Gestão de infraestrutura: O futuro está na inteligência
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
As práticas de gestão de infraestrutura estão evoluindo com muita rapidez. Impulsionados pela IA e pela transformação digital, os data centers enfrentam o crescimento maciço de dados e de complexidade, requisitos de agilidade sem precedentes, além da escassez de talentos e do alto custo de energia.
Para além de uma mudança radical, essa é uma tempestade perfeita, e isso traz oportunidades de melhoria. Confira abaixo uma análise dos desafios desta gestão na nova etapa da jornada digital e as soluções de ponta que podem trazer grandes vantagens para os líderes.
O desafio dos dados
Dentre os fundamentos que afetam o gerenciamento do storage, nossa relação com os dados é crucial. Desde 2010, a taxa média anual de crescimento de dados tem sido de cerca de 38%, de acordo com a Statista. Isso inclui alguns anos de pico – como durante a pandemia – quando a criação de dados disparou, com um volume global previsto em 181 zetabytes até 2025. Uma quantidade impressionante, sem sinais de desaceleração.
O planejamento para essas taxas de crescimento de dados é uma dor de cabeça para os líderes, principalmente devido ao ciclo tradicional de investimento e depreciação. No passado, a capacidade de acomodar requisitos não planejados significava ter que manter hardware extra em reserva. Ao mesmo tempo, com o aumento dos custos de energia, as empresas de TI agora também precisam se concentrar na eficiência e na sustentabilidade de sua infraestrutura.
O ato de provisionar o armazenamento também consumia tempo (e equipe), principalmente em empresas segmentadas verticalmente entre os departamentos de negócios e as subunidades de software, servidores, storage e redes de TI. Muitas vezes, a empresa precisava de muitos administradores com múltiplas habilidades para gerenciar diversos ambientes em vários fornecedores e tecnologias. Tudo isso poderia facilmente levar semanas.
O desafio das complexidades
Lidar com o aumento dos dados e da complexidade das aplicações não é só aumentar o número de funcionários de administração de storage. Além de ineficiente, é algo praticamente impossível no cenário atual da TI, devido à escassez e custos inviáveis com equipes especializadas. Outro ponto crucial é que as empresas modernas querem que seus profissionais se concentrem na inovação, no aumento da produtividade e na experiência do cliente, e não em tarefas mecânicas com infraestrutura.
O antigo paradigma de gerenciamento de TI segmentado verticalmente se desfez diante das novas arquiteturas de TI. Estamos em transição para novas normas que incluem modelos operacionais em nuvem e infraestrutura como código com armazenamento especificado como parte do processo de desenvolvimento e implementação de aplicações. A agilidade e a velocidade de entrega são agora mais importantes do que nunca e espera-se que as empresas sejam capazes de se adaptar rapidamente aos novos requisitos.
A inteligência da autonomia
Com os novos modelos de implementação de aplicações, como a conteinerização, os recursos de storage são definidos como parte do arquivo de configuração da aplicação, projetado para ser implementado automaticamente pela plataforma de orquestração.
Aqui, as aplicações são ativadas e escalonadas rapidamente, com requisitos incorporados a esses ciclos de vida e, muitas vezes, em um ritmo que vai além do que os humanos podem gerenciar manualmente. Nessa velocidade de operações, o gerenciamento de storage precisa funcionar por meio de políticas predefinidas, provisionamento e dimensionamento automáticos.
O futuro inteligente
O futuro desta gestão está centrado nos perfis de desempenho de storage definidos pelo cliente, selecionados por meio de autoatendimento ou totalmente automatizados no ambiente da aplicação por meio de armazenamento como código e orquestradores.
As empresas inteligentes de TI transformarão a função do administrador em algo como um gerente de produto. Isso significa definir “produtos” de armazenamento por meio de conceitos de abstração, como classes e políticas. Isso também significa permitir o autoatendimento pelos clientes internos das empresas e pelas plataformas de orquestração em vez de ser a pessoa que provisiona os objetos, deixando o novo gerente de produtos livre para gerenciar frotas de dispositivos em vez de arrays individuais, monitorar o uso dos serviços existentes e criar ofertas.
Para viabilizar esse modelo operacional em nuvem, alguns fornecedores de armazenamento podem oferecer plataformas com as quais os administradores de armazenamento podem gerenciar e adicionar capacidade à sua frota de dispositivos de armazenamento sem interrupções, bem como definir classes de armazenamento, políticas e zonas de disponibilidade a serem disponibilizadas aos seus consumidores. Enquanto isso, os desenvolvedores que usam plataformas de infraestrutura como código podem especificar a classe de armazenamento que desejam para uma aplicação, codificá-la em modelos, testá-la e implementá-la.
Para ambientes em contêineres totalmente automatizados, é fundamental utilizar uma plataforma de dados Kubernetes de nível empresarial para aplicações modernas. Isso garante a gestão para clusters do Kubernetes com implementação e dimensionamento automatizados, além de proteção de dados. Algumas soluções incluem até mesmo serviços de dados, como um conjunto de bancos de dados selecionados para uso em ambientes Kubernetes, com apenas um clique, economizando muito tempo dos desenvolvedores.
No entanto, viabilizar o autoatendimento e, ao mesmo tempo, depender de longos ciclos de compra e entrega deixa a empresa exposta aos riscos. Adotar totalmente esses conceitos significa consumir as plataformas de armazenamento como um serviço, para conseguir o dimensionamento rápido quando necessário, obter flexibilidade, além de investir em hardware somente quando for realmente necessário. As empresas devem analisar a tecnologia do fornecedor, mas também sua capacidade de fornecer suas plataformas por meio de modelos de consumo flexíveis e sob demanda.
Seja o maestro da sua infraestrutura
Seguindo a tendência crescente do ‘all-in-one’, é importante que ao buscar um fornecedor, exija que todos os arrays de armazenamento em flash estejam vinculados em um único ambiente operacional, para que as cargas de trabalho possam ser gerenciadas em escala em toda a empresa a partir de uma única visualização, junto com uma plataforma de dados Kubernetes e toda a funcionalidade de armazenamento de autoatendimento que uma empresa moderna precisa.
Avalie também os benefícios em relação à eficiência energética, que podem chegar até 85%, além da redução do espaço físico necessário, para maximizar a eficiência do data center. Por fim, atue com um fornecedor que possa oferecer tudo isso por meio de um modelo como serviço flexível e respaldado por SLA, com garantias quanto ao uso de energia, zero migrações de dados e upgrades sem interrupções. Esta é a chave para atingir uma gestão moderna e contínua.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.