essas iniciativas têm sido chamadas por nomes diferentes em cada mercado, como Rede Nacional de Banda Larga, Redes de Próxima Geração e Banda Larga Ultrarrápida, apenas para citar alguns. Embora essas empresas desempenhem um papel central na prestação de serviços de telecomunicações aos clientes, elas também estão descobrindo que, para serem capazes de fornecer serviços de ponta a ponta, precisam interagir com as outras partes envolvidas e parceiros comerciais, que proporcionem uma experiência perfeita ao consumidor.
A fibra como base
Os serviços de comunicações por fibra são a base preferida para todos os tipos de serviços digitais de nova geração. Atualmente, os provedores de serviços digitais modernos enfrentam o desafio de ter de coordenar o gerenciamento da comunicação baseada em fibra com outros serviços para se tornarem competitivos. Esse mesmo desafio se aplica aos provedores de serviços que possuem a rede de fibra e aos que compram comunicação por fibra de terceiros.
FaaS: o que é isso?
A FaaS pode ser descrita como um serviço pré-pago para as redes operacionais de fibra. Ela é a base de um de negócios aberto e fornece um componente reutilizável e de conexão para atender às necessidades das operadoras que oferecem serviços de fibra com aplicativos como Netflix, Iflix, Klix, CCTV, IoT, laaS, NFV e outras soluções de valor agregado.
FaaS é um objeto operacional construído no núcleo do modelo “como Serviço” a partir dos princípios de on-demand, elástico e turnkey
O on-demand atua sobre o controle operacional direto da rede e faz com que esse controle seja o mais próximo possível do tempo real. O provedor de serviços digitais (DSP – Digital Service Provider) precisa ser capaz de integrar programaticamente os seus sistemas de gerenciamento ao serviço de fibra para atingir esse objetivo. Uma vez que a fibra é fisicamente instalada junto com o equipamento ativo essencial, as características da camada 2, como largura de banda e QoS – Qualidade de serviço, precisam ser controladas pelo provedor.
A instalação de fibra é um processo de longa duração e, normalmente, complexo, que envolve dados de rede, logística e reserva de agendamento entre clientes e equipe de campo. O sistema on-demand nestes casos significa prover um controle programático sobre o processo. O pedido começará a ser processado imediatamente; o status do pedido é sempre conhecido pelo DSP; o DSP gerencia as comunicações do cliente, incluindo a configuração de horários de compromissos, exceções e problemas que são relatados ou gerenciados pelo próprio DSP.
On-demand significa fornecer controle em tempo real se a fibra estiver conectada, além de visibilidade e controle completos do processo, se a fibra não estiver conectada.
Por sua vez, o sistema elastic ou elástico requer uma combinação entre as características dos produtos oferecidos e as interfaces programáticas para apoiá-los. Os serviços elásticos podem expandir ou encolher rapidamente, de acordo com as necessidades do cliente. Na camada 2, o DSP precisa ser capaz de alterar a largura de banda e a QoS, conforme necessário para atender às constantes mudanças dos requisitos.
Fibras com sistema turnkey podem ser compradas pelo DSP e fornecerem uma conectividade completa entre as extremidades do serviço. No entanto, não pode haver exigência para o DSP fornecer equipamento entre as extremidades A e B do serviço ou gerenciar etapas no processo de entrega do serviço de comunicações, onde outros são responsáveis.
Em resumo, a FaaS é composta pelos seguintes pontos:
- É um produto de comunicação de fibra empacotada, fornecido a um provedor de serviços digitais (DSP).
- Tem controle em tempo real sempre que possível.
- Fornece ao DSP a máxima visibilidade programática da entrega e gerenciamento de serviços.
- Tem método para controle programático e de visibilidade que também é usado por outros tipos de “como serviço”.
- Utiliza interfaces padrão para o controle programático para dar suporte às necessidades de redes comerciais de acesso aberto.
- Tem definição de produto e controles que permitem que o serviço seja facilmente escalonado para cima e para baixo.
As soluções FaaS podem ser programaticamente conectadas aos sistemas internos de pacotes de serviços para criar produtos de maior valor ou serem conectados a sistemas de terceiros. Todos os controles para o serviço precisam estar expostos, minimizando a operação e maximizando o fluxo por meio da automação e controle. Dessa forma, novos serviços podem ser ativados rapidamente.
Os desafios neste campo levaram a nomear o FaaS de “olhe e anote”; para que se faça um resumo do modelo de serviço que possa ser revisado e aprimorado ao longo do tempo, com controle de configuração em tempo real assim que as instalações estiverem conectadas, mais SLAs e visibilidade do processo de atendimento. Isso significa que as soluções de vários fornecedores podem ser integradas rapidamente com perfeição operacional de ponta a ponta.
A evolução dos serviços de fibra para se tornar FaaS
De um modo geral, as atuais operadoras de redes de fibra com o propósito de se tornarem provedoras de FaaS precisam utilizar um modelo em camadas com interfaces definidas e, então, desenvolver a camada de rede da seguinte maneira:
- A oferta de produtos precisa sustentar a elasticidade e os pedidos on-demand.
- É necessário fornecer DSPs com APIs padrão para o gerenciamento de serviços.
- É necessário fornecer um conjunto completo de controles ao DSP para o gerenciamento de serviços.
Próximos passos
O Conselho FTTH – Fiber-to-the-Home para a Ásia-Pacífico, em parceria com o TM Fórum, uma associação global sem fins lucrativos focada na habilitação para a agilidade e inovação de prestadores de serviços, envolveu-se num projeto sobre as melhores práticas B2B – Business to Business a partir das APIs padronizadas do TM Fórum para dar suporte a FaaS.
O TM Fórum reconheceu mudanças significativas no mercado e tomou medidas positivas para estabelecer melhores práticas para o B2B por atacado e criar um conjunto padrão de REST APIs para dar base aos novos negócios.
A proposta do TM Fórum é que as mesmas APIs usadas para todos os outros serviços digitais também possam ser empregadas para a FaaS. Isto tem um alinhamento com a estratégia de FaaS do FTTH Council.
Como parte dessa colaboração, um simulador de serviços foi criado com essas APIs. Este simulador permite que os membros do FTTH e TM Fórum tenham acesso a exemplos de implementação, modelo de referência e ambiente de teste para produtos FaaS, e também que o Conselho FTTH avalie a adequação dessas APIs para a entrega da FaaS.