Inteligência artificial e realidade virtual na educação
Luiz Alexandre Castanha, diretor geral da Telefônica Educação Digital – Brasil
Um professor de alfabetização sabe que de nada adianta tentar ensinar as crianças a escreverem mostrando apenas o alfabeto na lousa. É preciso, por vezes, segurar a mão do aluno com o lápis e ensiná-lo a formar cada letra. É necessário propor a experiência de escrever. Creio que, na educação as ferramentas mudam, mas a lógica de integrar o aprendiz à vivência de adquirir conhecimento é a mesma. E isso se aplica ao uso da realidade virtual, uma tecnologia que, aliada à inteligência artificial, tem ganhado espaço entre professores, escolas e universidades.
É fato que vivemos em um período produtivo na criação de recursos digitais. E, no setor, não falamos mais que eles fazem parte do “futuro”. Afinal, estamos cercados de VR – Virtual Reality e AI – Artificial Intelligence, mesmo sem sabermos. Carros, robôs assistentes pessoais, sistemas de organização de tarefas de uma empresa, equipamentos que são guiados por voz ou por sensores tecnológicos dentro de casa e até a série da Netflix que escolhemos para assistir têm sido pensados ora com realidade virtual, ora com inteligência artificial.
Não impressiona, portanto, que dispositivos de VR e a criação de potentes recursos de aprendizagem com AI tenham entrado nas salas de aula (ou mesmo durante o processo autônomo do aluno ao absorver conteúdo). Hoje, por exemplo, quem se interessa por História, pode explorar, abrindo o aplicativo King Tut no smartphone, a tumba do faraó Tutancâmon, no Egito.
Já quem estuda a vida marinha pode se valer de uma experiência de imersão feita pela companhia Hydrous, que “leva o oceano onde quer que a pessoa esteja”, para mostrar os corais de recife e os animais marinhos e, assim, conscientizar a população sobre as mudanças ambientais. “Como podemos nos preocupar com algo que não vemos?”, pergunta a organização em seu site. E esse me parece um argumento perfeito para que a realidade virtual seja cada vez mais usada na Educação: ela rompe barreiras de conhecimento que nunca antes tínhamos rompido.
Globalmente, há um movimento muito intenso de absorção dessa novidade dentro do segmento do ensino. O mesmo acontece para a inclusão de inteligência artificial. Em 2017, uma análise feita no mercado norte-americano de educação mostrou uma projeção em que, até 2021, o setor cresceria 47,5%.
Como consumidores, estamos mais acostumados a isso. Algoritmos e dados disponíveis em redes indiscutivelmente se tornaram, há algum tempo, as pegadas deixadas por nós para que as informações cheguem de forma conectada e cada vez mais refinadas ao público interessado – assim se dá, como falei, a escolha do que assistirmos no nosso momento de lazer e, ainda, quais amigos são sugeridos para adicionarmos em redes sociais, entre tantos mecanismos.
O que tenho debatido são as reais possibilidades de levarmos a AI com tanta eficiência para o campo educativo. O que nos falta para explorar em nosso cotidiano esse tipo de tecnologia?
É com ela que se eliminam processos repetitivos e gastos com estruturas físicas pouco proveitosas, ganhando espaços em ambientes totalmente virtuais. Robôs inteligentes como tutores – que, cabe dizer, não substituem os professores, mas, podem servir como multiplicadores de conteúdo – tornam o ensino um campo ainda mais enriquecedor, sistematizado e completo tanto para quem ensina quanto para quem aprende. E esses são apenas alguns dos caminhos mostrados para o uso de AI. Cabe a nós promovermos esse ajustamento necessário entre tecnologia e aprendizagem o quanto antes.
Luiz Castanha é diretor geral da Telefônica Educação Digital no Brasil, administrador de empresas pelo Mackenzie, pós-graduado em marketing pela ESPM, além de especializações em gestão do conhecimento FGV e storytelling aplicado à educação nos EUA. Nos últimos quinze anos, conceituou e liderou diversos projetos de educação corporativa e diversos mercados como o automotivo, financeiro, indústria entre outros. Atualmente, lidera uma operação que desenvolve mais de 60 mil horas de conteúdo ano, para mais de 100 mil profissionais em diversos segmentos. Palestrante da ATD Internacional 2016 e do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento 2016 em tecnologias disruptivas para capacitação, além de diversas palestras e apresentações realizadas em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Espanha, Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento – ABTD, e Telefônica Open Future 2015.