Inteligência artificial no agro: Saiba como usá-la na rastreabilidade de proteína animal
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
A população mundial deve chegar a 8,5 bilhões de pessoas em 2030, segundo a ONU – Organização das Nações Unidas. É evidente que com o planeta cada vez mais populoso, haverá uma necessidade maior na produção de alimentos. A estimativa é que o consumo de carne de origem animal aumentará 11% até 2027 em todo o mundo, um dado importante para o Brasil que é o maior exportador e produtor de carne bovina, de acordo com dados do USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Dessa maneira, os produtores rurais e toda cadeia agro terão que investir em suas operações para ampliar sua produtividade a atender um mercado cada vez mais exigente. Inclusive, a pecuária brasileira tem ainda uma preocupação com relação à procedência da proteína animal.
Portanto, a rastreabilidade passa a ser uma necessidade para legislações e medidas obrigatórias de países que importam do Brasil, informando um consumidor final cada vez mais atento. Atualmente, quem compra uma carne quer e precisa saber se aquele alimento saiu de um produtor que respeita a lei ambiental e normas fitossanitárias, ou até mesmo se o produto passou por processos agroindustriais regulamentados.
Nesse ponto, a inteligência artificial pode ser uma tecnologia extremamente útil, já que desempenha um papel significativo na rastreabilidade da proteína animal, ajudando a coletar, analisar e interpretar grandes volumes de dados ao longo da cadeia produtiva. É possível desenvolver sistemas de identificação automatizada como reconhecimento facial ou identificação por radiofrequência (RFID) para acompanhar individualmente os animais ao longo de sua vida.
Saber o comportamento dos animais, sinais vitais, padrões de alimentação e de atividade para identificar possíveis problemas de saúde ou bem-estar é outra possibilidade com a ajuda da tecnologia. Além disso, ela monitora se os animais fizeram uso de medicamentos e as práticas de manejo e transporte, permitindo que essas informações sejam rastreadas e verificadas ao longo da cadeia de suprimentos.
Essa verificação é imprescindível para detectar potenciais riscos à saúde pública, como a presença de antibióticos ou outras substâncias indesejáveis nos produtos de origem animal, bem como identificar a espécie, avaliar a qualidade da carne e detectar qualquer tipo de adulteração ou contaminação.
Certamente, essas informações serão cada vez mais cobradas, já que estamos diante de consumidores exigentes e preocupados com o que consomem. Portanto, se torna o papel do produtor se preocupar com todas as etapas da cadeia produtiva, assegurar que seus produtos passam por práticas adequadas, assim como também ficar de olho em seus fornecedores e parceiros para ter certeza que compartilham das mesmas práticas.
A tecnologia no agro é uma realidade que está mais frequente. As inovações trazidas por diversas ferramentas e até mesmo pela IA estão transformando a forma como a agricultura é realizada, melhorando a eficiência, aumentando a produtividade, reduzindo os impactos ambientais e promovendo a sustentabilidade. Os benefícios são significativos para a indústria alimentar e para os consumidores.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.