Inconsciente e carreira
Edgar Amorim, facilitador DiSC e coach executivo, da Amorizar Pessoas
Recentemente, estava conversando com um amigo doutor em psicologia sobre a possibilidade de criarmos um canal no Youtube sobre autoconhecimento. Eu disse a ele que deveríamos começar com um tema extremamente necessário: o inconsciente. Então, ele falou que as pessoas não sabem o que é o inconsciente.
Que surpresa! Num primeiro momento eu não acreditei nisso, mas depois de refletir um pouco percebi que essa é uma grande realidade: a grande maioria das pessoas não sabe o que é o inconsciente e nem tem ideia da influência que ele tem em nossas vidas e carreiras. E você? Sabe o que é o inconsciente? É capaz de percebê-lo? Sabia que é ele que dirige sua vida?
Um dos grandes pesquisadores da mente humana e da psicanálise, Carl Gustav Yung, disse: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino.” O que ele quis dizer é que muito do que acontece em nossas vidas nos parece ser ocasionado por questões externas, mas na realidade são ocasionados por questões internas – o tal inconsciente.
Tudo o que acontece fica registrado em nossa memória não apenas como fatos, mas também com todas as emoções que o acontecimento gerou. Por exemplo, se um dia tivemos um almoço agradável, num local bacana, com ótimos aromas e onde tocava uma bela música, esse acontecimento ficará registrado na memória com todas essas informações. Tempos depois se ouvirmos a mesma música em algum outro lugar é provável que lembremos da refeição, do ambiente e do momento agradável – é até possível que comecemos a salivar ao lembrar do sabor.
Outro exemplo é quando lembramos de uma pessoa querida ao ouvir a música preferida dela. Existem também os exemplos negativos, quando uma pessoa tem sensações ruins e muito medo, quando passa num lugar que tenha sido assaltada anteriormente. Agora, adultos, sabemos que tais sensações que a memória traz vem de situações vividas das quais lembramos os fatos, mas o que aconteceu com as vivências e fatos de quando éramos criança? A memória já funcionava da mesma maneira, registrando fatos e emoções, porém não lembramos dos fatos.
Quando vivenciamos situações similares às vividas na infância, podemos não nos lembrar dos fatos, mas a memória traz de volta as emoções. Como não entendemos o porquê de uma determinada emoção de medo, tristeza ou qualquer outra, então tentamos “racionalizar” e justificar com motivos que nos levam a ações que podem ser negativas. Um exemplo interessante é o caso de uma pessoa que fuma. Ela pode dizer que aprecia o fumar, mas ela pode estar fumando para sentir-se parte de um grupo de colegas de trabalho, que nas pausas fumam.
O conceito de inconsciente revolucionou a compreensão da mente humana e suas influências sobre o comportamento, incluindo a carreira profissional. O inconsciente foi popularizado por Sigmund Freud no final do século XIX e início do século XX. Freud, neurologista austríaco, ao tratar pacientes com distúrbios psíquicos, identificou que muitos comportamentos e sintomas não podiam ser explicados apenas pela mente consciente.
Ele propôs, então, a existência de uma parte da mente que opera fora da nossa percepção consciente – o inconsciente. O inconsciente, segundo Freud, é um reservatório de pensamentos, memórias e desejos que estão fora da nossa consciência, mas que influenciam significativamente nosso comportamento e emoções.
No contexto da carreira, o inconsciente pode afetar nossas decisões e comportamentos de várias maneiras. Primeiramente, ele pode influenciar a escolha da profissão. Muitas vezes, as preferências de carreira são moldadas por experiências passadas e figuras de autoridade, cujas opiniões e expectativas internalizamos ao longo da vida. Em segundo lugar, o inconsciente pode afetar o desempenho profissional.
Crenças inconscientes sobre nossas capacidades podem tanto nos impulsionar quanto nos limitar. Alguém que, inconscientemente, acredita não ser capaz de alcançar o sucesso pode sabotar suas próprias oportunidades por medo do fracasso ou da desaprovação. Uma pessoa pode escolher uma carreira ou permanecer em um emprego específico não apenas por razões racionais, mas também devido a motivações inconscientes, como o desejo de agradar os pais ou evitar situações que evoquem memórias traumáticas.
O inconsciente também pode influenciar nossas interações no ambiente de trabalho. Padrões de comportamento aprendidos na infância podem se manifestar em relacionamentos com colegas e superiores, afetando a dinâmica de grupo e a nossa capacidade de liderança. Por exemplo, alguém que aprendeu a evitar confrontos pode ter dificuldade em afirmar suas ideias ou em negociar condições de trabalho.
Reconhecer e trabalhar com o inconsciente pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento profissional. Ferramentas como a psicanálise, coaching e mentoria podem ajudar a trazer à consciência os fatores inconscientes que influenciam nossas decisões e comportamentos. Ao compreender e integrar essas partes ocultas da nossa mente, podemos fazer escolhas mais alinhadas com nossos verdadeiros desejos e capacidades, promovendo um crescimento pessoal e profissional mais autêntico e satisfatório.
O inconsciente permanece um campo fascinante e complexo, com diversas teorias e abordagens que tentam entender a profundidade da mente humana. Assim, o inconsciente não é apenas um componente obscuro da mente humana, mas uma força dinâmica que molda, muitas vezes silenciosamente, nossas trajetórias de vida e carreira. Compreender suas influências pode ser o primeiro passo para alcançar uma realização mais plena em todas as esferas da vida.
Você já conhecia essas informações? Se sim, parabéns! Se não, o que vai fazer para conhecer mais seu inconsciente e tomar posse de você mesmo?
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.