IA e o futuro da segurança financeira
Fernando Ortega, CISO da Paschoalotto
No universo financeiro, a segurança sempre foi a base de qualquer operação, mas, à medida que os serviços se digitalizam e as transações online se multiplicam, o desafio de equilibrar essa segurança com a eficiência tornou-se uma tarefa cada vez mais complexa.
Nesse novo cenário, a IA – Inteligência artificial não surge apenas como mais uma ferramenta inovadora, ela representa uma verdadeira transformação na forma como abordamos e gerenciamos transações financeiras, especialmente quando falamos da análise do comportamento do cliente pagador.
Não é por acaso que um levantamento divulgado pela empresa Topaz mostra que mais da metade (52% do total) dos representantes de diversas instituições financeiras do Brasil planeja implementar mecanismos da inteligência artificial (IA) para detecção de fraudes.
Primeiro, é fundamental reconhecermos que a segurança em transações financeiras sempre esteve no topo das prioridades, tanto para instituições quanto para clientes. Mas com o avanço acelerado da tecnologia, os métodos tradicionais de segurança — como a autenticação por senha ou a verificação de documentos — passaram a não ser mais suficientes.
O cenário de ameaças cibernéticas evolui constantemente, exigindo uma abordagem mais sofisticada e proativa e é aqui que a IA entra em ação, trazendo uma nova perspectiva para a análise de risco e a prevenção de fraudes. A capacidade da IA de processar grandes volumes de dados em tempo real e identificar padrões sutis de comportamento é algo que ultrapassa, de longe, o que os métodos convencionais poderiam oferecer.
A análise comportamental, que antes era território quase exclusivo de especialistas em psicologia e marketing, agora se entrelaça profundamente com as operações financeiras, graças à IA, já que ela nos possibilita construir perfis comportamentais detalhados, baseados em um vasto conjunto de dados, incluindo o histórico de pagamentos, interações anteriores e até mesmo atividades nas redes sociais.
Com essas informações, obtemos uma visão muito mais clara sobre o comportamento de pagamento, permitindo-nos prever com maior precisão quais clientes são mais propensos à inadimplência e quais estão prestes a regularizar suas situações.
Mas a IA não se limita a uma análise preditiva estática. Sua verdadeira força reside na capacidade de adaptação em tempo real ao comportamento do cliente, ajustando automaticamente estratégias de cobrança e abordagens conforme novas informações surgem. Por exemplo, se a IA identifica um padrão de atrasos em pagamentos em determinados períodos do mês, ela pode ajustar as datas de contato ou sugerir condições de pagamento mais flexíveis, aumentando a probabilidade de quitação sem que seja necessária uma intervenção humana direta.
Segurança e personalização: A nova dupla dinâmica
Um dos aspectos mais revolucionários do uso da IA na análise do comportamento do cliente pagador é a forma como ela combina segurança com personalização. Enquanto a segurança garante que as transações sejam protegidas contra fraudes e acessos não autorizados, a personalização potencializa a eficiência e eleva a satisfação do cliente a um novo patamar. A IA, ao entender as nuances do comportamento individual, permite que empresas como a nossa ofereçam soluções perfeitamente ajustadas às necessidades de cada cliente.
Imagine uma situação em que a IA identifica um cliente que, historicamente, tem aversão a chamadas telefônicas, mas responde muito bem a e-mails personalizados. Com essa informação em mãos, podemos direcionar nossos esforços de cobrança para o canal mais eficaz, assegurando ao mesmo tempo que todas as interações sejam protegidas por autenticações avançadas, como a análise de comportamento biométrico ou verificação por IA em tempo real.
Essa abordagem personalizada não só melhora as taxas de recuperação de crédito, mas também fortalece a confiança do cliente na instituição. Quando o cliente percebe que suas preferências e comportamentos são respeitados e que as interações são seguras, a probabilidade de cooperação aumenta significativamente.
Contudo, precisamos sempre nos lembrar de que, com grande poder, vem uma grande responsabilidade. Devemos garantir que a IA seja utilizada de forma ética e transparente, respeitando a privacidade dos clientes e assegurando que a tecnologia esteja sempre a serviço de um relacionamento mais forte e confiável entre a empresa e seus clientes.
O futuro das transações financeiras, sem dúvida, pertence àqueles que conseguem equilibrar segurança e personalização, e a IA é a ferramenta que nos permitirá alcançar esse equilíbrio de forma magistral. A jornada pode ser complexa, mas as recompensas são imensas: clientes mais satisfeitos, operações mais seguras e, em última análise, um mercado mais justo e eficiente para todos.