Falta de insumos atinge indústria de telecom
Redação, Infra News Telecom
Segundo pesquisa da FGV – Fundação Getúlio Vargas, em outubro a falta de insumos no país atingiu um dos maiores patamares desde 2001, forçando indústrias de diferentes setores a diminuir a produção. O mercado de telecom já sente os reflexos da escassez de matéria-prima e aumento de preços.
De acordo com a Abinee – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, as empresas do setor eletroeletrônico estão com estoques abaixo do normal, tanto no caso de componentes e matérias-primas, que passou de 14% em agosto para 29% em setembro, como nos produtos acabados, que aumentou de 23% para 35% no mesmo período. Em agosto, 39% das companhias do segmento sentiram dificuldades para adquirir componentes e matérias-primas. Já em setembro esse percentual saltou para 59%.
A Fibracem, fabricante nacional de produtos para comunicação óptica, por exemplo, informou seus distribuidores sobre ajustes nos prazos de produção em decorrência do desabastecimento da cadeia produtiva dos setores de polímeros, papel e celulose e chapas metálicas. “Assim como as demais indústrias, sentimos uma redução da demanda no início da pandemia que provocou ajuste em nossa produção e redução nos estoques de matéria-prima. Veio então, felizmente, a retomada da atividade econômica, mas agora vivemos um descompasso entre a oferta e a procura”, explica Eryck Ribeiro El-Jaick, COO da Fibracem.
O executivo também cita a alta flutuação do câmbio como um outro efeito dos gargalos impostos pela pandemia. “Por enquanto, é difícil o mercado prever quando será a retomada da normalidade no abastecimento, até porque depende do segmento de atuação. Os mais otimistas preveem que seja normalizado até março de 2021, mas vai depender da pandemia também. A certeza é que quem importa insumos está mais atento às alterações cambiais, à espera de um câmbio favorável”, diz El-Jaick, acrescentando que os pedidos feitos à empresa estão sendo honrados e que “os esforços são para, mesmo com o aumento dos custos de produção, atender às solicitações dos produtos no menor prazo, e com o menor repasse de preços possíveis”.
Ele ainda destaca que, mesmo com as adversidades, o mercado óptico nacional está bem aquecido. “O Brasil apresentou ampliação de infraestrutura em 2018 e 2019, mas como é um enorme território ainda há muito a expandir. Devemos fechar 2020 com crescimento menor, e 2021 será melhor por todos os investimentos que não cessaram mesmo neste ano de crise”, prevê El-Jaick.
Com quase 30 anos de atuação, a empresa está localizada em Pinhais, PR, e conta com uma nova unidade fabril em Linhares, ES. Seus produtos são comercializados no Brasil e em outros países da América Latina.