Inteligência artificial para ajudar a prever demandas de negócios
Redação, Infra News Telecom
Por Rodrigo Cunha, Sócio da Neurotech, empresa especializada em inteligência artificial para o mercado varejista
A teoria do consumidor na microeconomia se preocupa em entender como são feitas as escolhas de bens para, a partir daí, deduzir a demanda. Na prática, o que se busca é compreender como as pessoas alocam a sua renda para a aquisição de mercadorias e serviços diversos, de acordo com as suas preferências e respeitando a restrição orçamentária para maximizarem a satisfação.
De fundamental importância para que as empresas decidam quanto ofertar e a que preço, a modelagem das escolhas dos consumidores, há até pouco tempo, era limitada por conta dos cálculos complexos envolvidos no processo. Entretanto, com o advento da IA – inteligência artificial, isso mudou. A curva da demanda agora pode ser mais assertiva do que jamais imaginado pelos economistas clássicos e neoclássicos.
Ao levar em consideração outras variáveis que não somente o preço, como renda e tipos de bens demandados, uma empresa pode saber exatamente quanto de sua produção será consumida, que público vai consumir e, o melhor: onde estão aqueles que ainda não conhecem os seus produtos. Além de levar em consideração as variáveis clássicas da microeconomia, a modelagem de IA observa dados como sexo, geolocalização e perfil de compras que, após anonimizados, servem para a formação de perfis de grupos de consumidores, chamados personas.
Com a base dados da própria empresa, é possível entender o histórico de compras de grupos de consumidores. Tais dados são combinados com uma base maior e, por meio do uso de inteligência artificial, eles são transformados em informações que permitem à empresa otimizar vendas e melhorar a rentabilidade dos negócios, seja por meio de campanhas mais assertivas ou até de uma gestão de estoque correta.
Com o uso da IA também é possível encontrar uma função utilidade (relação matemática que associa níveis de utilidade a cestas de mercado individuais) mais completa e que expresse as preferências do consumidor, indicando ainda como persona consome determinados produtos. Assim, em vez de a empresa oferecer todos os produtos para todos os clientes e potenciais, ela passa a direcionar as suas ofertas para quem tem o perfil de compra adequado a um determinado produto. Isso aumenta a assertividade e reduz custos, ao possibilitar um direcionamento a quem realmente se interessará pela oferta. Com menos recursos, se pode aumentar a taxa de conversão.
Deve-se lembrar que a utilidade marginal do consumidor (satisfação adicional obtida do consumo de uma unidade a mais de determinado bem) é decrescente, pois à medida em que se consome mais uma determinada mercadoria, quantidades adicionais terão menor utilidade. A IA, após encontrar e multiplicar o potencial de mercado ao identificar as personas ideais para comprar determinados produtos, deve ser voltada à retenção e rentabilização do cliente. A partir do momento que o consumidor começa a se relacionar com a empresa, pode-se entender o seu comportamento que norteará novas ofertas. É bom para a empresa e para o consumidor final.