O impacto do radar na proteção de indústrias
Paulo Santos, gerente de soluções da Axis Communications
Uma tecnologia inventada há mais de 80 anos está, em 2018, sendo reimaginada para o mundo digital. Poucos poderiam supor que o radar, usado desde 1930 com as suas pesadas antenas sobre rodas para detectar invasores marítimos e aéreos e até rastrear navios e aeronaves, teria, no século 21, meros 20 centímetros de altura e funcionaria com um único cabo de rede. A novidade é inusitada, mas aponta para uma tendência conhecida: a integração em redes IP.
Uma vez integrado via cabo de rede, a natureza do radar também está mudando. Antes restrito a uso militar e a ambientes críticos, como o setor de petróleo e gás, ele deverá ser visto cada vez mais em aplicações civis, como instalações industriais e armazéns. Em vez de navios e aviões, o objetivo agora é detectar invasões de veículos, pessoas e drones em toda a área entre o perímetro e os prédios protegidos.
É mais uma prova de que os conceitos conhecidos pela indústria 2.0, como os típicos sensores de intrusão analógicos precisam ser revistos. Até mesmo aqueles associados à indústria 3.0, altamente recomendado para alguns casos, podem ser menos sugeridos para outros.
Os típicos sensores de intrusão tradicional, como cabos microfônicos e fibras, sofrem de uma grande limitação: a impossibilidade de verificar, via imagem, os falsos alarmes. Esses dispositivos não diferenciam sequer a massa dos objetos, deslocando toda uma equipe de segurança para proteger o prédio contra, em alguns casos, um gato.
Em alguns casos, a proteção entre o muro e as instalações industrias usando sistemas mais conhecidos do mundo IP pode, também, ter algumas limitações. Câmeras térmicas, por exemplo, têm um custo relativamente alto e um ângulo de visão estreito, sendo mais indicadas para o perímetro. Analíticos de vídeo, por sua vez, têm configuração mais complexa e podem ter limitações à noite. E os populares infravermelhos (IR) têm um custo baixo, instalação simples e funcionam à noite, mas seu alcance é curto.
Não adianta fechar os olhos: a proteção de toda a área entre o muro e o prédio precisa ser revista. O radar é mais econômico e tem maior área de cobertura que uma câmera térmica, é mais fácil de configurar e útil à noite do que um analítico de vídeo e ainda alcança uma distância maior que dispositivos com IR.
Todo integrador de sistemas, sobretudo aqueles que insistem em trabalhar no mundo analógico, deve manter ligado o seu próprio radar para as novidades no ambiente digital que, como nesse caso, podem mudar a forma como se faz segurança hoje nas indústrias.
É gerente de soluções na Axis Communications, desde 2012. Formado em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia São Paulo, o executivo possui ainda o título de especialização em administração pela FGV. Antes de ingressar na Axis, Santos atuou na Xylem e na Siemens.