Guerra na era tecnológica: Será que o colapso da humanidade se aproxima?
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Soldados por toda a parte, tanques de guerra, mísseis e explosão. Provavelmente, tudo isso te levou a pensar que este seria um texto relatando uma guerra, certo? Afinal, estamos vulneráveis com os ataques anunciados pela Rússia na Ucrânia e com a possibilidade desse confronte convocar uma possível terceira guerra mundial.
No entanto, se essa infame possibilidade vier acontecer, tenho uma previsão nada boa: não teremos só embates por territórios. Na era da tecnologia, ataques vindos de hackers poderão trazer estragos tão grandes a um nível comparável com a segunda guerra.
Pode parecer estranho essa afirmação, mas temos nossa vida no ambiente online e as invasões cibernéticas, principalmente essas que sequestram dados importantes e sensíveis, podem comprometer o desenvolvimento de qualquer nação. Já estamos observando isso acontecer na Ucrânia, desde antes mesmo da guerra anunciada. De acordo com as autoridades ucranianas, a Rússia invadiu vários sistemas para mexer com o psicológico das pessoas e desestabilizar toda a população. Este é um jeito tecnológico de tortura.
E não é só isso. Já sabemos que a tecnologia possibilita que drones entrem em prédios e sejam acionados para exterminar pessoas e a inteligência artificial pode ser facilmente usada para disparar mísseis, além de outras armas sem precisar de auxílio humano.
Este não é um cenário futurista e veremos isso acontecer, infelizmente, com mais frequência. No final do ano passado, por exemplo, a Rússia realizou um teste com míssil no espaço, destruindo um de seus próprios satélites. E a China conduziu testes com seus avançados mísseis hipersônicos, capazes de viajar a uma velocidade muitas vezes superior à do som.
Essas tecnologias já empregadas por esses países nos faz pensar que entramos em um novo capítulo da história, do qual a tecnologia é quem ditará toda a estratégia dentro de um campo de batalha.
É aí que pergunto: nesse sentido, estamos no controle da tecnologia ou é a tecnologia que passa a nos controlar? Quais os estragos que ela, liderando uma guerra, pode gerar?
A resposta não é fácil, mas diria que o futuro é incerto e estamos todos na mira. Ainda assim, ouso dizer que essa mesma tecnologia usada para guerrilhar é também a única possibilidade para sairmos dela.
Recentemente, o ministro de transformação digital ucraniano, Mykhailo Fedorov, fez uma chamada para a construção de um “exército” que possa atuar no front cibernético para deter os ataques e apoiar a defesa digital do país. Já são mais de 34 mil inscritos no grupo criado para a iniciativa no Telegram.
Mesmo assim, ainda não sabemos quanto tempo durará esse confronto e se, de fato, se tornará uma terceira guerra mundial. Entretanto, sabemos que caso isso aconteça, a capacidade de destruição da humanidade está muito maior e a um clique de distância.
Posso afirmar que uma guerra na era tecnológica pode colapsar a humanidade!
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.