FinOps – Otimização de custos na nuvem
Lenildo Morais – Mestre em ciência da computação pelo Centro de Informática da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
O consumo de nuvem está crescendo rapidamente, mas acompanhar os gastos pode ser um fardo. Conquistadas pela promessa de aumentar a agilidade dos negócios e, ao mesmo tempo, reduzir custos, as empresas estão migrando em massa para a nuvem. Mas o aluguel de serviços em nuvem cria novos problemas, incluindo o gerenciamento de contas preenchidas com milhares de itens de linha gerados por instâncias em execução em todo o mundo.
Cada vez mais, as FinOps (operações financeiras) gerenciam os negócios e softwares de análise projetados para calcular os custos das nuvens públicas. A abordagem visa ajudar as empresas a planejar, orçar e prever melhor os requisitos de gastos para o consumo de nuvem.
As FinOps são cruciais à medida que as empresas migram mais funções centrais de computação de data centers de custo fixo para nuvens variáveis baseadas no consumo.
A economia da nuvem
Mais do que um fenômeno tecnológico, a nuvem é um modelo econômico impulsionado pela transformação digital: a nuvem é a nova “fábrica”. A capacidade da nuvem de automatizar funções e permitir que as empresas operem de forma mais eficiente é análoga à revolução da indústria automotiva, por meio da produção de fábrica, que automatizou vários processos para permitir a produção mais rápida de carros. Atualmente, a maioria das empresas instala estrategistas e gestores de nuvem para ajudar a analisar e gerenciar os recursos da nuvem.
Essa dificuldade em selecionar o serviço de nuvem e a instância corretos para as tarefas exigidas é um problema comum na mudança para a nuvem. Assim também é a “caixa preta” da nuvem, quando se trata do desafio de entender os custos de serviços técnicos específicos. As contas de computação em nuvem emitidas pela AWS, Microsoft e outras podem ser muito detalhadas e complicadas.
Os novos desafios
Vincular dólares a serviços consumidos em “relatórios de utilização de custos” produzidos pela AWS sempre foi um desafio para os gestores de TI e finanças, muitos dos quais se viram “fazendo engenharia reversa” de suas contas para igualar o dinheiro gasto com chamadas à API.
O processamento de dados é tão grande que são processados dados de transações em centenas de milhões de linhas. Mas os fornecedores de nuvem oferecem cada vez mais servidores e funções como serviço (FaaS), que permitem às empresas pagarem apenas pelo código executado para executar seus aplicativos.
Essas transações, geralmente, acontecem no tempo de resposta abaixo de um segundo, gerando mais itens de linha com mais rapidez e estimulando um grande aumento nos volumes e na complexidade dos dados de faturamento. Quando se escreve código para um novo recurso, as opções de serviços são tão rápidas que permitem gastar pouco dinheiro para muitas pessoas. Mas quando se começa a rodar bilhões de operações em 300 milissegundos, isso se soma rapidamente.
Recomendações FinOps
Independentemente das empresas aderirem às diretrizes ou às melhores práticas de seus próprios projetos, há quatro estratégias principais para gerenciamento dos gastos em nuvem:
1 – Determine quem está gastando em quê. Para isso, você precisa “marcar” os seus recursos ou descobrir quais recursos um aplicativo acessa. Isso é particularmente importante em empresas nas quais milhares de pessoas acessam centenas de aplicativos.
2 – Observar qual a instância de nuvem adequada para a carga de trabalho de computação necessária, utilizando e pagando apenas o que é consumido.
3 – Racionalizar o gasto considerando o uso de instâncias reservadas. Uma reserva de recursos e capacidade para uma zona de disponibilidade específica dentro de uma região. Isso permite que se compre a potência de computação que se sabe que precisará a um custo menor do que a aquisição sob demanda.
4 – Criar aplicativos adequados para a nuvem. Se é um negócio de transações de alto volume, isso significa projetar os aplicativos para dimensionar horizontalmente, permitindo adicionar ou excluir recursos conforme necessário.
Essas são as melhores práticas do segmento em relação ao gerenciamento de custos. Quanto a encontrar o ator certo para assumir o papel de gestor de estratégia de nuvem ou otimização de custos, deve ser alguém que possua habilidades em aplicar os requisitos de negócios ao que uma empresa precisa construir. Não será encontrado ninguém com 10 anos de experiência no gerenciamento de custos de nuvem.
Mestre em ciência da computação e gerente de projetos na Ustore/Claro. Morais é docente no Centro Universitário Maurício de Nassau e pesquisador na Assert – Advanced System and Software Engineering Research Technologies.